Domingo, 4 de março de 2012 - 08h50
Por Carlos Chagas
Deu no quê, a tolerância da presidente Dilma diante da pressão dos pequenos partidos de sua base parlamentar, entregando cada vez mais carne às feras em termos de ministérios, nomeações e espaços fisiológicos?
Agindo assim com o PR, o PDT, o PP, o PSB e um monte de pequenas siglas que a gente nem decora as letras, a chefe do governo assiste agora a revolta chegar ao PMDB. São os pupilos de Michel Temer que deixam de lado o pudor e assinam manifesto protestando contra o tratamento recebido, em especial comparado com o devido ao PT. Reclamam de um diálogo para eles desigual e injusto, acentuando disporem de ministérios sem importância. Parece desejarem, mesmo, ministérios com polpudas verbas orçamentárias para obras e serviços. Nem adianta perguntar porque.
Na noite de quinta-feira, quando o texto foi eletronicamente encaminhado ao palácio do Planalto, já contava com 45 assinaturas, da bancada de 76 na Câmara Federal. Neste fim de semana e amanhã, serão quase todos. E com aval do vice-presidente da República, para não falar da liderança do líder Henrique Eduardo Alves.
No fundo dessa rebelião, como fator imediato que determinou o manifesto, estão as eleições para a prefeitura de São Paulo. O PMDB não engoliu a iniciativa da presidente Dilma de abrir espaço no ministério para o partido do senador Marcelo Crivela, só porque seus poucos integrantes ameaçavam apoiar a candidatura de José Serra. Como na mesma situação encontram-se o PR e o PDT, espera-se para logo depois da volta da presidente de sua viagem à Alemanha a devolução dos ministérios dos Transportes à cúpula do PR e do Trabalho aos caciques do PDT. Ficará reforçada a candidatura de Fernando Haddad, do PT, bem como enfraquecidas as chances de Gabriel Chalita, do PMDB.
Assim, como fica o PMDB nacional? Vendo navios, sendo desprestigiado e seguindo a reboque do PT, dizem os líderes do outrora maior partido nacional. Sentindo fracas as estruturas do governo, decidiram partir também para ameaças e exigências.
Dilma está colhendo os efeitos de não ter reagido logo no início de seu governo. Porque contemplar partidos aliados com representação no ministério é uma coisa. Ceder a ultimatos, outra bem diferente. O resultado parece um ministério em boa parte servindo de feudo para grupos interessados em fortalecer-se, para não admitir coisa pior, e um governo que poderia ter realizado muito mais.
O DRAMA DOS VICES
Nos tempos modernos, tem-se alternado o relacionamento dos presidentes com seus vices. Getúlio Vargas foi traído por Café Filho. Juscelino Kubitschek compôs-se com João Goulart, que acabou servindo de anteparo para a tentativa malograda de Jânio Quadros tornar-se ditador. Castello Branco nem viajou ao exterior para não passar o governo a José Maria Alckmin, mas Costa e Silva, usurpado na chefia do governo, nada pode fazer para evitar a prisão de Pedro Aleixo por uma Junta Militar. Garrastazu Médici e Augusto Rademaker davam-se bem na disputa para saber qual o mais radical. Ernesto Geisel não deu bola para Adalberto Pereira dos Santos e João Figueiredo acabou batendo de frente com Aureliano Chaves. Tancredo Neves não teve tempo para isolar José Sarney, e Fernando Collor sofreu com Itamar Franco no seu calcanhar. Já Fernando Henrique e Marco Maciel deram-se bem, tanto quando o Lula com José Alencar.
E agora, Michel Temer enquadra-se em que modelo, em seu diálogo com Dilma Rousseff? Quem quiser que opine, pois a equação ainda permanece inconclusa...
MULTIPLICAÇÃO DE ASSINATURAS
Até o meio da semana eram 96 assinaturas de militares da reserva protestando contra a Comissão da Verdade e, dizem eles, a possibilidade de a Lei da Anistia ser revogada. O bolo aumentou. Os 13 generais são agora 39. No total, mais de 300 signatários. É bobagem presumir que o pessoal do serviço ativo permanece alheio, sem considerar a ação de seus colegas mais velhos. Formam uma unidade só.
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