Domingo, 16 de março de 2025 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

Na rebelião do PMDB, a eleição paulistana


 
Por Carlos Chagas

Deu no quê, a tolerância da presidente Dilma diante da pressão dos pequenos partidos de sua base parlamentar, entregando cada vez mais carne às feras em termos de ministérios, nomeações e espaços fisiológicos?

Agindo assim com o PR, o PDT, o PP, o PSB e um monte de pequenas siglas que a gente nem decora as letras, a chefe do governo assiste agora a revolta chegar ao PMDB. São os pupilos de Michel Temer que deixam de lado o pudor e assinam manifesto protestando contra o tratamento recebido, em especial comparado com o devido ao PT. Reclamam de um diálogo para eles desigual e injusto, acentuando disporem de ministérios sem importância. Parece desejarem, mesmo, ministérios com polpudas verbas orçamentárias para obras e serviços. Nem adianta perguntar porque.

Na noite de quinta-feira, quando o texto foi eletronicamente encaminhado ao palácio do Planalto, já contava com 45 assinaturas, da bancada de 76 na Câmara Federal. Neste fim de semana e amanhã, serão quase todos. E com aval do vice-presidente da República, para não falar da liderança do líder Henrique Eduardo Alves.

No fundo dessa rebelião, como fator imediato que determinou o manifesto, estão as eleições para a prefeitura de São Paulo. O PMDB não engoliu a iniciativa da presidente Dilma de abrir espaço no ministério para o partido do senador Marcelo Crivela, só porque seus poucos integrantes ameaçavam apoiar a candidatura de José Serra. Como na mesma situação encontram-se o PR e o PDT, espera-se para logo depois da volta da presidente de sua viagem à Alemanha a devolução dos ministérios dos Transportes à cúpula do PR e do Trabalho aos caciques do PDT. Ficará reforçada a candidatura de Fernando Haddad, do PT, bem como enfraquecidas as chances de Gabriel Chalita, do PMDB.

Assim, como fica o PMDB nacional? Vendo navios, sendo desprestigiado e seguindo a reboque do PT, dizem os líderes do outrora maior partido nacional. Sentindo fracas as estruturas do governo, decidiram partir também para ameaças e exigências.

Dilma está colhendo os efeitos de não ter reagido logo no início de seu governo. Porque contemplar partidos aliados com representação no ministério é uma coisa. Ceder a ultimatos, outra bem diferente. O resultado parece um ministério em boa parte servindo de feudo para grupos interessados em fortalecer-se, para não admitir coisa pior, e um governo que poderia ter realizado muito mais.
 

O DRAMA DOS VICES

Nos tempos modernos, tem-se alternado o relacionamento dos presidentes com seus vices. Getúlio Vargas foi traído por Café Filho. Juscelino Kubitschek compôs-se com João Goulart, que acabou servindo de anteparo para a tentativa malograda de Jânio Quadros tornar-se ditador. Castello Branco nem viajou ao exterior para não passar o governo a José Maria Alckmin, mas Costa e Silva, usurpado na chefia do governo, nada pode fazer para evitar a prisão de Pedro Aleixo por uma Junta Militar. Garrastazu Médici e Augusto Rademaker davam-se bem na disputa para saber qual o mais radical. Ernesto Geisel não deu bola para Adalberto Pereira dos Santos e João Figueiredo acabou batendo de frente com Aureliano Chaves. Tancredo Neves não teve tempo para isolar José Sarney, e Fernando Collor sofreu com Itamar Franco no seu calcanhar. Já Fernando Henrique e Marco Maciel deram-se bem, tanto quando o Lula com José Alencar.

E agora, Michel Temer enquadra-se em que modelo, em seu diálogo com Dilma Rousseff? Quem quiser que opine, pois a equação ainda permanece inconclusa...
 

MULTIPLICAÇÃO DE ASSINATURAS

Até o meio da semana eram 96 assinaturas de militares da reserva protestando contra a Comissão da Verdade e, dizem eles, a possibilidade de a Lei da Anistia ser revogada. O bolo aumentou. Os 13 generais são agora 39. No total, mais de 300 signatários. É bobagem presumir que o pessoal do serviço ativo permanece alheio, sem considerar a ação de seus colegas mais velhos. Formam uma unidade só.

EXPLORAÇÃO DESCABIDA

Importam pouco os números divulgados pelo ministério da Saúde e entidades encarregadas de zelar pelo preço e a produção de remédios. Muito menos as lamentações dos laboratórios. Basta ir às farmácias e drogarias para ver como subiram os produtos, dos corriqueiros aos mais sofisticados. Em muitos casos, mais de 100%. Um roubo que as autoridades ignoram.

Gente de OpiniãoDomingo, 16 de março de 2025 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

Coluna da Hora – Coleta de lixo: sai Marquise e entra Marquise, “nova empresa” deve assumir contrato emergencial na capital no sistema 50/50; saiba mais com o Jornalista Géri Anderson

Coluna da Hora – Coleta de lixo: sai Marquise e entra Marquise, “nova empresa” deve assumir contrato emergencial na capital no sistema 50/50; saiba mais com o Jornalista Géri Anderson

O consórcio ECO PVH, formado pelas empresas SUMA Brasil e Ecofort, está prestes a ser oficializado como o novo responsável pela gestão emergencial d

Fala machista do presidente ignora qualidades da senhora Gleisi Hoffmann

Fala machista do presidente ignora qualidades da senhora Gleisi Hoffmann

Uma coisa se não pode negar: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é um otimista inveterado. E isso fica cada vez mais evidente à medida que se dis

Estrada da Penal – o retrato do descaso oficial

Estrada da Penal – o retrato do descaso oficial

A RO – 005, conhecida como Estrada da Penal, é a única via terrestre que dá acesso a milhares de moradores do baixo Madeira, como Vila Calderita, Sã

Do outro lado do poder: Lula sempre defendeu a Anistia

Do outro lado do poder: Lula sempre defendeu a Anistia

O ano era 1979. Tinha acabado de chegar de Belém do Pará, onde fui estudar e tive os meus primeiros contatos com a imprensa na Revista Observador Am

Gente de Opinião Domingo, 16 de março de 2025 | Porto Velho (RO)