Quarta-feira, 2 de julho de 2014 - 05h03
Por Humberto Pinho da Silva
Em 1530, ano depois de Frei Bartolomeu dos Mártires haver professado, em Lisboa, nascia, em Ponte da Barca, Frei Tomás, filho bastardo do Morgado de Fonte Arcada.
Ao constatarem que o menino tinha facilidade em aprender, logo o enveredaram para a Religião.
Professou em 1549, como frade dominicano, no convento de S. Domingos, em Lisboa.
No correr dos anos tornou-se pregador famoso. Do púlpito, afoitamente, lançava violentas verrinas, condenando, asperamente, degradados costumes e a desenfreada corrupção que existia na corte.
Os sermões, e o rigor da conduta, como sacerdote, despertaram o interesse da Rainha, que era conhecida por ser extremamente cuidadosa a escolher os diretores espirituais.
Ocupou, então, o cargo que fora de Frei Luís de Granada, antigo confessor da Rainha.
Como confessor de Dona Catarina, tinha livre acesso à corte, e conhecia, perfeitamente, todas as imoralidades dos ilustres fidalgos.
Isso acarretava-lhe agros dissabores, porque os viciosos não gostam de serem chamados à razão.
Certo dia, fidalgo, que fora severamente advertido, colocou na porta do gabinete que o cenobita possuía, no paço, os seguintes dizeres:
Aqui mora Frei Tomás, que bem diz e mal faz.
Frei Tomás não se deu por achado, e escreveu por baixo:
Fazei o que diz, e não façais o que faz.
Criados e restante pessoal da corte viram os dizeres e divulgaram-no.
Foi tal o concurso, que a própria Família Real deslocou-se para ver a espiritualidade do pregador.
Em 1578, Frei Tomás foi eleito Provincial. Nesse ano era Frei Bartolomeu Arcebispo de Braga.
Todavia o Cardeal Dom Henrique, anulou a nomeação, entregando o cargo a Frei António de Sousa.
Razões? Desconheço; mas pode ter sido devido a inimigos de Frei Tomás.
Aqui está a razão, porque é costume dizer-se:
Bem prega Frei Tomás: faz o que ele diz e não o que ele faz.
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