Quinta-feira, 8 de maio de 2014 - 05h50
Por Arthur Quintela (*)
Bom dia/Boa tarde/Boa Noite, gente amiga e querida.
Tenho escrito pouco a respeito da grande cheia do Rio Madeira. Tenho meus motivos. São muitas especulações e muitas novidades (algumas já esperadas no campo político) que nos têm chegado ultimamente.
Não sou alarmista. Nunca me prendi a notícias infundadas. Portanto, não viria aqui escrever sobre alguma coisa que provocasse alarme sem ter a certeza absoluta da verdade.
Muito bem. Alguma coisa já é verdadeira, como o caso do "Auxilio Moradia", prometido e nunca cumprido.
Não consigo entender, verdadeiramente, como alguns políticos são tão descarados a ponto de prometerem aquilo que sabem de antemão que não irão cumprir.
No meu caso, pessoalmente - que deve ser apenas um entre tantos - pelo menos tive a certeza inicial de que não receberia ajuda do tipo cesta básica, cobertores, colchões... coisas desse tipo, já que não estava em abrigo e sim "alojado" em casa de parentes. Foram claríssimos nesse ponto a ponto de constranger. Mas, tudo bem. Superado!
Entretanto o caso do auxílio moradia era prometido repetidamente, embora alegassem que somente sairia após os cadastros terem sido lançados no "sistema", integralmente.
Agora a notícia foi que não tinha chegado a tal "verba", antes alardeada como já recebida e disponível.
Deixando essa parte de lado, o segundo assunto seria a moradia desocupada durante a cheia.
Já postei aqui algumas fotos. Estamos, ainda, em fase de limpeza. A quantidade de lama retirada - apenas de minha casa - daria para encher dois caminhões. Lixo. Muito lixo! A parte do muro que desabou, juntamente com o portão da garagem totalmente arrebentado, permitiram que entrasse muito lixo que flutuava nas águas poluídas. E foi necessário paciência, coragem e determinação para não parar um dia sequer os trabalhos.
Agora, quanto à recuperação das partes danificadas, isso demanda tempo. Tempo, dinheiro e trabalho, muito trabalho, ainda.
Ontem, em conversa com uma agente da Defesa Civil foi-me adiantado que os imóveis da minha área apenas serão liberados com o devido "Habite-se" a partir de setembro. Antes disso, nem pensar. As pessoas que quiserem ocupar seus imóveis antes não terão apoio das autoridades sanitárias ou da Defesa Civil.
Antes de pensar nisso, é bom deixar claro que a Defesa Civil atuou apenas na interdição dos imóveis e ajudou na mudança dos móveis salvos das águas. Nada mais. No que concerne aos abrigados, foi um trabalho conjunto da Defesa Civil e Secretaria de Ação Social do Município. Para nossa quadra - totalmente interditada - apenas os que seguiram para os abrigos em colégios e escolas tiveram suprimento alimentar. No mais... necas de pitibiribas.
Agora, por fim, chega-me a informação de fonte fidedigna de que as autoridades foram relapsas no início dessa situação. Sabiam de antemão - desde 2007 - tudo a respeito da cheia de 2014, considerada cíclica (ciclo dos 50 anos), que ocorre a cada 56/57 anos aproximadamente. Sabiam exatamente quando iria ocorrer e os estragos que provocaria. havia um EIA (estudo de impactos ambientais) do Ibama que tratava especificamente desse tema e foi desprezado pelas autoridades e consórcio construtor.
A panaceia provocada pelas palavras de um engenheiro da Usina Santo Antonio - chamando aqueles que teimavam na tese da culpa das usinas pela tragédia - mostra como são tratadas as populações que vivem à beira desses empreendimentos. Chamou-nos de bobos, crentes em lendas.
Entretanto, o estudo demonstrou que iria acontecer. E a providência, lógica, seria evacuar a região em dezembro. Mais, ainda. O reservatório deveria ser esvaziado durante a última vazante. Mantidas desligadas as turbinas. Mas isso era impensável pelos mentores do Consórcio. A energia gerada já estava rendendo divisas. Então deixou-se a tragédia ocorrer.
O pior de tudo, entretanto, é que ainda tem mais. Existem estudos sobre os fenômenos cíclicos, realizados pelo Ibama e pelo Ministério do Meio Ambiente - que tinha à frente Marina Silva, ferrenha opositora da construção das usinas - que apontam para a maior de todas as cheias, já em 2015. Chamada "Cheia do Ciclo Decamilenar, ocorre a cada 10 mil anos e a previsão é para 2015. Ou seja, retornamos em setembro para nossas casa e partimos, novamente, em dezembro.
Querem saber por que chamo de "pior"? Porque o mesmo estudo que será 80% superior à atual. Ou seja, o nível do Rio Madeira chegará a 36 metros.
Como frisei no início. Não sou alarmista. Não consegui confirmar essa previsão. E poderia ser apenas uma "profecia". Mas a fonte é fidedigna e lembrou-me que Marina foi exonerada do Ministério por sua postura. Da mesma forma, foi criado o Instituto Chico Mendes, que tirou do Ibama algumas atribuições e passou a realizar estudos diferentes (politicamente), liberando obras irregulares.
Do meu ponto de vista - pessoal, exclusivamente - houve, sim, descaso das autoridades e técnicos do consórcio. O que perdi foi construido durante décadas. E, se nunca culpei as usinas pela grande cheia, não posso dizer o mesmo em relação às providências que deveriam ter sido tomadas e que reduziriam sensivelmente o impacto causado à população.
Hoje, creio que os três bairros - Areal, Cai n'Água e Baixa da União estão severamente comprometidos. Tanto do ponto de vista das cheias quanto do impacto causado pela Usina Santo Antonio, onde um dos vertedouros lança diretamente sobre aquela região de Porto Velho. Ou seja... é coisa de tempo apenas, para os três bairros desaparecerem. E com eles, minha casa, minha história, minha vida.
É isso.
(*) O autor é músico compositor
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