Domingo, 11 de novembro de 2012 - 11h30
Depois de quase três meses de matança deliberada de agentes de segurança no estado de São Paulo, e de atingir estarrecedoras mais de cem mortes, das quais 90 foram policiais militares, as autoridades estaduais e federais resolveram fazer uma reunião para colocarem em prática algumas ações com vista a conter o presente massacre.
Todas as soluções apresentadas já deveriam estar em prática. Os bloqueios nas rodovias, a ampliação de fiscalização em postos e aeroportos, a integração dos setores de inteligência de todas as polícias, a transferência de presos para presídios federais de segurança máxima poderiam já estar em curso regularmente, sem necessidade de uma matança para sua implementação. Mas as autoridades sempre camuflam a verdadeira verdade. E ela não é nenhuma das versões apresentadas.
Além de óbvias, elas denotam apenas mais uma pirotecnia verbal, que não trará nenhum efeito prático, exatamente por ficarem no campo das abstrações. Nada foi definido no que consiste a integração dos órgãos de inteligência das várias polícias. Integrar o quê? As autoridades deveriam ser inquiridas a responder por que não integraram antes. Se essa medida evitará assassinatos de policiais daqui por diante, precisaria ser explicado por que ela não seria eficaz antes das mais de cem mortes.
Somente após a avalanche de vidas ceifadas, o ministro da Justiça se deu conta de que seria vital asfixiar o poder econômico para desarticular as organizações criminosas. E aí se cria mais uma Agência, outro modismo da Era Privatizante do tucanato, tão somente mais um órgão burocrático, que só beneficiará os ocupantes das funções comissionadas.
Talvez a transferência dos denominados chefões do crime organizado para presídios federais de segurança máxima venha ser a única medida efetivada. Ela evidencia, em primeiro lugar, a omissão em ter mantido esses presos coordenando os ataques por tanto tempo. De novo, as autoridades deveriam ser inquiridas a responder porque eles não foram antes.
Há uma descrença generalizada da sociedade nesse tipo de ação por serem repetidas sempre depois que o crime organizado impõe sua força e escancara a fragilidade do Estado.
Para se te uma ideia, na gestão de Fernando Henrique Cardoso a onda era lançar “pacote de segurança”. Inclusive, à época, o ministro Márcio Thomaz Bastos prometera a construção de vários presídios federais, porém entregou apenas um ao final dos dois mandatos de Lula que, ao deixar o governo, fez mea-culpa quanto ao fraco desempenho frente à violência.
São quase cem policiais militares mortos só neste ano de 2012 apenas no estado de São Paulo. E ainda estamos no mês de novembro. Esse número de PMs reunidos vivos causaria impacto em qualquer um, perfilados em corpos petrificados seria pavoroso, tenebroso.
Realizar blitzes, em locais diversos, traria resultados melhores do que todas essas mencionadas. A omissão de uma política permanente de segurança reforça a famosa suposição dominante na sociedade de que há acordos camaradas entre Estado e bandidagem, ainda que tácitos.
Não deram nenhum prognóstico de quando virão os resultados. Não sabem nem acreditam que haverá algum, por serem medidas fictícias, de puro marketing, lançadas para a plateia. Em razão da ausência de policiais nas ruas, é inevitável a recorrente semelhança entre Jesus Cristo e a Polícia Militar de São Paulo: mesmo que nunca sejam vistos, ninguém tem dúvida de que existem.
Fonte: Pedro Cardoso da Costa
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