Sexta-feira, 14 de setembro de 2012 - 07h01
João Baptista Herkenhoff
É sabido que os cachoeirenses são bairristas. Mas alguns conterrâneos têm pudor de expressar abertamente esta característica. Eu não tenho. Sou bairrista confesso.
Há momentos em que esse bairrismo explode mais forte, como agora, por exemplo, quando a Academia Cachoeirense de Letras acabou de completar cincoenta anos de existência.
Cachoeiro tem muitas instituições beneméritas, no campo da Cultura, da Educação, do Esporte, do Serviço Social. Mas acredito que a ACL seja o símbolo do conjunto das instituições.
Não se trata de considerá-la a mais importante. A perspectiva em que me coloco é outra. A ACL é a instituição-símbolo porque a ACL aglutina todas as instituições. Busca representar todas, conta a história de todas, corporifica e imortaliza tudo que se faz e se fez em Cachoeiro. A Academia tem missão de resgate, testemunho, compromisso e reverência: resgate das lutas do passado; testemunho dos sonhos do presente; compromisso e reverência para com os projetos do futuro.
Quando podíamos imaginar, em 1962, que cinco décadas depois estaríamos comemorando o Jubileu de Ouro de nossa Casa de Letras!
Dos irmãos Herkenhoff, que participaram da fundação, dois já partiram para a Mansão do Pai – Pedro e Paulo. O irmão que escreve este texto ainda vive neste mundo provisório.
Cachoeiro tem alma. Para alcançar o sentido do que seja a alma cachoeirense é necessária uma incursão pelos caminhos da Antropologia.
Antropologia deriva do grego e significa "estudo do homem". A Antropologia Cultural ou Etnologia estuda as criações do espírito humano, que resultam da interação social, como notou Emídio Willens. É com a lente do antropólogo que podemos entender o que é a alma cachoeirense.
A alma cachoeirense foi talhada através do tempo. Na política, o grande Jerônimo Monteiro nasceu em Cachoeiro. Nas artes são cachoeirenses astros como Rubem Braga, Newton Braga, Roberto Carlos, Sérgio Sampaio, Carlos Imperial, Levino Fânzeres, Luz Del Fuego, Raul Sampaio Coco, Jece Valadão, Benjamin Silva, Narciso Araujo, Frederico Augusto Codeceira, Solimar de Oliveira, Evandro Moreira, João Mota, Marly de Oliveira, Nordestino Filho, Paulo de Freitas, Athayr Cagnin.
Essa alma cachoeirense é tão intensa e profunda que Rubem Braga escreveu: “modéstia à parte eu sou de Cachoeiro de Itapemirim.”
O grande Rubem não disse: modestia à parte eu sou o curió da crônica; modestia à parte eu sou considerado o maior cronista deste país; modestia à parte eu elevei a crônica de seu modesto espaço marginal para a condição de gênero literário de primeira grandeza. Rubem Braga compreendeu que mais importante do que tudo isto era mesmo afirmar: modéstia à parte eu sou de Cachoeiro de Itapemirim.
João Baptista Herkenhoff, 76 anos, magistrado aposentado, professor da Faculdade Estácio de Sá do Espírito Santo, escritor. E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br
Pensar grande, pensar no Brasil
É uma sensação muito difícil de expressar o que vem acontecendo no Brasil de hoje. Imagino que essa seja, também, a opinião de parcela expressiva da
A linguagem corporal e o medo de falar em público
Para a pessoa falar ou gesticular sozinha num palco para o público é um dos maiores desafios que a consome por dentro. É inevitável expressar insegu
Silêncio do prefeito eleito Léo Moraes quanto à escolha de nomes para o governo preocupa aliados
O silencio do prefeito eleito de Porto Velho, Léo Moraes (Podemos), quanto à escolha de nomes para comporem a sua principal equipe de governo vem se
Zumbi dos Palmares: a farsa negra
Torturador, estuprador e escravagista. São alguns adjetivos que devemos utilizar para se referir ao nome de Zumbi dos Palmares, mito que evoca image