Sábado, 19 de agosto de 2017 - 10h22
Por Paulo Moreira Leite e Marco Damiani - Um dos mais ativos criminalistas do país -- possui 18 clientes apenas na Lava Jato -- Antonio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, tem uma visão dura sobre a sentença de 9 anos e meio do juiz Sérgio Moro contra o ex-presidente Lula.
Em entrevista à TV 247, Kakay afirma que o interrogatório do ex-presidente em Curitiba mostra que o juiz assumiu "claramente uma postura não parcial" em relação ao réu.
Analisando a manifestação de Sérgio Moro sobre o imóvel do Guarujá, onde o juiz admitiu que o apartamento "não tinha nenhuma relação com a Petrobras", ele "tornou o processo nulo", analisa o advogado. Isso porque falta a "conexão necessária" para condenar Lula em uma investigação cujo fulcro encontra-se em denúncias de corrupção na maior estatal brasileira.
Na entrevista, Kakay admite que a Lava Jato realiza uma investigação necessária contra a corrupção no país, mas denuncia seus excessos. Também elogia o esforço de Lula para dar autonomia à Polícia Federal e ao Ministério Público, lembrando passagens do governo Fernando Henrique Cardoso que demonstram a influência política sobre investigações que ameaçavam figurões ligados ao governo.
Mesmo sendo um adversário doutrinário das delações premiadas, pois considera que elas implicam na renúncia da mais importante garantia de todo Estado Direito, que é o direito de defesa, Kakay até admite que possam ser utilizadas, em situações previstas em lei. O problema na Lava Jato, denuncia, é que agora temos deleção com direito a "recall". Ele explica: quando é pego "na mentira (o delator) volta atrás e não perde o benefício".
Às vésperas de completar 60 anos, Kakay fez parte da geração que lutou contra o regime militar e agora se diz perplexo com a postura de uma grande parcela da juventude que tem ido às ruas em tempos recentes. "Minha geração saía às ruas para pedir mais liberdade. A geração atual muitas vezes sai às ruas para pedir mais prisões".
Assista à íntegra:
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