Sábado, 26 de novembro de 2011 - 08h05
Professor Nazareno*
Rondônia não sai da mídia nacional. Em menos de um mês o programa global Fantástico já noticiou o escândalo da Unir, Universidade Federal de Rondônia, e todos os seus desdobramentos como malversação de dinheiro público e outros afins, deve mostrar em rede nacional os bastidores da Operação “Termópilas” da Polícia Federal que desbaratou uma quadrilha de Deputados Estaduais e funcionários públicos que atuava dentro da Assembléia Legislativa do Estado e se quiser ainda pode exibir nos próximos programas a Operação “Anjos do Asfalto” em que alguns funcionários do DNIT, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes são responsabilizados pelo desvio de pelo menos 30 milhões de reais das obras de asfaltamento da BR 429. O superintendente do órgão, José Ribamar, já está afastado do cargo. Alguém será punido?
Enquanto isso, morre em Pernambuco, aos 63 anos, o mecânico Marcos Mariano da Silva. Ele passou 19 anos preso injustamente. Neste período, perdeu um olho e logo depois ficou completamente cego, contraiu tuberculose e quando soube que receberia parte de uma indenização, morreu de parada cardíaca enquanto dormia. Diferente dos ladrões de Rondônia, Marcos Mariano não tinha nenhum pedigree e por isso sofreu nas garras da nossa “Injusta Justiça”. Por aqui, Januário Amaral que não foi preso um minuto sequer, vai tirar 90 dias de férias com todos os salários pagos pelo Erário para depois “organizar” a sua defesa. Valter Araújo, Presidente da Assembléia de Rondônia, passou uma semana detido nas dependências da Polícia Federal e a sua liberdade é apenas uma questão de tempo. O STJ até já lhe concedeu uma liminar. Ribamar do DNIT nem isso.
Até quando nós brasileiros temos que conviver com estas injustiças? Até quando nós rondonienses devemos aceitar tranquilamente este estado de coisas? Porém, parte da culpa é nossa. Ninguém gosta de ser chamado de idiota, anta, babaca ou otário. Mas é isto que estamos sendo quando vemos o nosso dinheiro ser roubado e não esboçamos nenhuma reação. Há tempos, perdeu-se aqui a capacidade de se indignar. Somos covardes porque temos um convênio médico ou porque temos o nosso empreguinho e garantimos o nosso pão de cada dia. “Dinheiro desviado da saúde pública não me atinge, Pernambuco fica muito longe daqui e nada tenho a ver com os desvios no DNIT”, pensamos erradamente. A nossa omissão aliada à impunidade e à injustiça é o combustível perfeito para se roubar cada vez mais o nosso suado dinheiro dos impostos.
Em países mais sérios como Estados Unidos e Japão, muitos destes larápios pegariam prisão perpétua além de devolver tudo para os cofres públicos. Quem ainda está preso ou devolveu alguma coisa da Operação Dominó há seis anos? Nós que pagamos impostos e vivemos em Rondônia estamos nos acostumando a ser estuprados coletivamente e nada fazemos. E não adianta dizer que foi obra de três ou quatro ladrões apenas. Os oito deputados de Rondônia acusados por este escândalo receberam exatos 93.426 de votos de nós, cidadãos rondonienses. Eu, por exemplo, votei na Epifânia, minha esposa, no Zequinha Araújo. Estou me sentindo cúmplice de toda esta patifaria. Estou me sentindo uma anta, um Zé Mané, um perfeito idiota. Porém, muitos eleitores preferem a hipocrisia do anonimato e não perdem a oportunidade para atirar pedras.
No Brasil, marchas contra a corrupção não juntam mais do que algumas dezenas de militantes. Os meninos, universitários heróis que tomaram a Unir, não desistiram até a saída do reitor. A população inteira devia deixar o medo de lado e imitá-los. Lutar pelos seus direitos e não se deixar roubar não é crime, é civismo. Devíamos repudiar o circo e usar a Banda do vai quem quer, a Marcha para Jesus, Passeata do orgulho gay ou carnaval fora de época para protestar. Vendemos muito barato o nosso silêncio, a nossa liberdade de expressão. Devíamos não confiar nos políticos ladrões, uma raça de víboras, e sermos mais críticos, seletivos e conscientes na hora de votar. Rondônia é nossa, o Brasil é nosso e não desses picaretas. O dinheiro que eles nos roubam é suficiente para fazer deste país um dos melhores do mundo. Se desviarem todos os recursos para as obras do PAC em Rondônia, nada vai nos sobrar. Nas Assembléias Legislativas o discurso mais comum é: “...Vossa Excelência é um ladrão...”. “Desculpe, nobre colega, mas ladrão é Vossa Excelência...”. Ainda há políticos e brasileiros honestos, não é possível. Não podemos agir como o pobre mecânico pernambucano e sucumbir no final. O Poder Público sabe disto. Podemos mudar e para melhor esse discurso.
*É Professor em Porto Velho.
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