Quinta-feira, 2 de abril de 2020 - 11h09
Foi preciso que uma desgraça se abatesse sobre a população
mundial para que dirigentes públicos e autoridades da área da saúde,
principalmente no Estado de Rondônia, percebessem quão deficitário se encontra
o sistema. Não é de agora que os meios de comunicação denunciam os problemas
que asfixiam o setor da saúde em nível estadual e municipal ou anunciam as
formas mágicas encontradas por administradores para melhorar a qualidade dos serviços
que deveriam prestar à população.
A longevidade e a gravidade do problema exigem tratá-lo com
maior atenção e buscar apoio em áreas como o planejamento estratégico dos
governos estadual e municipal. As ações, para o setor da saúde, não podem continuar
sendo pensadas apenas pela perspectiva de um período governamental, como se
tratasse de uma fase de experimentação. Essa etapa já deveria ter sido
superada.
O Estado e o Município, com efeito, não podem abdicar de uma
de suas maiores responsabilidades, qual seja a de proporcionar um sistema de
saúde efetivo para a população, que já enfrenta no dia a dia uma série de
dificuldades, próprias do Brasil de hoje, e que não pode ficar ao desamparo.
Um governo que, ao lado de sua capacidade de arrecadação de
impostos, não consegue viabilizar instrumentos de bem-estar social,
preferencialmente, a custo zero para os cidadãos, não é digno desse nome. Muito
dinheiro da saúde tem sido canalizado pelo ralo, seja pela incompetência de
uns, seja pela desonestidade outros. Ainda está na memória do povo o escândalo
da máfia das ambulâncias. O resultado disso é a falência do serviço público em
todos os seus matizes, sendo que na saúde a ferida é exposta.
Só no momento de crise como essa que o mundo atravessa é que
os profissionais da saúde são reconhecidos e o setor é valorizado. Antes não
tinha dinheiro nem para comprar um esparadrapo. Agora há. E muito. Até para
construir hospitais e contratar pessoal. O Brasil é, realmente, um país de contrastes.
Oxalá as nossas autoridades aprendam, com a pandemia do coronavirus, que saúde
é coisa séria, com a qual se não pode brincar.
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Formei-me em 1958 em Direito na FDUSP e desde o início da década de 60,quando cinco dos atuais Ministros ainda não tinham nascido, atuo perante a Su