Não bastasse o Mensalão, a operação Lava Jato desnudou os casos de corrupção na Petrobras, que afundaram o país na lama de vez. Se ainda existia alguma tolerância com os malfeitos da política, ela se esgotou. O brasileiro não suporta mais conviver com a impunidade. Nos últimos anos, entretanto, dois nomes se ergueram entre a multidão para enfrentar os problemas de perto e tentar, pretensamente, dar vazão à justiça contra os poderosos.
Primeiro veio o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa. O menino pobre que mudou o Brasil. Implacável no julgamento do Mensalão, o jurista ganhou status de herói nacional. Na imprensa, houve quem pedisse a candidatura de Barbosa para a presidência da República. Hoje aposentado, ele escreveu um capítulo importante de nossa história, em que se comprovou que a condenação de José Dirceu e companhia não partiu de um julgamento político. A compra de votos no Legislativo aconteceu, de fato.
Os envolvidos, entretanto, receberam uma pena leve comparada ao tamanho de seus atos. Ainda assim, furou-se aquele jargão brasileiro de que “justiça é para pobre”. Homens bem sucedidos – por meios escusos, é verdade – estão atrás das grades. E ali, alguns deles podem permanecer durante mais tempo que o previsto, como é caso de Dirceu, cujo nome apareceu em novos esquemas da Lava Jato. Nesse contexto, surge o outro ‘super-herói’, o juiz federal Sérgio Moro, que personifica como poucos o espírito das leis. O magistrado foi um grande parceiro da Polícia Federal nas investigações da Petrobras.
A febre Joaquim Barbosa, em razão da aposentadoria do ministro, esmoreceu. Nos últimos protestos não houve quem lembrasse seu nome. Moro, entretanto, foi aplaudido efervescentemente. Manifestantes portavam cartazes de orgulho pela existência de, talvez, um último arauto da justiça. Apesar das críticas que recebe na imprensa, algumas delas respingando em sua índole, Moro tratou do tema de forma transparente, escancarando a ausência de pré-juízos. É claro que os advogados dos indiciados pensam de outra forma.
Nessa imensidão de desmandos em nosso país, o povo se abraça aos poucos que ainda lutam por soluções. Joaquim Barbosa não deixou o histórico com o PT – foi Lula quem o indicou para o STF – embaçar sua consciência. Julgou com atenção nos fatos, diferentemente de alguns colegas de Supremo, que preferiram contemporizar. Moro, por sua vez, está em vias de condenar uma das piores corjas de corruptos que já surgiu no Brasil. Parabéns a eles. Que a coragem dos dois sirva de inspiração para um futuro melhor.
Fonte:
Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.
Porto Alegre – RS