Sábado, 8 de outubro de 2016 - 17h41
Não passa um mês sem uma nova invenção dos especialistas – sempre eles. Podem ser de uma área de atividade profissional, de um campo da ciência, ou seja apenas um profissional da imprensa, com especialidade em determinado assunto.
Quando inventam um novo clichê, este passa a ser a conversa predileta nos botecos, onde os intelectuais costumam tomar suas cervejas. Também nos táxis ou nas palestras sobre qualquer tema, o clichê da moda entra de improviso e toma conta do inconsciente coletivo.
Apesar de se tornar generalizado, são os especialistas da imprensa que exageram na defesa da nova verdade absoluta. Agora, o chavão é a “criminalização” ou “judicialização” da política. Ninguém tem dúvida de que essa onda tem por objetivo livrar os políticos corruptos da cadeia. Mas não é qualquer político. São os dos altos escalões. Prefeitos e vereadores de cidades pequenas nunca foram merecedores de defesa tão enfática.
Passa-se a impressão de que está havendo uma cruzada injusta contra pobres políticos inocentes. Querem passar para a sociedade a ideia de atuação direcionada, sem fatos, sem evidências, sem indícios de malfeitorias.
São fatos como a doação de milhões, mas muitos milhões de reais a candidatos de todos os matizes, com a coincidência de os valores gigantes serem destinados sempre àqueles com chance de vitória. Concomitante, surgem contratos com entre o vencedor e os doares de valores acima dos bilhões. Um pouquinho a mais de mera coincidência e aparecem imagens, anotações de reuniões entre contratado e contratante. Nada demais. Pouco tempo à frente, aparecem mansões reformadas ou construídas por grandes empreiteiras, carrões, iates. Na visão dos defensores, absolutamente normais para servidores assalariados.
Só um exemplo de situações que, investigadas, passam a ser tachadas de “criminalização” ou “judicialização” da política.
Em defesa, apresentam notas à imprensa, menos verídicas do que nota de três reais. A frase “repudia veementemente” já dói nos ouvidos dos brasileiros.
Pela ótica dos defensores dessa tese chinfrim, um genial cidadão pode, em dois, três anos, passar de tosador de animal a superbilionário, sem merecer a atenção das instituições investigativas. Com todo respeito ao honesto cuidador, isso serve apenas de ilustração sobre inusitados e comuns enriquecimentos de políticos nacionais.
Apesar de tudo isso, todo dia ouço que não se pode “criminalizar ou judicializar a política”.
Senhores “especialistas”, com todo o respeito que vocês merecem: é uma pena que o Supremo Tribunal Federal não seja composto por onze ágeis juízes como um famoso que vem sendo caçado por corruptos e melindrados.
Com um pouco mais de celeridade, talvez a tese de Lula sobre os 300 picaretas ficasse na metade.
Por conta dessa ótica em defesa dos inalcançáveis pela Justiça brasileira, nenhum especialista ousou dizer que a “criminalização” ou “judicialização” da política está abaixo da “banditização” quase generalizada em que foi transformada a política nacional.
Pedro Cardoso da Costa
Bacharel em direito
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