Segunda-feira, 13 de maio de 2024 - 14h15
Há alguém que dependa única e exclusivamente de si?
"Ah, sim, 'eu sou o cara, faço e aconteço, sou uma pessoa
independente'". Quem pensa assim, apenas acha que é independente, mas não
é. O homem é um ser que estabelece relações, por exemplo: quando compramos um
pãozinho na padaria, há um atendente, mas antes o padeiro preparou a massa e
colocou no forno para assar, antes ainda o motorista levou aquela farinha até o
mercado. E antes alguém que colheu o trigo, antes ainda outro que plantou. Uau!
Quanta gente envolvida!
Pois é, somos dependentes uns dos outros. Não nascemos por
nós mesmos e, durante a vida, precisamos de educadores, formadores, médicos,
bem como ao morrermos precisaremos também de alguém para fazer o enterro, um
jazigo. Tudo isso para dizer que precisamos uns dos outros! O que temos visto e
ouvido sobre a região Sul do Brasil é muito triste, como não nos comovermos?
Não é possível ficarmos alheios a um povo que tem sofrido há dias, sendo que
ainda estavam se recuperando das inundações do ano passado.
Bom, ainda bem que, por outro lado, há um grande movimento
de solidariedade. Ao assistir alguns noticiários, ler e ouvir informações
divulgadas pelos Meios de Comunicação, tenho constatado que a solidariedade foi
despertada no coração das pessoas. Igrejas, ONGs, homens e mulheres de boa
vontade "arregaçaram as mangas" para ajudar nossos irmãos sulistas,
são ajudas humanitárias inclusive de além-Brasil. Sim, não há muros, barreiras
para a solidariedade, aliás, acredito que muros e barreiras de muitos corações
e mentes caíram também com as fortes águas.
As imagens e histórias são impressionantes. Ouvi uma pessoa
que tinha um pequeno barco que salvava um certo número de pessoas, e lamentava
por não poder fazer mais. Ora, irmão, obrigado porque seu "pouco"
pode até expressar pouco em números, mas sua atitude é grande, é generosa! Não
lamente as pessoas que não salvou, mas alegre-se pelo que pôde fazer.
Sim, querido leitor, se você pode ajudar mais, ajude, se
você pode ajudar menos, ajude, o importante não são os números, mas que seja de
coração e o que está ao seu alcance. O importante é envolver-se de alguma
forma. Há um grande número de bombeiros, policiais, médicos, socorristas e há
muita gente realizando doações de roupas, materiais de limpeza e higiene. Há
ainda milhares, milhões, que se solidarizam através de orações e de forma
financeira.
Em relação às doações é bom que estejamos atentos, por
incrível que pareça, mas há muitos que estão se beneficiando indevidamente com
as doações, sejam materiais ou financeiras. Verifique se a instituição que pede
ajuda realmente é séria, consulte o site, verifique outras fontes, quais são
seus parceiros, converse com pessoas experientes na área. Enfim, que sua ajuda
seja realmente para pessoas que estão necessitadas.
Tudo o que estamos vivendo deve despertar em cada um de nós
um senso de responsabilidade, e que a sensibilidade solidária permaneça. Cada
um precisa fazer a sua parte, precisamos cuidar uns dos outros e do nosso
planeta, com pequenas e grandes ações. Nosso cuidado deve ser desde um papel
jogado no chão até as grandes indústrias poluentes, todos somos responsáveis.
Lógico, quem pode mais, que tem mais responsabilidade precisa fazer mais.
Nossas autoridades governamentais, tanto líderes quanto
empresários, precisam pensar preventivamente. Com o passar dos anos, temos
visto apenas ações posteriores às catástrofes, que são muito bem-vindas,
contudo, quais são os planos para evitarmos que os desastres aconteçam? Já foi
pensado? Estão pensando? Já se executa algo?
Bom, nossa prece a Deus é para que a tempestade, as
enchentes cessem, e, em algum momento, as enchentes cessarão. Porém ainda se
faz necessário que nossos governantes trabalhem na prevenção. Cuidem do nosso
povo, cuidem da criação!
Estamos num momento de muita solidariedade, todavia, que
não seja somente por este tempo, que a solidariedade continue! Afinal, ainda
sofremos com a falta de solidariedade no mundo, por isso há tanta fome,
violência, corrupção e guerras. Já é hora, ou passou da hora de vivermos num
estado permanente de solidariedade.
Somos todos irmãos e, nessas horas, também vale a pena
lembrar que não somos ou não devemos ser inimigos, ao contrário, que nos unamos
pelo bem comum. Que a solidariedade deixe de ser extraordinária para ser
ordinária em cada dia e momento de nossa vida.
* Padre Marcio Prado é missionário da comunidade Canção
Nova em Cachoeira Paulista (SP).
Instagram: @padremarciocn
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