Quinta-feira, 18 de junho de 2015 - 13h06
Por: Flávia Ribas
Percepção é consenso entre diversos especialistas no tema que abordaram o papel fundamental dos 6 primeiros anos de vida para o desenvolvimento de crianças e adolescentes no segundo dia de seminário sobre os 21 anos da ANDI
O impacto decisivo da primeira infância para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes e adultos e a sua representação na mídia e na sociedade abriram o debate do segundo dia de seminário de 21 anos da ANDI.
Na primeira intervenção, o Secretário Extraordinário de Superação da Extrema Pobreza do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tiago Falcão apresentou políticas do governo brasileiro que focam na primeira infância com o objetivo de reduzir a extrema pobreza. Segundo o secretário, encarar a primeira infância como prioridade nas políticas públicas levou o governo a priorizar famílias com crianças de 0 a 6 anos na complementação de renda e no acesso a serviços de saúde e educação, por meio da ação Brasil Carinhoso, em 2012. A ação garantiu que 2,7 milhões de crianças se mantenham fora da extrema pobreza.
Outra frente de atuação do governo é a prioridade das famílias beneficiárias do Bolsa Família na matrícula em creches públicas ou conveniadas. Em 2014, foram investidos R$ 765,6 milhões nessa iniciativa garantindo a matrícula de 636,7 mil crianças de até 4 anos em 37 mil creches de todo o país. “O Brasil acabou de sair do mapa da fome! 43 milhões de crianças recebem merenda escolar todos os dias no Brasil. De acordo com a FAO, isso se deve ao aumento da renda e melhor produção de alimentos devido à agricultura familiar. Ações como Brasil Carinhoso tendem a reforçar esse processo”, informo Tiago Falcão.
Eduardo Queiroz, diretor-presidente da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal chamou a atenção dos participantes do seminário para o desconhecimento da sociedade brasileira sobre a primeira infância, período que dura do nascimento até o sexto ano de vida. Em pesquisa realizada pela Fundação em parceria com o Ibope, foram identificados vários elementos de desinformação sobre o assunto. “A gente rodou o Brasil e as pessoas não sabem o que é primeira infância. Se você falar com um executivo, com uma pessoa que tem ou não nível, porque as pessoas não sabem. A primeira infância é um período importantíssimo para o aprendizado, tanto social como afetivo. Momento onde o aprendizado está explodindo, a criança está em um momento de alta aprendizagem.”, explicou Eduardo. Para ele, a sociedade deve compreender melhor esse período para possibilitar o desenvolvimento cognitivo e socioemocional das crianças, abordando seus direitos fundamentais à proteção integral.
O tema desenvolvimento na primeira infância esteve em debate durante toda a manhã no seminário da ANDI, com discussão medidada por Dioclécio Campos Júnior, diretor de assuntos Parlamentares da Sociedade Brasileira de Pediatria. A educação infantil, a formação de professores, a importância da leitura, as políticas públicas para aprimorar o acesso e a qualidade da educação infantil.
Tacyana Arce, coordenadora de comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais, analisou o interesse e a percepção da mídia sobre a primeira infância que, segundo estudos apresentados pela jornalista, ainda estão fundamentados em imaginários errôneos de que as crianças têm pouca identidade e pouca voz, de que são adornos nas imagens mas pouco vistas como sujeitos de direitos. E destacou que, embora compreenda o papel da ANDI no trabalho com a mídia transmissiva, acredita que é cada vez mais importante trabalhar com as mídias sociais e com os novos formatos de mídia existentes e crescentes no cenário nacional e internacional. “Queria provocar uma reflexão: Como estamos lidando com essas possibilidades advindas deste outro momento, que não é de substituição ainda, mas que é de encontrar as redes sociais.”, indagou a jornalista.
Fundações sociais do setor privado manifestaram a sua participação no debate sobre primeira infância no Brasil. Cláudia Santoni, da Fundação Itaú Social explicou como o Itaú escolheu o estímulo à leitura como o foco de suas ações de mídia no engajamento e na mobilização social pelo direito à educação. A gerente apresentou diversos estudos que fundamentam a importância da leitura para crianças como um aspecto de desenvolvimento de crianças e adolescentes. “A gente acredita que a força de uma campanha que faz 10 anos no ano que vem tem a ver com esse percurso que a gente está fazendo junto, e com a convocação da sociedade, escolhendo uma questão que é a leitura. Esse é um convite para todos nós pensarmos juntos, convocando os adultos. Quem tem de cuidar das crianças somos nós adultos.”, afirmou Cláudia.
O Instituto C&A, parceiro da ANDI no Seminário, escolheu o foco na formação de professores da Educação Infantil como sua contribuição e incidência para a cultura de valorização da infância e dos direitos de crianças e adolescentes. “O Instituto escolhe, no recorte da educação, investir na formação de educadores da educação infantil. E através desse processo de escuta à comunidade, aos profissionais, estabelecemos diálogos, criamos uma articulação possível com a rede nacional pela primeira infância. Conseguimos construir uma proposta em conjunto com atores sociais relevantes que é o Projeto Para Lá Pra Cá.”, explicou. O projeto é implementado em 5 municípios do Nordeste brasileiro e foi indicado como referência no guia de tecnologias do MEC, podendo ser replicado e adaptado a outras regiões e municípios, conforme suas necessidades.
Zilma de Oliveira, professora da Universidade de Ribeirão Preto e especialista em políticas de educação infantil ressaltou que os avanços conquistados hoje são fruto de uma luta de mais de 30 anos para superar a visão assistencialista sobre a noção de crianças pequenas e a educação infantil. “Sinto que nesses 30 anos e que na atual gestão do MEC tem se feito avançar na visão desse assistencialismo. O uso de livros para crianças pequenas faz parte dessa trajetória e também o foco na formação desses professores.”, explicou Zilma.
Claudius S.P. Ceccon, secretário executivo da Coordenação da Rede Nacional Primeira Infância abordou a articulação de diferentes setores da sociedade que, há 7 anos, une esforços para defender os direitos das crianças pequenas. As 170 organizações que fazem parte da rede tem uma ampla atuação e está focando, neste momento, num conhecimento sobre as populações infantis em comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas, que sofrem as maiores violações aos seus direitos fundamentais e que estão, muitas vezes, pouco representadas nas mídias. “A mídia tem uma grande responsabilidade na maneira como a população percebe o que está acontecendo no nosso país. Nossa carência de uma informação isenta e de qualidade é enorme. Necessitamos, como sinal de aperfeiçoamento democrático, de uma informação equânime, equilibrada, plural.”, informou.
A discussão sobre Primeira Infância no Brasil está presente também no Projeto de Marco Legal da primeira infância (PL 6998/2013), resultado de um ano inteiro de debates na sociedade conduzido tanto pelo Congresso como pela rede pela Primeira Infância. “Não se trata de um novo Estatuto, mas de uma especificação do que já temos na legislação e um acréscimo para que tenhamos um olhar mais adequado e uma política mais eficaz para uma criança que vive a primeira infância.”, explicou Vital Didonet, assessor legislativo da rede.
O Seminário ANDI 21 anos está sendo realizado em parceria com a Fundação Itaú Social, Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e o Instituto C&A, com apoio da organização Artigo 19, Fundação Ford e do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. O patrocínio é da Petrobras.
O seminário tem cobertura online, por meio do perfil da ANDI no Twitter e no Facebook, com a hashtag #ANDI21ANOS. Ao final de cada dia, as matérias consolidadas sobre as discussões nas Mesas Temáticas estão sendo publicadas no Blog da ANDI. A programação completa está disponível no site do evento.
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