Domingo, 20 de setembro de 2015 - 09h01
Francisco das C. Lima Filho[1]
Relutei a escrever este artigo, à medida que o tema nele tratado toca de forma muito forte meu coração e sentimento humano.
As imagens de pessoas vagando sem rumo pela Europa, quando salvas, trazem-me grande sofrimento enquanto ser humano que se comove com a dor de seus semelhantes. Porém, não posso fugir do dever de emitir, antes de mais nada, minha solidariedade àquelas pessoas e a minha visão, ainda que possa ser equivocada, a respeito do drama que aqueles seres humanos que fogem da guerra estão passando. É meu dever enquanto ser humano não me calar frente a tão grave drama.
Antes de tudo, deve ser lembrado que as pessoas que tentam emigrar para a Europa não fazem isso por prazer, mas porque são obrigadas a fugir da miséria, de guerras, perseguições políticas e religiosas e, portando, despojadas dos seus mais básicos direitos, o por si só justifica um tratamento humanitário dos países que as recebem ou se recusam recebê-las.
São, na maioria, sírios que fogem de um país que se encontra em processo de dissolução em razão de guerra que teve início 2011, cujo agravamento ocorreu depois do aparecimento de um movimento desumano e sanguinário composto por terroristas do chamado ISIS, cujas atrocidades o mundo tem testemunhado especialmente neste ano, que saqueia, tortura e mata sem piedade aqueles que não comungam de sua ideologia .
Essa realidade não pode ser esquecida pelos governos dos países europeus, especialmente aqueles que estão levantando cercas e muros para impedir o acsso desses refugiados, que são forçados a deixar sua terra, famílias e bens em busca de salvação da própria vida mas que, muitas vezes encontram na travessia do oceano a morte, como aconteceu as crianças sírias que se afogaram no início deste mês e que sensibilizou a todos nós.
É certo que pode existir o fantasma de que no meio dessas pessoas possam existir terroristas que poderiam colocar em risco a segurança dos países receptores. Todavia, isso por si só, não pode ser motivo de tratamento desumano a aqueles que perderam tudo e buscam no território europeu abrigo e tratamento humano.
As imagens exibidas diariamente pela mídia de milhares de pessoas, entre elas crianças, velhos, deficientes e doentes tentando encontrar abrigo na Europa comove e faz pensar na ineficácia dos Tratados Internacionais sobre Imigração, muitos deles firmados por países que agora jogam gás lacrimogêneo nessas pessoas, numa tentativa de impedi-las de acessar aos seus territórios.
Nesse dificílimo quadro, penso ser hora de um movimento de solidariedade mundial em defesa dos direitos desses imigrantes de modo a lhes garantir tratamento digno e humano.
Não se pode continuar assistindo, diariamente, a morte de pessoas na travessia do oceano quando buscam preservar o direito à vida porque foram forçados a deixar sua pátria em razão de atos de violência, guerra, perseguições e miséria, não porque queriam.
É hora de triunfar o sentimento humano no lugar de xenofobias que não têm lugar num mundo globalizado, em que o respeito aos direitos humanos deve ser o fundamento para o tratamento dessas pesso
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