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Satanás, protetor de Porto Velho


Satanás, protetor de Porto Velho - Gente de Opinião

Professor Nazareno*

            Outro dia ouvi dizer que a cidade de Porto Velho, capital de Rondônia, era do Senhor Jesus. De início não acreditei, porém torci para que fosse mesmo verdade, pois quando ouço falar no nome de Jesus Cristo, associo logo ‘essa marca’ a Deus, embora não entenda muito de religião nem nela acredite cegamente. O fato é que durante toda a minha vida fui ensinado que Esse nome deve ser associado a tudo que é bom, a tudo que é sagrado, a tudo que significa paraíso na terra, beleza, pureza, bem-aventurança, coisa boa e preferida, ser perfeito, desejado, amado e adorado por todos. Então, como morador há 35 anos desta cidade, percebi que há alguma coisa errada nesta citação demais otimista e talvez até mentirosa. Se a dicotomia Deus X Lúcifer estiver certa, como muitos afirmam convictamente, como pode esta cidade ser protegida pelos céus?

            Por que Deus, que é bom e perfeito, teria permitido que Mauro Nazif administrasse este município por quatro anos? E Roberto Sobrinho e o PT, tiveram mesmo a permissão divina para administrar esta capital durante longos oito anos? Observando-se o que era Porto Velho no passado e olhando tristemente o que é a cidade hoje, mais de um século depois, entende-se que a mão, ou a vontade divina, jamais passaram por aqui. Um lugar que só empobrece e fica cada vez pior. Não, não foi Deus o Todo Poderoso que permitiu que esta desgraça tivesse se abatido sobre nós. Isso é coisa do Capiroto, do “Coisa Ruim”. Ou então o Divino Pai não gosta de Porto Velho nem dos portovelhenses. Se gostasse, jamais teria permitido, com a sua bondade, que tal infelicidade tivesse nos acontecido. Isso sem falar nos antecessores destes prefeitos.

            É possível que desde o ano de 1914, o Capeta, ou os seus intermediários, tenham dado “as cartas” por aqui. Um lugar abençoado por Deus não passaria por tantas desgraças, provações, mazelas e infortúnios como temos observado “entra ano e sai ano” nesta cidade. Aqui, diferente de todos os outros lugares e capitais do país, não tem a festa do santo padroeiro. Fato compreensível: o Cão jamais permitiria a festa de um santo. Inverno ou verão e o inferno é sempre o mesmo: lama ou poeira. E todos parecem gostar do suplício. Até um dos poucos patrimônios históricos, já depredado e destruído com apenas cem anos de história, leva o sugestivo nome de “Ferrovia do Diabo”. Os políticos da Assembleia Legislativa e da Câmara de Vereadores de Porto Velho não são filhos do Raboso nem de seus emissários, mas sempre se comportaram como se fossem.

            Viver em Porto Velho é como se fazer um estágio para morar no inferno. O calor abominável e a alta umidade do ar são prenúncios de que já fomos, em algum tempo do passado, a casa do Tinhoso. Daí é normal se acreditar em demônios vivos perambulando pelas várias repartições públicas locais. Em Dubai, por exemplo, que tem qualidade de vida invejável, viver no calor do deserto é muito mais confortável e aconchegante do que por aqui. A mais importante cidade dos Emirados Árabes é como se fosse o céu enquanto somos uma das filiais do inferno, com todo o respeito, claro, à morada do Chifrudo. Respirar todo dia ar contaminado de fezes humanas, poeira sufocante e viver no meio do lixo, sem água tratada e esgotos é “fichinha” se formos, na vida eterna, morar lá no “mármore quente”. Peçamos a Deus que mande logo um seu protetor para a capital das “sentinelas avançadas”. Antes que o Belzebu astuto se aposse de vez dela.

*É Professor em Porto Velho.

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