Sábado, 30 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

DUAS VITIMAS DA REPÚBLICA PADRE VIEIRA E PADRE AZEVEDO MAIA


 
Por Humberto Pinho da Silva

 

A Primeira República Portuguesa ficou conhecida pela perseguição desenfreada ao clero. Não foram só os padres que sofreram tratos de polé. Pastores Evangélicos foram, igualmente, vítimas do ateísmo republicano.

Todavia, pela dimensão e influência, o alvo preferido do populacho sem escrúpulo, foi a Igreja Católica.

Entre os numerosos padres expatriados, havia o Pª Vieira, da diocese do Algarve, e o Pª Dr. António D’Azevedo Maia, do Porto. O primeiro natural de Portimão; o segundo de Modivas (Vila do Conde).

O Dr. Azevedo Maia era pároco de Santa Marinha (Gaia) e assíduo colaborador do semanário “PAZ”. Sacerdote cultíssimo e excelente orador.

As homilias, profundamente cristãs, não agradavam à raia miúda – nem graúda, – republicana.

Várias vezes foi preso e ameaçado de morte, mas o bom sacerdote, destemido, como era, não deixava de pregar desafogadamente a doutrina de Cristo e o desvario do governo ateu.

Certa vez foi avisada que planeavam matá-lo.

O Dr. Azevedo Maia, temeu. Após muito pensar, resolveu pedir auxílio ao farmacêutico estabelecido na rua Direita (Gaia).

Era o Dr. Américo Augusto Ribeiro Gonçalves, republicano de sete costados, mas honesto e justo. Assentou recolhe-lo em sua casa, já que ninguém pensaria que o padre iria acolher-se a casa de conhecido ateu e republicano.

Decorrido semanas, vestido à civil, o abade, de madrugada, rumou à estação ferroviária da Devesas, com destino a Paris.

Dias depois, a “PAZ”, publicava “ Cartas do Exílio”, assinadas pelo famoso Dr. Azevedo Maia.

Sorte pior teve o Pª Vieira, pároco de Loulé. A Carbonária (organização secreta republicana) não deixava de rondar-lhe a casa, no intuito de prende-lo ou matá-lo, como já fizera a muitos sacerdotes menos influentes.

Resolveu fugir de barco para Espanha, e daí para o Brasil, onde foi recebido, com carinho, pela colónia portuguesa do Rio.

Partiu, depois, no vapor Cordiliere, para a Baia, em Setembro de 1912, ao encontro de jesuítas amigos.

O Arcebispo de S. Salvador, depois de verificar as referencias, colocou-o na Ilha de Itaparica, onde se tornou conhecido pelas excelentes práticas que proferia.

Entretanto, regressa a S. Salvador, para paroquiar. O clero brasileiro não gostou que estrangeiro fosse colocado na Capital. Temiam, certamente, serem ofuscados pela inteligência e dinamismo do sacerdote.

Num desabafo o Pª Vieira disse: “ A Santa Igreja, penso e sempre assim pensei, não tem fronteiras e dentro dela não deve haver estrangeiros.”

A frontalidade, levou-o a ser expulso da Arquidiocese.

Exilado, sem dinheiro, valeu-lhe patrício, que lhe ofereceu meios para levar vida decente, fora da Igreja.

Mas Pª Vieira não queria deixar o sacerdócio. Recebendo chamado do Bispo da Barra do Rio Grande, para paroquiar Barreiras, aceitou.

Tanto amou Barreiras que se entregou de alma e coração ao seu povo, não só evangelizando, mas erguendo estruturas para que a Igreja pudesse crescer: como a construção da Matriz de São João Batista, em Maio de 1921, e a criação de Centros de Apostolado.

Colaborou, como pioneiro, na educação do povo, participando na abertura do Aprendizado Agrícola de Barreiras e no Ginásio Padre Vieira.

Durante dez anos paroquiou Barreiras, entregando-se de tal modo à cidade que embora gostasse da sua Pátria e da terra onde nascera, considerava-se como se filho fosse de Barreiras, tanto amor dedicara à encantadora povoação baiana e à sua gente.

Gente de OpiniãoSábado, 30 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

O governo do presidente Lula

O governo do presidente Lula

Ex-metalúrgico, Luiz Inácio Lula da Silva caminha para fechar seu terceiro mandato como presidente do Brasil. É um político respeito nos fóruns inte

A concessão de abono natalino a servidores públicos

A concessão de abono natalino a servidores públicos

Pessoalmente, não vejo nenhum problema no pagamento de abono natalino a servidores públicos, desde que seja autorizado por uma lei, apesar de muita

25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril

25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril

A narrativa do 25 de Abril tem sido, intencionalmente, uma história não só mal contada, mas sobretudo falsificada e por isso também não tem havido

Punhal verde amarelo

Punhal verde amarelo

Tive acesso, sábado, dia 16 de novembro, a uma cópia do relatório da Polícia Federal,  enviado pela Diretoria de Inteligência Policial da Coordenaçã

Gente de Opinião Sábado, 30 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)