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Sozinho, o amor não salva o país



A cena era pitoresca. Uma senhora – idade avançada – passava tranquilamente seus itens pelo caixa de um supermercado. Os olhos escuros, convictos, sabiam que o aporte financeiro disponível seria suficiente para adquirir os produtos selecionados. Eis que acontece uma surpresa. A atendente informa um valor acima do esperado. Por alguns instantes, a senhora fica catatônica. “Achei que ia dar”, disse. Para seguir adiante, abandonou dois pacotes de feijão e uma sacola de maçãs.
 
Esse episódio, ocorrido com uma cidadã comum, acontece com grande parte do povo brasileiro hoje em dia. Vivemos um período de crise, isso não é nenhuma novidade. No início do ano, a indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda buscou colocar as contas em ordem, impondo austeridade à economia. O resultado? Cortes em todos os setores e aumento de impostos em doses homeopáticas. A última cartada foi reajustar os tributos de celulares, computadores, tablets, entre outros eletrônicos.
 
Lideranças do governo – e da oposição – admitem que Levy já encarnou um papel mais importante no Planalto. Talvez ele tenha se assustado com o tamanho do rombo. Aos poucos, entretanto, o ministro recupera seu espaço. Enquanto isso, a presidente Dilma Rousseff respira aliviada após sobreviver ao ápice da crise política. A ela, resta concentrar esforços na crise econômica, a fim de afastar a tempestade que paira sobre o país. Na semana passada, a petista deu uma amostra onírica de seus próximos atos. Não foi um bom demonstrativo.
 
No Ceará, em evento de entrega de unidades do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, Dilma afirmou que o país vai suplantar a crise sem "nadinha" de amargura e ódio. Ela também pediu "muito amor no coração" para o Brasil superar as dificuldades. A despeito do discurso demagógico, espero que a senhora citada anteriormente tenha muito amor no coração, pois a travessia no contexto econômico ainda vai se prolongar. O momento é de sacrifício para todos nós.
 
A esperança de saída da crise só pode construída com programas sólidos que retomem o crescimento. A condição econômica, como gatilho de uma vida confortável, é fator preponderante para a felicidade das pessoas. E muita gente está sofrendo com a alta dos preços. Vamos torcer que a manifestação de Dilma seja apenas figura de linguagem. E vamos confiar que o trabalho do ministro da Fazenda funcione. O amor, o patriotismo, é fundamental para a cultura de uma nação, mas sozinho não vai salvar o país.
 
Fonte: Gabriel Bocorny Guidotti
Bacharel em Direito e estudante de Jornalismo.
Porto Alegre – RS

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