Sábado, 17 de setembro de 2016 - 12h26
Professor Nazareno*
O cantor Tim Maia teria dito certa vez que o Brasil é um país que tem tudo para não dar certo, pois aqui cafetão se apaixona e tem ciúmes, traficante de drogas se vicia e pobre é de Direita. Não se sabe ao certo se o polêmico cantor disse mesmo isso, mas o fato é que a estranhíssima expressão “Pobre de Direita”, se ele existe mesmo, é a mais bem acabada criação do capitalismo brasileiro. E nestes tempos de crise política no Brasil, o que mais se observa, no entanto, é uma legião inteira de cidadãos, pobres em sua maioria, tecendo loas, elogiando e até torcendo pelo sucesso dos políticos direitistas, conservadores e reacionários. Dizem e acreditam, por exemplo, que não foi golpe a retirada pura e simples da ex-presidente Dilma Rousseff do poder sem ela ter cometido crime algum. As declarações de José Sarney e Romero Jucá sequer são levadas a sério.
O pobre de Direita é como um capitão do mato da época dos escravos. O miserável sofre, é explorado, humilhado, espezinhado e massacrado, mas não deixa de adorar seus opressores e de agradar ao seu patrão ou líder político. É como se ele sofresse da síndrome de Estocolmo. Clama abertamente pela volta dos militares ao poder, apesar das torturas, censura à mídia, perseguições e aberrações feitas contra os opositores. Com os desastrosos 13 anos do PT no comando do país, o pobre de Direita viveu dias intranquilos e depressivos. Flertou politicamente com várias instituições conservadoras e reacionárias para aliviar um pouco o seu sofrimento e vibrou quando a religião, principalmente a evangélica, se envolveu de forma mais participativa com a política. Era a senha para que o alienado e imbecil pudesse renovar as suas esperanças.
Pobre de Direita ama de coração o Jair Bolsonaro e segue suas ideias malucas, arcaicas, misóginas, racistas, preconceituosas e fascistas. Nas redes sociais se orgulha de ter em seu perfil a foto do político conservador. Fala abertamente que vai votar nele em 2018 para presidente e vibra quando o futuro candidato faz apologia à tortura e aos torturadores de um modo geral. Sobre direitos humanos, não quer ouvir nem falar. Defende a pena de morte, a diminuição da maioridade penal e outras excrescências já ultrapassadas. Nem precisa dizer qual o canal de televisão favorito dessa gente. A revista semanal de informações, que alguns deles leem, é a mesma que se autodenomina como uma das mais lidas do mundo. Para um Pobre de Direita entrar em desespero basta lhe dizer que a bandeira brasileira mudará de cor e agora talvez seja vermelha.
Pobre de Direita tem solução para tudo. Toda postagem que faz nas redes sociais é para adular os ricos e poderosos. Com a queda do PT e a possível prisão de Lula e de alguns dirigentes esquerdistas chegará, enfim, ao êxtase. O juiz Sérgio Moro para todos eles é um herói nacional e deveria ganhar um prêmio Nobel. Esse tipo de pobre ama futebol, geralmente torce pelo Corinthians ou Flamengo e sempre que pode está vestido com a camisa de seu time favorito. É fã do Neymar, a seleção brasileira é sua paixão e vestir a camisa amarela é para ele como uma religião. Nunca percebeu a relação promíscua entre a CBF e a FIFA. Muitos deles não entendem como alguns brasileiros não queriam a realização das Olimpíadas no Brasil. Se for funcionário público, o infeliz defende também o neoliberalismo do PSDB sem perceber o perigo de sua própria demissão. Mas o pior pobre de Direita é aquele que já foi de Esquerda. Conheço muitos.
*É Professor em Porto Velho.
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