Domingo, 7 de junho de 2015 - 16h44
Bruno Peron
Propostas e acordos bilionários de investimentos da China no Brasil colocam em questionamento a máxima de que a América é para os americanos (como a Doutrina Monroe apregoava). Enquanto isso, o discurso de estadistas brasileiros é ambivalente. No tempo em que produtos chineses são mal vistos em nosso território como precários e baratos a ponto de prejudicar as vendas dos similares nacionais, o dinheiro que investidores chineses prometem ao Brasil enche os olhos de políticos fascinados com cifras elevadas.
A China tem investido na instalação de indústrias, para as quais também envia trabalhadores de seu próprio país, em países da África e da América do Sul. Do ponto de vista estratégico e geopolítico, tais investimentos transnacionais sacodem a base de sustentação da influência estadunidense sobre o mundo e principalmente sobre o continente americano. É curioso que a China substituiu os Estados Unidos há mais de cinco anos como principal parceiro comercial do Brasil e tem-se fortalecido na América do Sul.
Em maio de 2015, a China assinou com o Brasil um plano de investimentos de US$ 53 bilhões em setores diversos da economia, como agropecuária, mineração, siderurgia, transporte ferroviário e tecnologia de informação. Enquanto o Brasil necessita de recursos para melhorar sua infraestrutura, já que gasta quase todo orçamento público para pagar a burocracia e salários de funcionários públicos, a China quer reduzir custos de frete entre um lado e outro do mundo através de um tapete ferroviário interoceânico.
A menina dos olhos da proposta chinesa é aquilo que até hoje não se fez na América do Sul por excesso de corrupção, desavenças políticas e desintegração entre países. Chineses querem construir uma ferrovia que interligue o oceano Atlântico com o Pacífico e cruze o Brasil (desde o Rio de Janeiro até o Acre) e o Peru. Porém, bolivianos rapidamente mostraram seu descontentamento com a escolha do Peru e defenderam que a ferrovia teria um trajeto mais barato e mais curto pela Bolívia. A Bolívia disputa com o Chile uma porção territorial pequena que dê acesso boliviano ao mar. Na América do Sul, um país puxa o tapete do outro e a integração é uma utopia.
Em realidade, os sinais investidores de infraestrutura que a China emitiu em maio de 2015 aumentam a disputa entre os países sul-americanos em vez de provocar sentimentos de cooperação e integração. O caso do Brasil é passível de análise do ponto de vista de assimetrias regionais, já que é um país acusado de “sub-imperialista” e possui desigualdades entre seus estados. A ferrovia que mencionei tem finalidade diferente para os interesses do estado do Rio de Janeiro em comparação com Rondônia e Acre.
A China esclarece alguns de seus interesses na América do Sul, embora haja outros implícitos e nebulosos nessa balança de desigualdades. Nas trocas comerciais entre Brasil e China, brasileiros têm vendido matérias-primas enquanto chineses, produtos industrializados. Está claro que o Brasil não é digno de ser “emergente” nem de pertencimento a BRICS e outras modas financeiras, já que entrega seu minério, sua carne, sua soja e seus trabalhadores baratos a um país asiático insustentável e superpopuloso. O governo brasileiro poderia dar mais incentivo a produtores brasileiros para que transformem estas matérias-primas internamente e industrializem-nas.
De fato, o interesse econômico e geopolítico da China na América do Sul não é de hoje. Desde há alguns anos, já é tão sólido que se expressa no investimento chinês em áreas industriais diversas. Dou os exemplos das montadoras de veículos JAC Motors e Chery, as empresas de equipamentos eletrônicos Foxconn e Huawei, os investimentos financeiros do Banco da China, e a venda de vagões de trens ao transporte público do Rio de Janeiro.
Não é funesto que o Brasil receba investimentos estrangeiros. O problema fundamental é que nosso país abre suas pernas toda vez que um investidor mostra o maço de dinheiro. Não se avalia rigorosamente a contrapartida e as vantagens do Brasil. Por aqui, é pegar ou largar. A competição é grande entre nossos “hermanos” da “Pátria Grande”, que raramente se complementam.
Dentro do Brasil, resta-nos ouvir o ruído dos vagões que passam incessantemente com nossos recursos naturais, como nos tempos coloniais.
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