Sábado, 2 de agosto de 2014 - 05h03
Por Humberto Pinho da Silva
Queixava-se, esta tarde, na cafetaria onde costumo merendar, meu amigo Silvério, que já não há gente honesta.
Para confirmar a asserção, ilustrou com o que lhe aconteceu há dias:
Comprara, há anos, apartamento à beira-mar, para férias.
Nessa época, toda a família passava o mês de Agosto, na praia.
Iam de automóvel, que colocava no aparcamento, que comprara.
As crianças esperavam ansiosas a época balnear. Divertiam-se imenso. Por vezes convidavam amiguinhos. A alegria transbordava.
O tempo passou. As crianças cresceram. Chegava Agosto e esquivavam-se: tinham que estudar; havia compromissos inadiáveis; que mais tarde iam com amigos…
Silvério envelheceu. Os filhos casaram. A mulher começou a sofrer de reumatismo…Meu companheiro de menininho foi deixando o carro esquecido na garagem.
Deslocavam-se de comboio. Ficava mais económico. O peso dos anos já não lhe permitia percorrer longas distâncias.
O aparcamento ficou vazio.
Como era ponto estratégico, começou a ser cobiçado por “ aventureiros”, que viram meio de usufruírem aparcamento gratuito.
Certa vez, o filho mais velho foi passar uma semana, na praia. Chegou e estacionou o carro.
Pela manhã encontrou bilhetinho:
Por favor, retire a viatura.
Este lugar é meu.
Desgostoso, Silvério, resolveu alugar o espaço. Colocou no quadro do condomínio, aviso.
Decorrido semanas toca o telemóvel. Era senhora a solicitar autorização para colocar o carro, enquanto não alugasse o espaço. Tinha dois carros e só possuía um aparcamento.
Estupefacto, declarou que o espaço era para arrendar, como certamente sabia, pelo anúncio.
Meses depois, o filho foi com a esposa passar fim-de-semana à casa de praia. Chegou ao entardecer. Estacionou o carro no aparcamento.
Pela manhã, do dia imediato, encontro, na viatura, o seguinte aviso:
Retire o carro deste lugar,
Ou terei que chamar a polícia.
Parece anedota, mas infelizmente não é.
Assim vai o mundo… e a educação da nossa gente.
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