Quinta-feira, 21 de abril de 2016 - 10h47
Professor Nazareno*
O processo de impeachment ou golpe parlamentar que o PT, Partido dos Trabalhadores, e a presidente eleita do Brasil sofreram no dia 17 de abril último serviu, dentre outras coisas, para que os brasileiros comuns passassem a se interessar mais pela política, “a mais importante dentre todas as ciências” segundo o filósofo Aristóteles. Mas só por enquanto, infelizmente. Se a comoção que arrebatou milhões de cidadãos continuasse, certamente este não seria o último encontro dos deputados federais, mas o primeiro de uma enorme série para limpar o Brasil do mal da corrupção e da roubalheira que se entranhou em todos os setores da vida nacional. Se assim não for e as coisas esfriarem, fica então caracterizado que o objetivo das forças reacionárias era tão somente tirar a Dilma e o PT do poder, assim se caracterizando como um golpe mesmo.
Difícil pensar diferente: a maioria dos deputados que votou favoravelmente à saída da presidente está envolvida em corrupção e toda sorte de delitos. O deputado Eduardo Cunha, que comandou todo o rito, encabeça a lista de corruptos, já responde a vários processos no STF e pode até não sair: já há deputados falando que “o excelente trabalho” capitaneado por ele o credencia para ser anistiado naquela casa de leis. Sai Dilma e o PT, entra Michel Temer, Cunha, o PMDB, o PSDB e mais uma infinidade de pequenos partidos que deram apoio ao golpe. Segundo Ciro Gomes, ex-governador do Ceará, “se o impeachment passasse, uma coalizão de bandidos assumiria o poder no Brasil”. Dilma e a sua turma tinham mesmo que sair, não havia a menor dúvida, mas o pior de toda essa bandalheira é “ter trocado seis por meia dúzia” e voltarmos ao zero.
O desgoverno do PT arruinou o Brasil, é verdade. Mas os novos mandatários do país não farão jorrar mel e leite das ruas. O país agora na era Temer e Cunha não será certamente um paraíso com coelhinhos saltitantes e borboletas azuis nem terá a panaceia milagreira que resolverá todos os nossos problemas. E quem se vestiu com as cores da seleção nacional de futebol e foi às ruas apoiar a derrubada da presidente eleita pode ter que ficar com o MICO: participou e deu apoio, junto com muitos políticos ladrões e desonestos, a um golpe arquitetado só para anistiar corruptos, canalhas e bandidos. O nível vergonhoso e deprimente dos debates entre os “representantes do povo brasileiro” indica claramente que a farra com o dinheiro público vai continuar. E agora com menos punição ainda. Mas “ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”, tudo é valido.
O dia 17 de abril de 2016 pode entrar para a nossa História como o 31 de março de 1964 só que agora com o apoio e a aceitação de risonhos jovens vestidos de verde e amarelo. Aliás, adoradores da ditadura militar e de notórios torturadores não faltaram ao triste espetáculo. Jair Bolsonaro, deputado ultradireitista e um dos apoiadores daquela indecência golpista, dobrou suas intenções de votos para as próximas eleições presidenciais. A bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia) angariou mais simpatizantes pelo país. Durante o espetáculo da direita, não faltaram loas e elogios a militares torturadores como o coronel Brilhante Ustra. Passada a festa conservadora, resta saber se a Operação Lava Jato continuará com a mesma disposição de antes para colocar ladrões do dinheiro público atrás das grades. Quando “Deus, torturadores e parentes de deputados” derrubam uma presidente é sinal de que muita coisa ainda tem que mudar na política.
*É Professor em Porto Velho.
Resignando, resistindo e mantidos pela fé
Que a luz nos guie pelos vales por onde, por vezes Deus Pai todo poderoso nos permite transitar para sufocar os nossos egos e vaidades, para algum d
Água, esgoto e Reforma Tributária
A Baixada Santista, no litoral Paulista, viveu um surto de virose neste final de ano com milhares de moradores e turistas infectados. Os casos se ag
Dando as caras: Sérgio Gonçalves põe o carro na rua e inaugura a corrida eleitoral de 2026
Sabe a história do patinho feio? Enfrentava muitas dificuldades, sendo constantemente excluído, por um breve período Sérgio Gonçalves (União Brasil)
Elon Musk desafia e inova a tradicional cultura do discurso político
Resumo dos principais Temas do Diálogo transmitido no X Spaces A Iniciativa do bilionário Elon Musk convidar a política alemã Alice Weidel para um