Sexta-feira, 30 de junho de 2023 - 17h42
A Assembleia
Legislativa de Rondônia realizou, na manhã desta sexta-feira (30), uma
audiência pública sobre embargos ambientais em terras do estado. O evento foi
proposto pelo deputado Alex Redano (Republicanos) e teve a participação, entre
outros, de deputados estaduais, federais, senador, prefeitos, vereadores,
produtores rurais, agricultores, pecuaristas, empresários e representantes de
órgãos ambientais. O objetivo do encontro foi discutir e encontrar soluções
para evitar as interdições dessas áreas.
No início da
audiência, Redano ressaltou a importância da união e do diálogo entre a bancada
estadual, federal e os diversos segmentos interessados em resolver o problema.
Ele destacou ainda a influência internacional nas normativas aplicadas na
Amazônia; a relevância dos créditos de carbono emitidos pelo estado; e o marco
temporal de 2008, para emissão dos embargos.
“Nós não
podemos admitir que isso aconteça. A nossa soberania nacional está em jogo e,
principalmente, a soberania dos estados da região Norte. Nós precisamos estar
unidos e nos posicionar. E são várias as tratativas que precisam ser feitas
para evitar esses embargos [...] Essa questão dos embargos afeta a tudo e a
todos. Rondônia não tem grandes indústrias. Rondônia depende do agro. A partir
do momento que o agro deixa de produzir riqueza, cai a arrecadação”, enfatizou
Redano.
Autoridades
ressaltaram a importância da produção de gado para o estado de Rondônia; a
urgência da regularização fundiária; a necessidade de mudanças na legislação
ambiental, e o equilíbrio entre meio ambiente e desenvolvimento econômico.
Ainda destacaram que milhares de pessoas foram atraídas para a região
amazônica, com a promessa da aquisição de terras, contribuíram para a economia
e, agora, precisam ser respeitadas no processo de criação de políticas
ambientais.
Produtores
disseram que precisam de ajuda, para que continuem trabalhando em suas terras.
O representante da Associação dos Produtores Rurais Extrativistas do Rio
Castanho e Madeira do Abunã (Asprecam), Roberto Corrêa, falou que há
propriedades na região que já receberam notificação de órgãos ambientais. “O
que vai se fazer? Essas pessoas que estão lá, vão ser indenizadas; vai se mudar
o caráter dessas reservas; vai se extinguir, como é o desejo dos produtores que
estão lá?”, questionou.
Durante a
audiência, produtores fizeram perguntas a representantes de órgãos ambientais.
Servidores da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia
(Sedam) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (Ibama) ressaltaram que a democracia se faz com diálogo; que os
órgãos estão cumprindo a lei, e que a regularização fundiária é imprescindível
para resolver o problema. Também enfatizaram que, em casos de abusos, as
abordagens aos produtores devem ser denunciadas.
Embargos
ambientais
Embargo
ambiental é uma medida administrativa utilizada por órgãos ambientais para
interromper atividades que estejam causando danos ao meio ambiente, ou que
estejam em desacordo com as normas ambientais.
No início
deste mês, o Ibama publicou a Instrução Normativa 15/2023, que regulamenta o
embargo geral preventivo e remoto de áreas com supressão da vegetação, exploração
florestal e uso do fogo irregular em terras indígenas e demais áreas públicas
da Amazônia Legal.
De acordo com
a normativa, as áreas públicas com supressão da vegetação, exploração florestal
e uso de fogo irregular, após 22 de julho de 2008, no bioma Amazônia - cujas
atividades não estiverem autorizadas, licenciadas, nem regularizadas - são
irregulares.
A
identificação dessas áreas pode ocorrer presencialmente ou por meio de
tecnologia remota. A irregularidade cessa com a comprovação da legalidade ou regularização
da área perante o órgão ambiental competente.
Nesse
contexto, o Ibama tem realizado operações com foco na apreensão de gado criado
em áreas embargadas por desmatamento ilegal na Amazônia. A operação já chegou a
municípios do Amazonas e do Pará.
Diante disso,
diversos segmentos rondonienses apresentam preocupação de que os embargos
possam prejudicar populações, a economia e o desenvolvimento em Rondônia.
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