Quinta-feira, 11 de outubro de 2012 - 17h29
O partido do Movimento Democrático Brasileiro, PMDB, precisa rever urgentemente seus conceitos e sua postura como agremiação política, pois os resultados obtidos nas eleições de 07 de outubro revelam uma situação, no mínimo, estranha e onde está muito evidente que o partido de Raupp, Marinha e Confúcio Moura não possui mesmo nenhuma liderança no estado onde mora o presidente nacional da sigla.
Embora o senador Valdir Raupp tenha propagado no horário eleitoral que tem influência em Brasília e que é amigo do vice-presidente da república, sua influência nunca resolveu nenhum problema de nosso estado. Basta lembrar dos seguintes fatos: que Rondônia paga uma dívida altíssima, relacionada com o fechamento do Banco do Estado de Rondônia BERON, que a rodovia federal 425 encontra-se em situação vergonhosa, que os buracos da BR 364 são lembrados na tribuna do Senado Federal apenas quando morrem pessoas conhecidas dos políticos, que a transposição dos servidores foi feita da forma como bem quis o governo federal, que o partido de Raupp e Confúcio perderam feio em todas as cidades consideradas pólos no estado, como é o caso de Vilhena, Pimenta Bueno, Cacoal, Ouro Preto, Jaru, ji-Paraná, Porto-Velho e Guajará-Mirim. Em cidades como Ariquemes, onde mora o governador do PMDB e Rolim de Moura, onde mora o presidente nacional do PMDB, o partido não teve nem mesmo capacidade para ter candidatos na cabeça de chapas, curvando-se a outras siglas para participar de chapas que tinham mais organização. Vergonhoso este fato para um partido conhecido no país inteiro como “grande”.
Ao citar no primeiro parágrafo do texto que o partido pertence a Raupp, Marinha e Confúcio, minha intenção é justamente deixar claro que os outros milhares de filiados não podem ser culpados pela derrota estrondosa que o partido teve nas urnas em 07 de outubro. Claro que o partido possui filiados importantes, com liderança e que são respeitados, mas que perderam o espaço, perderam o controle e perderam a vontade de militar no PMDB do velho Ulisses Guimarães. Em 1988 havia, segundo Ulisses, a “voz rouca das ruas”... Em Rondônia, ao que parece, o PMDB de Raupp, Confúcio e Marinha calou a “voz rouca das ruas”...Na capital do estado, onde há cerca 280.000 eleitores, o candidato do PMDB teve apenas 6.169 votos, perdendo para os votos brancos (6.304) e os votos nulos (9.397). A única cadeira na câmara de vereadores de Porto-Velho que será ocupada por um membro do PMDB não tem nenhuma ligação com a influência do governo ou dos Raupp, pelo que se conhece sobre os fatos.
Em Guajara-Mirim, a cidade mais antiga depois de Porto-Velho, dos quase 30 mil eleitores, apenas 3.051 votaram na candidata do PMDB, que ficou na terceira colocação na disputa, uma posição bem melhor do que o sétimo lugar obtido pelo PMDB na capital. Em Cacoal, uma das cidades mais importantes de Rondônia, conhecida por sediar muitos cursos universitários e pela grande produção de café e outras riquezas, Raupp fez de tudo: juntou 18 partidos na coligação, chegou a colocar seu irmão, vice, na chapa derrotada, aliou-se a Ivo Cassol, inimigo histórico e que o acusa de ter falido o “BERÃO”, além de colocar no palanque derrotado 22 deputados estaduais, 06 deputados federais, 02 ex-prefeitos da cidade e até imagens de Michel Temer, o vice-presidente da república, na TV ... Todos foram derrotados pelo atual prefeito, padre Franco. Mas o atual prefeito sofreu, pois, todos os dias, tinha que esclarecer as muitas mentiras inventadas pela turma de Raupp e levadas ao Ministério Público e à Justiça Eleitoral. Aliás, a saúde pública seria muito melhor se o hospital regional de Cacoal,administrado pelo estado e pelo partido de Raupp, fosse fiscalizado pelo Ministério Público com o mesmo rigor que fiscaliza os órgãos municipais de saúde. Considero importante a fiscalização, mas seria mais justa se fosse feita também no hospital do estado com a mesma determinação.
Para o legislativo, o PMDB não elegeu nenhum vereador em Cacoal e seus candidatos perderam feio para o candidato Chapeuzinho, que fez sua campanha numa bicicleta e nas horas de folga, quando não estava cumprindo seu trabalho de jardineiro. Claro que a bicicleta deverá ser o único bem declarado por Chapeuzinho em sua prestação de contas. Não porque ele vai omitir bens, mas porque seu único bem na campanha foi mesmo sua bicicleta, além da honra e da dignidade que ele possui. Com seus quase 800 votos, o jardineiro Chapeuzinho teve mais que o dobro de muitos candidatos milionários e deixou para trás quase todos os candidatos do PMDB. Apenas ficou à sua frente a Dr. Raquel, atual vice-prefeita da cidade e uma pessoa conhecida e respeitada na região, como política e como médica.
Em Rolim de Moura, a cidade onde mora o senador Valdir Raupp e a deputada federal Marinha Raupp, o PMDB não conseguiu ter nem candidato e participou da eleição municipal apenas como cabo eleitoral do PT, que ficou na terceira colocação, numa prova clara de fragilidade do partido de Raupp e Sarney.
Considerando que os servidores públicos estaduais ficaram muito irritados com o resultado do processo de transposição para o quadro federal, considerando que os erros administrativos e políticos do atual governo de Rondônia são inomináveis e considerando também que a influência pregada pelo senador e presidente nacional do PMDB não foi constatada nas urnas, podemos prever, com boa margem de certeza, que a reeleição de Confúcio Moura, depois do que se viu nas eleições deste ano, subiu no telhado... Em pouco tempo, para a tristeza de Ulisses, já não será possível, para o PMDB, ouvir nem mesmo a “voz rouca das ruas” ... Tenho dito!!
FRANCISCO XAVIER GOMES
Professor da Rede Estadual
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