Contribuir para financiar parte das despesas da administração, a fim de garantir o desenvolvimento do país. Levando a frase ao pé da letra, não há cidadão brasileiro que discorde do pagamento de impostos – federais, estaduais ou municipais. Entretanto, a relação do contribuinte com as cobranças do governo não acontece com tamanha naturalidade. O descompasso entre investimento e reinvestimento gera graves ruídos.
É de se supor que o dinheiro dos impostos conste no orçamento dos serviços públicos essenciais: saúde, segurança, educação, etc. Os jornais contradizem essa suposição. Culpa da imprensa? Ela faz seu trabalho. Às vezes sensacionalista, é verdade, mas faz. Cumpre aos veículos de comunicação replicar o caso, por exemplo, de um assaltante que matou um casal de namorados para roubar dois insípidos celulares. Antes do crime, outro crime: não havia escolas na cidade onde o meliante morava. Os impostos para a educação... onde foram parar?
Para onde vai meu imposto? Não sei. Pretendo saber. No momento, quero refletir a respeito do custo-benefício oferecido por quem gerencia a minha contribuição e a de meus compatriotas. Olho para o Brasil e vejo mazelas permanentes. Contrastes sociais que segregam as pessoas em vez de equalizá-las. Vejo também muitos problemas de infraestrutura. Pacientes sofrem com a demora no atendimento nas emergências. A segurança pública não garante a integridade do contribuinte. Culpa dos impostos que não chegaram a quem deveriam? Ou foram mal utilizados?
Como se não bastasse a indigesta carga tributária do sistema brasileiro, o governo, incitado pelo déficit de R$ 30,5 bilhões previsto para o ano que vem, pretende atestar, novamente, a sua incompetência. O aumento de impostos está na pauta. Nesse momento, a Fazenda decide em qual bolso atacar. O comércio de celulares, tablets e produtos do gênero já está condenado ao açoite. Mas há um rombo bilionário a cobrir em 2016. Qual setor será a próxima vítima?
A despeito de querelas sociais, o princípio de contribuir se assenta na busca de um futuro digno, isto é, ajudar a nação a prosperar. Ao governo, cabe transparência e honestidade com dinheiro público, pois somente o trabalhador sabe o custo de seu esforço diário para perseverar. Vamos torcer que essa política de aumento nos tributos seja passageira e dure até o país respirar novamente. Eu ainda acredito no Brasil. Meu imposto, a saber, alimenta a esperança de que, um dia, a situação caótica que vivemos vai ter fim.
Fonte: Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.
Porto Alegre – RS