Sábado, 16 de junho de 2012 - 09h29
A cidade de Guajará-Mirim sofre com inúmeros problemas estruturais causados por sucessivas administrações de péssima qualidade, mas a maior evidência de descaso contra a valorosa população da “Pérola do Mamoré” está na situação calamitosa e vexatória em que se encontra a rodovia federal que dá acesso ao município.
Como é de conhecimento de todos que habitam a cidade da fronteira, a BR 425 foi asfaltada na década de 80, na administração de Isaac Bennesby, e até os dias atuais nunca passou por uma reforma. Falo de uma reforma de vergonha... É de causar indignação o fato de diversos políticos afirmarem que a cidade precisa ter seu potencial turístico explorado. A maior marca do turismo é justamente a facilidade de acesso, coisa que não ocorre com a citada rodovia.
Se levarmos em consideração o fato de que a pavimentação e manutenção de rodovias federais são obrigação da União, podemos dizer, sem nenhuma sombra de dúvida, que o governo brasileiro nunca cuidou da BR que dá acesso à cidade mais antiga de Rondônia, sendo apenas mais nova que a capital do estado. O falecido ex-prefeito Bennesby chegou a responder um longo processo por ter asfaltado a 425 na metade da década de 80, quando Figueiredo era o presidente do país. Naquele tempo, uma viagem de Guajará-Mirim até a capital, às vezes, levava dois dias. A população comemorou e muito a pavimentação e sempre se mostrou solidária ao ex-prefeito, quanto ao processo que ele respondia. Isaac foi processado por fazer uma coisa que era obrigação do Governo Federal, mas, com certeza, até hoje não teria ocorrido, a julgar pelo abandono atual.
Enquanto muitos políticos respondem processos atualmente por roubo de dinheiro público, Bennesby respondeu por usar os recursos públicos para resolver o maior problema da época. Ninguém entende por que acontecem essas coisas, mas acontecem. O preço que a população de Guajará-Mirim paga é tão alto que fica impossível estabelecer, com precisão, os números, mas são parecidos com os valores somados de todos os escândalos que nosso estado já viveu , envolvendo políticos e outras autoridades.
Vergonhoso é saber que os atuais mandatários de Rondônia sempre tiveram votações expressivas na “Pérola do Mamoré”, embora a atuação da maioria deles seja tão ruim quanto a camada de asfalto que as pessoas têm que enfrentar para fazer o deslocamento de Porto-Velho para Guajará-Mirim. Dizer que a cidade não tem representantes na Assembleia, na Câmara Federal e no Senado seria muita desinformação, pois os números da eleição de 2010 são absolutamente comprobatórios.
Guajará-Mirim possui aproximadamente 27 mil eleitores. Em 2010, o senador Valdir Raupp obteve 15.303 votos dos guajará-mirenses e Ivo Cassol, também eleito no mesmo ano, obteve 8.277 votos. Pode-se dizer, com boa margem de segurança, que praticamente todos os eleitores da fronteira votaram nos dois senadores eleitos no último pleito. A falta de representação não tem como motivo a negação de votos da população de Guajará.
Todos os Deputados Federais com mandato hoje foram muito bem votados em Guajará-Mirim e tiveram, juntos, quase a metade dos votos da cidade. E vale lembrar que havia pelo menos dois candidatos da própria cidade na disputa, mas que não tiveram, nem de longe, a votação dos aventureiros que invadiram a histórica Guajará-Mirim, no período de campanha. Hoje, raramente aparecem e , quando vão, usam aviões, para não sofrerem com os buracos causados por eles na BR-425. Essa é a parcela de culpa de nosso sofrido povo da fronteira.
Na esfera do Poder Executivo a situação não é diferente. Dilma teve arrasadora maioria de votos sobre Serra e Confúcio chegou perto dos 80% de votos em Guajará-Mirim.
Lamentavelmente, não se ouve nenhuma dessas pessoas defendendo a reforma da BR 425. Os motivos são desconhecidos, mas compreensíveis: já tiveram os votos, que se dane que votou!! E todos eles estarão de volta, quando necessitarem outra vez dos votos da fronteira... E terão, talvez, até mais votos do que tiveram em 2010, porque nosso povo de Guajará é muito generoso. Só não se pode afirmar qual rodovia usarão para chegar até a cidade, pois duvido que a BR -425 sirva para alguma coisa daqui alguns meses.
Como a rodovia pertence ao Governo Federal, não se pode esperar muito dos deputados estaduais, mas não custa nada registrar que todos os deputados estaduais com mandato atualmente tiveram votos em Guajará-Mirim, mas esses não resolvem nem mesmo os buracos da Casa Legislativa ou os buracos dos cofres da saúde do estado, dilapidados por muitos dos atuais deputados estaduais.
Diante de tudo isso, a situação da única via de acesso a Guajará-Mirim, a cidade com maior potencial turístico do estado, continuará como um queijo suíço. A metáfora não se relaciona com a inquestionável qualidade do produto europeu... A relação é com a incontável quantidade de buracos que ambos possuem... O queijo suíço possui os buracos do prazer; a BR 425 possui os buracos do descaso, da incompetência e da desonestidade de muitos de nossos políticos... É uma vergonha!! Tenho dito...
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual
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