Quinta-feira, 12 de janeiro de 2012 - 16h03
O estado de Rondônia tem diversos problemas estruturais e todos nós sabemos disso, mas ganhou um tempero significativo após a posse de Confúcio Moura, o governador blogueiro, que, mesmo sem avaliar com critérios científicos os fatos, não hesita em buscar culpados para os problemas que ele prometeu resolver quando era candidato, entre eles a educação, setor que segundo o chefe do executivo do estado seria prioridade em sua gestão.
Imediatamente após o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgar informações sobre a evasão escolar no país, o blogueiro Confúcio apressou-se em buscar os culpados pelos problemas em nosso estado e, claro, encontrou com imensa facilidade: segundo o governador do PMDB, pagar salários aos professores do ensino médio é como se “queimasse” dinheiro numa grande fogueira.
A infeliz declaração de Confúcio não acrescenta absolutamente nada de positivo, além de ser muito injusta. Deveria o governador procurar saber os reais motivos da evasão no estado, entre os quais podemos citar, sem medo de errar, o péssimo transporte escolar oferecido para alunos que moram nas muitas linhas rurais do estado, o alto índice de jovens que casam antes mesmo de completar 18 anos, a falta de estrutura familiar que assola muitos lares de Rondônia, a falta de milhares de professores de áreas específicas nas escolas governadas por Confúcio, a obrigação de sustentar a família que muitos jovens acabam assumindo precocemente, a falta de atividades esportivas e de lazer que deveriam ser oferecidas pelo governo, entre outros muitos fatores que existem... Mas Confúcio prefere colocar a culpa nos professores, os mesmos professores para quem ele deu 2% de aumento salarial em 2011, depois de muita confusão.
Ao citar os eventuais destinos dos alunos evasivos, Sua Excelência, o governador Confúcio, não se lembrou de dizer que muitos acabam virando deputados, vereadores, prefeitos, governadores, secretários de estado e ocupantes de CDS em seu governo... “Queimar dinheiro numa grande fogueira” é pagar, com o dinheiro do povo, milhares de asseclas, ainda que a maioria não sirva para nada e cujo critério para nomeação é apenas ter filiação ao PMDB ou qualquer outra sigla que fez campanha para Confúcio. Condenar sem conhecer os fatos é uma atitude própria de imbecis e jamais poderia ser adotada por pessoas que têm a obrigação de apresentar a solução para os problemas...”Queimar dinheiro numa grande fogueira” é contratar Mangabeira Unger, que nem mora no Brasil, para dizer o que Rondônia precisa, mesmo tendo vindo ao estado uma única vez.
A falta de estrutura psicológica e econômica está entre os maiores vilões da evasão escolar e precisa ser levada a sério por quem se propõe a governar o estado. Muitas famílias não dispõem de condições para dar a devida educação aos seus filhos. Como exemplo de falta de estrutura familiar, podemos citar o caso do presidiário RÔMULO DA SILVA LOPES, um dos principais assessores de Confúcio, até sua prisão no ano passado, durante a operação TERMÓPILAS. Se o citado detento tivesse adquirido uma educação sólida, seguramente não seria acusado de ser integrante de uma perigosa quadrilha que se formou no estado. Tudo isso precisa ser considerado, antes de dizer que tem culpa pela evasão escolar...
Muitos estudantes do ensino médio desistem da escola por não terem nenhum estímulo para a prática esportiva. E nesse quesito Confúcio deu valorosa contribuição, quando se tornou o ÚNICO governador de Rondônia que não teve capacidade de realizar os Jogos Escolares do Estado (JOER), atividade para a qual nossos estudantes se preparam a partir do início do ano, desde a instituição do evento. Um governo que não consegue manter uma atividade dessa grandeza não pode se dar o luxo de fazer declarações sobre os problemas da educação, não pode dizer que é preciso de ações práticas...Isso é muita incoerência!!!
Todos os habitantes de Rondônia sabem da importância do JOER, menos nosso governador, tanto que não realizou os jogos. Com certeza, muitos estudantes perderam a vontade de ir à escola com a notícia de cancelamento dos jogos escolares e nenhuma pessoa é capaz de dizer com exatidão qual foi o prejuízo educacional, moral, científico, ético e até mesmo familiar que a falta do JOER causou nas famílias rondonienses...
Claro que precisamos encontrar as devidas soluções para resolver as deficiências detectadas pelo IPEA, mas tentar jogar a culpa nos servidores da educação é fato que merece nosso repúdio e indignação. Entre as prováveis soluções está o fato de pagar um salário que realmente seja adequado para profissionais que deixam seus lares todos os dias para tentar educar crianças e jovens para quem o Estado não deu as oportunidades merecidas. Basta Confúcio Moura lembrar que os países e estados brasileiros com os menores índices de evasão escolar são aqueles que recebem salários dignos e onde a educação é vista como prioridade pelos governantes, não somente durante os 90 dias de uma campanha eleitoral... Tenho dito!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual
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