Sábado, 12 de julho de 2014 - 07h59
(*) Francisca Paris
Férias. Hora de fechar os livros didáticos e descansar. Hora de se divertir a valer. Já há algum tempo, o lazer deixou de ser visto como tempo perdido e passou a ser encarado como uma das atividades fundamentais do ser humano. Desvencilhados de rotinas de trabalho e estudo, estamos prontos para usar nossa inteligência e nosso corpo para gestar novas ideias, ter experiências de vida fundamentais e explorar o mundo sem nenhuma outra finalidade, a não ser a de sentir o prazer de estar vivos.
Tudo isso é verdade. Mas também temos aqui uma boa oportunidade para rever nossos próprios conceitos de lazer. Ainda que o dolce far niente seja necessário, é possível aproveitar as próximas semanas para extrair prazer também de vivências culturais, que tanta falta fazem.
No labirinto quase inviável das cidades, sobra muito pouco tempo para que as famílias tenham uma vida cultural rica e variada. Tente se lembrar da última vez que foi a um show, a uma exposição de fotos ou de artes plásticas. E mais: lembre-se da última vez que levou seu filho a uma livraria e lá passaram horas deliciosas esparramados em almofadas cheios de histórias à sua volta...
Em um mundo onde a educação torna-se cada vez mais importante, parece que museus, teatro e exposições passaram a ser apenas compromissos escolares. Nada disso! Vivemos em um tempo marcado por avanços científicos e tecnológicos que nos obrigam a procurar propostas educacionais capazes de formar os alunos para a vida, o trabalho, o lazer, a conquista de seu espaço e a vivência plena de sua cultura.
Para tanto, a educação escolar brasileira necessita implementar um currículo que tenha como ponto de partida a realidade imediata e a cultura local e, como objetivo final, a construção, aquisição e ampliação de conhecimentos. A escola é o lugar em que se entrelaçam o ser, o conviver, o saber e o fazer, a produção intelectual e o conhecimento advindo do entorno social. Ela deve, então, proporcionar possibilidades didáticas de aproximação entre o cotidiano e o contexto escolar, já que alguns conhecimentos, embora presentes no dia a dia, nem sempre se desvendam de forma a permitir a apreensão de seus conceitos e valores fundamentais.
Antes de tudo, compartilhar descobertas, histórias, músicas, viajar no tempo histórico e fruir arte e cultura devem ser programas das famílias. A primeira razão é evidente: estamos estimulando a formação global de nossas crianças e jovens e ampliando seu repertório, o que certamente fará diferença em seus projetos de futuro.
Mas há ainda outras razões tão ou mais importantes. Ao viver conjuntamente a cultura, pais e filhos também ampliam suas sinapses, ou seu próprio universo de conexões. Em palavras simples, passam a ter mais assuntos, mais oportunidades de diálogo e mais pontos de vista para ver e entender o maravilhoso e complexo mundo que nos rodeia. Também passam a pertencer mais ao seu próprio tempo e até mesmo a ter mais condições de diminuir as diferenças geracionais que tanto assustam os adultos de hoje.
Pois, então, o que está esperando? Curta as férias, curta seus filhos e curta a cultura!
(*) Francisca Paris é pedagoga, mestra em educação e diretora de serviços educacionais da Saraiva
Fonte: Ana Carolina Esmeraldo / Ex-Libris Comunicação Integrada
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