Quarta-feira, 4 de janeiro de 2012 - 10h48
Fátima Cleide
Neste quarto dia do ano de 2012, rondonienses e rondonianos comemoram felizes os 30 anos da implantação do Estado. Na passagem destes anos de desenvolvimento, é muito importante fazermos um balanço do quadro político, econômico, social e estrutural deste pujante Estado Brasileiro, indo além do seu processo histórico e de seus notórios avanços.
Como faz questão de ressaltar o compositor do hino do Estado, “aqui, toda vida se engalana de belezas tropicais”. Rondônia é uma terra abençoada pela Divindade. Aqui, temos diversidade de ecossistemas. Convivemos com áreas de Chapadões, Cerrado, Pantanais, várzeas, e todos os mistérios da Floresta Amazônica. Riquezas Minerais não nos faltam. Orgulhamo-nos de termos uma das maiores reserva de diamantes, que alguns dizem ser a maior do mundo. Temos ouro, cassiterita e muitas, muitas outras pedras preciosas. Com toda esta riqueza, Rondônia possui uma terra onde “se plantando, tudo dá”, como diz a expressão popular.
Uma pena que as belezas tropicais nestes 30 anos tenham dado lugar a paisagens nem sempre belas. Para que o progresso chegasse, optou-se por um desenvolvimento cujo objetivo tem sido sempre o lucro imediato para alguns em detrimento do benefício que deveria ser partilhado por todos.
Assim vimos ir embora a riqueza promovida pela exploração da borracha nos idos tempos dos seringais, que trouxeram para cá minha família materna. Também vimos ir embora o Ouro do Rio Madeira e de seus afluentes deixando, como legado, graves problemas sociais.
Chegamos aos meados dos anos 70 com a chamada “colonização agrária”, promovida pelo governo militar, na busca de resolver a pressão por terras no Sul do país. Essa movimentação migratório no país trouxe para cá gente de todos os estados brasileiros, com ênfase maior o povo do Sul e Sudeste. Assim, Rondônia protagoniza uma saudável miscigenação cultural, na qual barbadianos se encontraram com gaúchos, japoneses se casaram com rondonienses e acreanas, nordestinos passaram a conviver com amazônidas de todos os nove estados que compõem a Amazônia Legal. Respeitada, é claro, a efervescência cultural e migratória da maior cidade da América Latina, Rondônia abriga um cosmopolitismo que é só visto na Capital Federal do Brasil, e por óbvios motivos.
Nós, rondonienses, acolhemos de braços abertos a todos e todas e aprendemos a conversar com gaúchos tomando chimarrão. Rondonienses, como eu, que têm raízes fincadas aqui desde bisavós indígenas, já sabíamos, por conta de nossas observações, comer panelada, buchada de bode e carne de sol. Com os sulmatogrossenses, saboreamos o tereré. Com os cariocas aperfeiçoamos o gosto pela feijoada e adotamos, por tabela, a culinária mineira. Em troca, todos aprenderam a tomar tacacá, comer vatapá da Amazônia (bem diferente do baiano), a apreciar uma boa caldeirada de tambaqui, dourado, tucunaré e toda diversidade da psicultura local. Aprenderam a saborear o peixe assado na brasa envolto na folha da bananeira, que o histórico Seu Manuel soube preparar na sua trajetória de migrante vindo do Nordeste. Em compensação, boa parte da tradição amazônida, como os ritmos que embalaram nossa infância (Carimbo, Sirimbó, etc), se diluíram no tempo. Uma perda cultural irreparável.
Nestes 30 anos, Rondônia se tornou um Estado cuja população, de mais de 1,6 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, se orgulha de ter um dos maiores rebanhos do país e de ser um grande produtor de Café, Cacau e outros grãos. Uma agricultura familiar, forte e competitiva.
Todavia, esse desenvolvimento deixou marcas profundas em nossa riqueza florestal. Nos anos 80, foi preciso um grande movimento internacional para chamar a atenção do mundo sobre a velocidade com a qual se devastava a nossa biodiversidade. Este movimento obrigou o Banco Mundial a financiar o PLANAFLORO (Programa de Desenvolvimento Agro Ecológico e Florestal do Estado de Rondônia) para que os impactos negativos ocasionados pela implantação do POLONOROESTE – outro programa governamental que financiou a colonização agrária nos anos 70 - fossem minimizados. Para tanto, o Estado Brasileiro contratou via financiamento do PLANAFLORO junto ao Banco Mundial, a “bagatela” de U$$ 20.000.000,00 (vinte milhões de dólares). Muitas ações foram desenvolvidas, entre elas a elaboração do Zoneamento Agro Ecológico e Florestal do Estado. Infelizmente, como instrumento de subsídio para o desenvolvimento do Estado, o zoneamento passou a ser rechaçado, vez que a orientação política daquela década tentava negar o óbvio:
Rondônia está localizada na região Amazônica.
Tentativas aconteceram, inclusive via Decreto Governamental, para retirar o Estado de Rondônia da área da Amazônia Legal.
Esta concepção desenvolvimentista colaborou para que hoje tenhamos imensas áreas devastadas e, muitas delas, inutilizadas. A olhos nus, percebe-se o quanto é enorme a área improdutiva. Quer dizer, nem sempre o desmatamento correspondeu à implantação de atividade produtiva, como comprovam dados do IBAMA.
Hoje, assistimos um novo momento do desenvolvimento do Estado propiciado pela determinação política do Governo Lula de implantar o Complexo do Rio Madeira, por meio da Construção das Hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau. Não obstante os problemas que obras desse vulto provocam, as relações com a região e com a população foram diferentes. Avanços importantes aconteceram em todas as áreas. Ainda assim, queremos mais.
Esse momento é importante porque anuncia uma nova era na qual, se tivermos a capacidade de planejar o futuro da forma como nosso Estado merece, poderemos dar o salto e passarmos de fornecedores de matéria prima(muitas vezes, bastante barata, vide o caso de nossa madeira), para o de um Estado indutor da industrialização de nossa riqueza.
É espantoso o crescimento econômico advindo das políticas do Governo Federal. Nosso povo – os que aqui residem há muitos anos e os que aqui chegam na onda da construção das hidrelétricas, assiste a tudo com muita esperança. Todos trabalham diuturnamente acreditando muito que, desta forma, teremos a oportunidade de corrigir os erros do passado e descentralizar os lucros obtidos com a exploração da riqueza. Isto, apesar da falta de planejamento do governo estadual passado, é possível de ser recuperado.
Nós, rondonienses, esperamos que o governo atual aproveite a chance dada pela Operação Termópilas, que mostrou onde estão centradas as ações de corrupção no Estado, e aja de acordo com os rigores da lei. Ao optar por combater a corrupção, teremos mais chances de melhor aproveitar este momento. O desafio é distribuir a riqueza para os rondonienses e rondonianos por meio de políticas públicas afirmativas que favoreçam o amplo desenvolvimento social (educação, saúde, saneamento, moradia, segurança) de todos e para todos.
Testemunha privilegiada desses processos, considero ser importante comemorar o crescimento econômico. Ao mesmo tempo, não podemos esquecer o fundamental apoio do governo federal materializado com as obras e ações estruturantes para o Estado. As Pontes sobre o Rio Madeira, os viadutos da BR-364 em PVH, a duplicação da BR 364, a restauração da BR 425, a duplicação das pontes do Candeias e do Rio Machado, a transposição de servidores para o quadro da união, entre tantas outras ações, tiveram o trabalho e o esforço do meu mandato de senadora.
Sou imensamente grata ao povo do meu Estado que me deu a oportunidade de ser a primeira filha de Rondônia a representar nosso Estado no Senado Federal. Meu mandato foi limpo, transparente e profícuo. Orgulho-me dos resultados obtidos durante os oito anos em que atuei no Congresso Nacional. Destinamos aos municípios e ao Estado mais de R$ 1,2 bilhões dos orçamentos do OGU e do PAC. Graças a isso, promoveu-se importantes realizações nas áreas de educação, saúde, saneamento, asfalto, apoio à agricultura familiar, à cultura e ao esporte. Em cada ação e obra, o cidadão era o objetivo final.
Na passagem destes 30 anos de Estado, reafirmo que, para além dos festejos e da comemoração, Rondônia precisa ainda mais orgulhar o seu povo. Para tanto, precisa se manter forte, para seguir crescendo de forma saudável, e distribuindo renda e oportunidade para todos. Que os males de inanição política sejam coisa do passado. São males oriundos de interesses nada republicanos de alguns políticos que, uma vez instalados no poder, prometem um mundo maravilhoso, mas nas trevas agem fortalecendo o mal.
Portanto, façamos hoje uma profunda reflexão sobre os rumos que queremos dar a este balzaquiano Estado. Trabalhemos, enfim, para que os nossos bisnetos possam se orgulhar de nossas atitudes atuais e que elas signifiquem uma vida também pujante para o povo que é fiel, esperançoso, trabalhador e honesto. Sonhemos que, apesar de tudo, “nestas fronteiras de nossa Pátria Rondônia trabalha febrilmente. Nas oficinas e nas escolas, a orquestração empolga toda gente. Braços e mentes forjam cantando a apoteose deste rincão que com orgulho exaltaremos enquanto nos palpita o coração”.
Parabéns Rondônia!!!
Fátima Cleide
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