Quinta-feira, 28 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

×
Gente de Opinião

Opinião

O IMAGINÁRIO DO POVO RIBEIRINHO DO FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA.



Prof. Sílvio M. Nascimento[1]


As estórias (ou histórias?) aqui contadas se referem ao imaginário popular, fonte de tantas inspirações que o Vale do Guaporé e os seus encantos nos proporciona. O texto faz parte de um artigo científico escrito por mim para publicação em revistas de divulgação científica.

É do cotidiano dos ribeirinhos e habitantes de Costa Marques e da comunidade do Forte Príncipe da Beira, a tradição de narrar as mais diversas estórias que a Fortaleza inspira com seus ares de mistérios. São narrativas populares, cujas identidades, estão servindo de fontes que percorrem os caminhos dos símbolos, das imagens, das interações e subjetividades do mundo ao nosso redor.O IMAGINÁRIO DO POVO RIBEIRINHO DO FORTE PRÍNCIPE DA BEIRA. - Gente de Opinião

O primeiro conto diz respeito à estrada de chão de barro batido, com seus 25 km de extensão, ligando Costa Marques à comunidade. Os mais antigos contam que é impossível trafegar à noite, sozinho, por aquelas plagas. Assombrações sinistras aguardam os mais incautos que, não raras vezes, insistem em viajar pela madrugada, a pé ou em suas magrelas pela escuridão da estrada.

O trajeto é mal assombrado em consequência das dezenas de mortes trágicas ocorridas durante o passado. Quem insiste em seguir, sente um peso estranho no bagageiro da bicicleta, mas o medo mórbido de olhar para trás impede de descobrir quem é o fantasma que pega carona.

Outra estória conhecida denota o perigo de passar em frente da entrada principal da fortaleza, simplesmente pelo fato de ter a desagradável companhia de uma mulher vestida de branco, provavelmente alguém que faleceu em época desconhecida, embora, não se tem conhecimento de algum morador mais desavisado que tenha dialogado com a fantasmagórica figura.

Deixando o sobrenatural de lado, há narrativas sobre o roubo de relíquias quando do abandono da fortaleza na última década do século XIX. Os canhões espalharam-se e chegaram até a serem vendidos a navios ingleses em Antofogasta, no Pacífico. É sabido pelos ribeirinhos que no interior da capela do Forte Príncipe havia um grande sino de ouro. A relíquia parece ter sido subtraída por algum viajante fronteiriço que por lá passou, antes da redescoberta do monumento pelo Marechal Rondon.

O ex-prefeito da cidade, o costamarquense Raimundo Mesquita Muniz, em suas viagens pela Bolívia, encontrou a aludida peça na cidade boliviana de Madalena. Pelos símbolos portugueses gravados nas abas da peça, o ex-alcaide acredita ser mesmo o sino desaparecido do Forte, com um detalhe apenas, a peça é de bronze, desmitificando a alegoria contada pelos beradeiros que, divagando pela imaginação, garantiam que o sino realmente era ouro até o badalo.

foto(Créditos: Joel Maria Rodrigues)



[1]Historiador formado pela UFRN, mestrando em educação pela UNIR e professor EBTT do Instituto Federal de Rondônia – Campus Ariquemes.

Gente de OpiniãoQuinta-feira, 28 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)

VOCÊ PODE GOSTAR

A concessão de abono natalino a servidores públicos

A concessão de abono natalino a servidores públicos

Pessoalmente, não vejo nenhum problema no pagamento de abono natalino a servidores públicos, desde que seja autorizado por uma lei, apesar de muita

25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril

25 de novembro - a pequena correção ao 25 de abril

A narrativa do 25 de Abril tem sido, intencionalmente, uma história não só mal contada, mas sobretudo falsificada e por isso também não tem havido

Punhal verde amarelo

Punhal verde amarelo

Tive acesso, sábado, dia 16 de novembro, a uma cópia do relatório da Polícia Federal,  enviado pela Diretoria de Inteligência Policial da Coordenaçã

Pensar grande, pensar no Brasil

Pensar grande, pensar no Brasil

É uma sensação muito difícil de expressar o que vem acontecendo no Brasil de hoje. Imagino que essa seja, também, a opinião de parcela expressiva da

Gente de Opinião Quinta-feira, 28 de novembro de 2024 | Porto Velho (RO)