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CONSELHO DE NOTÁVEIS - Por Evandro Casagrande


Evandro Casagrande*

Antes de assumirem os cargos que hoje ocupam, aqui por estas terras do poente, alguns membros do Poder Executivo falavam que quando isso acontecesse iriam formar um Conselho de Notáveis.CONSELHO DE NOTÁVEIS - Por   Evandro Casagrande - Gente de Opinião

O prometido conselho lhes serviria para otimizar suas ações. Pessoas de reconhecido saber seriam convidadas para compô-lo. Antes de decidir, eles, os ocupantes dos cargos, ouviriam a opinião delas, e o melhor consenso serviria para balizar suas ações. Eu disse: “antes” de ocuparem sua função de mando! Logo após a entronização, todavia, são acometidos de uma amnésia sobre  o assunto. Não se sabe se por receio em ter sua figura opacificada  pelos conselheiros,  por ter de dividir com eles o mérito de suas ações acertadas, por não estarem tão interessados em fazer corretamente o que precisa ser feito, por interesses escusos ou  tão somente por descaso.

Até o presente momento não se viu um único desses conselhos devidamente constituídos. Os chefes, quando muito, preferem ouvir subalternos que, na maioria das vezes, como vaquinhas de presépio, dizem-lhes, subservientes, que sim. Não é por acaso que o erro, que deveria ser a exceção, é a regra que domina essas decisões.

Não precisa ser um gênio para se irritar com tantos desacertos decorrentes da falta de discernimento para decidir corretamente face à limitação de conhecimentos, à má vontade; enfim, de tudo o mais que atravanca o andar da velha carruagem enferrujada.

Os futuros candidatos nas próximas eleições já engendram as promessas velhas para iludir os eleitores, que, bobos como sempre, deixam-se iludir. Promessas que cinicamente são repetidas porque, ano após ano, não são cumpridas.

Lembram da tal meritocracia que seria implantada em Rondônia? Só falácia! A “burrocracia”, essa sim,  continua desfilando serelepe por gabinetes, em detrimento do interesse público. Na verdade, e isso não mudará tão cedo — se é que um dia mudará — porque a coisa funciona na base do toma lá, dá cá, do nepotismo, nas benesses aos apaniguados, e por aí afora. Competência mesmo, que faz bem, é pouco considerada. O que dá raiva é que tem muita gente competente, honesta, idealista, que merece — grupo esse composto, em sua maioria, por servidores de carreira, com larga experiência — fica a ver o navio dos imbecis navegando em águas mansas e degustando os manjares do poder.

Enquanto tudo isso ocorre, aqui e alhures, neste país conduzido por muitos timoneiros desqualificados e desonestos — que ficariam melhor vestidos de piratas, que nos saqueiam sem dó nem piedade —, continuamos a patinar na mesma gosma que nos faz derrapar nas asneiras de sempre. Resultado? Bem, esse não nem precisa dizer.

* Pesquisador da cultura latino-americana

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