Acanhado pelas denúncias de corrupção e lavagem de dinheiro a um dos seus mais expressivos representantes no cenário político - o presidente da Câmara, Eduardo Cunha – o
PMDB resolveu não ficar inerte diante da crise que envolve o partido. Após um primeiro semestre de alternância entre oposição e situação, os peemedebistas perceberam o cometimento de um erro estratégico: achar que Dilma Rousseff definharia até o fim de seu mandato. A balança inverteu.
Durante a semana, o partido vai tentar reconquistar território perdido por intermédio de uma série de inserções televisivas. Sob o lema de ‘A verdade sempre é a melhor escolha’, lideranças da sigla afirmam nos vídeos que o Brasil seguiu caminhos equivocados e agora precisa mudar de direção – admitindo os problemas. Cunha participa da campanha declarando que sua verdade está em defender a independência da Câmara, cumprindo rigorosamente a Constituição.
Pergunto-me se defender a Constituição seria a única verdade a ser revelada. O vice-presidente da República, Michel temer, assumiu as funções da Secretaria de Relações Institucionais em abril, após o agravamento da crise entre o Planalto e o Congresso. Na semana passada, entretanto, ele optou por se afastar gradativamente da Pasta, motivado por supostas articulações paralelas promovidas pelo governo.
Quando da indicação de Temer para a função, não havia argumento em contrário: os rumos do país estavam nas mãos do PMDB. Suponho que o Planalto tenha observado essa realidade com atenção. Passar por cima do vice-presidente demonstra falta de confiança, embora o peemedebista tenha obtido êxito na articulação para aprovação das medidas do ajuste fiscal na Câmara e no Senado. O que a verdade revelará sobre essa saída repentina? Cisão não oficial, no mínimo. E vai ser assim até 2018.
Destarte, falar em verdade na política é risível. Se a verdade dos partidos entrasse na agenda do eleitorado, não haveria eleição, pois faltariam candidatos confiáveis. É assim que o jogo funciona, um sabotando o outro. O PMDB pode tentar vender uma imagem de honestidade e perseverança pelo Brasil, mas vai, como todos, desembocar na vala-comum. Após ter o país nas mãos, a sigla vive nova fase em que é a caça, não o caçador. Aguardemos os próximos episódios.
Fonte: Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.
Porto Alegre – RS