Sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012 - 08h03
João Serra Cipriano
Passado às euforias das obras das usinas do rio madeira a economia rondoniense, principalmente a da nossa capital Porto Velho começa a sentir a falta de uma cadeia produtiva ligada ao setor de transformação, seja ligado ao agronegócio ou outra matriz defendido ainda em 2008 por esse articulista e também por outros especialistas, que seria a vinda do pólo petroquímico, novo distrito industrial portuário e o gasoduto vindo lá da Província Petrolífera de Urucu.
Infelizmente o setor industrial e agroindustrial do Estado sempre caminhou por momentos “de vontades políticas” e nunca pode contar com uma política permanente e dentro de diretrizes consolidas, apesar dos avanços focados pelo CONDER. Tanto é verdade, que apesar dos recursos destinados pela SUFRAMA via Caixa Econômica Federal, algo em torno de R$ 5 milhões de reais, e o atual distrito Industrial de Porto Velho não foi terminado, as ruas e avenidas não foram concluídas, isso, em oito anos do ex-governo e já caminhamos para o segundo ano do atual.
Se focarmos os atuais lançamentos imobiliários em andamento na Capital e os resultados práticos das Usinas do Madeira, logo em 2013, não querendo ser pessimista, mas preocupado com o destino da geração de emprego e renda, vai faltar base econômica para gerar novos investidores e a tendência natural é vivenciarmos picos de crises gravíssimas no comercio e voltarmos a ter uma economia só dos contracheques dos servidores. “Olha que se a atual classe política rondoniense e da base aliada do governo federal, lá no Congresso Nacional não acordar para o futuro de Rondônia, vamos voltar conviver a partir de 2014 com a falta de dinheiro novo para cobrir folha de pagamento dos servidores e até o custeio da máquina administrativa”.
Acredito que o atual declínio da política industrial do Estado tem os seus reflexos em razão da falta de gestão pessoal e o desmantelamento da equipe de técnicos, isso, porque não temos na estrutura de pessoal permanente pessoal qualificado e de carreira, com salários compatíveis com as demandas do setor e a política sempre esteve refém das vontades pessoais dos gestores da pasta governamental. Olha que a estrutura já trocou de nome umas 5 vezes nos últimos 10 anos. Cada governador quer dar nome próprio ao setor e acaba trazendo pessoas alheias às linguagens do setor produtivo, levando até dois anos para o novo gestor pegar o jeito e quando começa a engatinhar no setor, pede para sair para disputar cargos ou é levado a pegar a sua viola da incompetência e voltar para casa, deixando o setor industrial cada vez mais fragilizado.
Confesso que o problema não é exclusivamente do atual governo, pois já estive a frente da gerência Industrial e agro-industrial do Estado e sei que implantar uma nova indústria demanda muito tempo e acima de tudo, contar com matérias primas ou mercado consumidor. Porém, para o cidadão ou cidadã que percorre ruas com o seu curriculum em busca de uma nova oportunidade de emprego e renda, nesse sol escaldante da Amazônia Legal, não quer saber dos entraves e banalidades partidárias e politiqueiras na pasta responsável pela gestão industrial do Estado. O momento é mais que delicado e cabe urgente reflexão do governante eleito e a bancada federal, que prometeram antes das urnas, pleno desenvolvimento.
O certo é que o tempo passou ou melhor, o bonde do progresso atravessou Rondônia numa velocidade maior que a capacidade ou vontade dos nossos políticos, seja a frente do Estado, a frente do Município (Capital Porto Velho) e dos parlamentares que formam a nossa representação lá no Congresso Nacional. (Senadores e Deputados Federais). Estive nos últimos 40 dias em uma “Expedição pelo Nordeste Brasileiro” e visitei os Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, parte do Piauí e Ceará, onde pude vivenciar a forma operante e bairrista que as bancadas nordestinas agem em favor de garantir o desenvolvimento regional, grandes obras de infra-estruturas para os seus Estados, que, aliás, já ultrapassa os investimentos do Centro Oeste e Norte em vários bilhões de reais.
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