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Orlando Cavalcante Pereira da Silva Junior

Longos e curiosos vinte e três


Longos e curiosos vinte e três - Gente de Opinião

Meus sonhos sempre estanhos, me levaram aos meus vinte e três anos de díade, anos idos de 1981 e lembrei, ao acordar que é a curiosidade que acende as fogueiras da alma.

Ela nos chama para além da margem do conhecido, empurrando-nos rumo às descobertas que moldam e reinventam nossos pensamentos. A cada nova revelação, concordemos ou não, abrimos janelas para o inesperado e redesenhamos o horizonte que nos habita.

Foi nesse espírito, seduzida pelo desejo de compreender mais, que me aproximei da palha, singela em sua aparência, mas imensa em simbolismos. E ali, entre suas fibras douradas, encontrei um espelho para os nossos 23 anos de travessia.

Nosso encontro, à primeira vista, parecia um capricho do acaso, um momento improvável. Mas, tal como o campo que se prepara silencioso para a colheita, nós já vínhamos sendo adubados pelo cuidado sutil dos dias. Não colhemos o que sobrou: colhemos o que de mais precioso havia sido reservado para nós.

De nossos habitats singulares, permitimos que o amor germinasse livre, sob o sol e as chuvas do tempo, respeitando o ciclo que a vida pede. Assim como a palha, que se entrega à secura natural dos campos antes de conhecer sua metamorfose, nós nos deixamos amadurecer, desprendendo-nos das impurezas para alcançar a fase do enfardamento.

E foi assim que enfardamos nosso amor: apertado, protegido, resguardado contra as intempéries, para que sua essência não se perdesse no tempo. Empacotamos nossas memórias, nossos desejos, nossos projetos, garantindo que mesmo no repouso, nosso amor fosse semente para novas criações: leve, singelo, natural, sempre fértil.

O que nos une não é um "fogo de palha" que arde breve e se apaga. É chama que se alimenta da brisa e resiste às tormentas. Nosso amor é alquimia: é conquista delicada, renúncia generosa, paciência esculpida nos detalhes, respeito profundo, amadurecimento constante. É tecido entrelaçado de tonalidades múltiplas, é sinfonia sensorial, encantamento que não se esgota. É benevolência, sedução sutil e ardente, paixão que pulsa, desejo que incendeia, humildade que engrandece.

Nosso amor é transcendência pura; ele renasce, atravessa as estações e se refaz com o vigor dos ventos que renovam o mundo.

Assim, inspirada nas fases da palha, desejo que o nosso amor permaneça eterno em sua naturalidade, renovável como a terra que se entrega ao ciclo da vida, e sustentável como aquilo que é enraizado na essência mais pura. Nesta vida e em todas as outras, onde quer que nossos caminhos se cruzem novamente.

Que saudades dos meus 23 anos...

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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