Sexta-feira, 24 de março de 2023 - 13h19
Com um raio-x
da situação das mulheres no Brasil e propostas para buscar mais segurança,
respeito e igualdade, várias mulheres, lideranças comunitárias e representantes
de entidades de classe debateram nesta quinta-feira (23) na audiência pública
sobre direitos de mulheres em vulnerabilidade da Assembleia Legislativa de
Rondônia (Alero). A propositura foi da deputada estadual Ieda Chaves (União
Brasil), uma das defensoras e promotoras de iniciativas voltadas às causas
sociais.
A responsável
pela iniciativa disse estar alegre e satisfeita pela promoção do encontro. “É
um tema muito importante. (...) uma sociedade que não cuida de suas mulheres
não tem como a gente imaginar que ela vai ter sucesso, que vai criar cidadãos
que possam realmente conseguir cuidar de todas as coisas. Não se trata de
feminismo, trata de direitos humanos”, falou Ieda Chaves.
Ela
acrescentou ainda lembrou que existe, atualmente, um machismo estrutural, onde
mulheres muitas vezes sofrem todo dia um tipo de abuso dentro de casa e nem
percebem. “Juntos temos mais força e, ao final deste dia, sairemos com
propostas e buscaremos soluções, emendas, projetos de lei que a gente aprova e
vire uma lei e possa ter efetividade”, reiterou.
Também entre
os presentes, o deputado Delegado Camargo (Republicanos). Ele fez um breve
histórico de sua atenção enquanto delegado titular em Ariquemes e que nas
cidades da região não tinham o serviço. “... criei a delegacia itinerante para
atender as mulheres para atender quem não tinha condições. Propus, está firmado
e vigora até hoje em formato de convênio. (...) o meu compromisso é sempre vai
ser: dar o melhor de mim, aqui nesta casa não será diferente: estou aqui para
servir”, disse.
Encaminhamentos
propostos
Como
encaminhamentos, Ieda Chaves informou da necessidade do avanço em diversas
questões em âmbito estadual. Inicialmente, a parlamentar anunciou a destinação
de um recurso na ordem de R$ 100 mil/ano para atender o projeto “Sala
Humanizada”, coordenado pela Associação Filhas do Boto Nunca Mais e centro
universitário São Lucas. O espaço é financiado pela Vara de Execução de Penas e
Medidas Alternativas (Vepema). Ainda houve a promessa de liberação de
emendas do deputado Delegado Camargo na ordem de R$ 200 mil destinados à
execução do projeto “Casa Abrigo”, em Ariquemes.
Em seguida,
houve o alinhamento de tratar em Comissões Parlamentares, já na próxima semana,
a respeito da deliberação dos recursos do Fundo de Políticas Públicas às
Mulheres que estão contingenciados desde 2020, em virtude da pandemia. Além
disso, atuar firmemente para que haja a redução dos números de ocorrências de
violência doméstica e efetividade de direitos.
Desafios
propostos e soluções à causa
Durante as
suas contribuições, a promotora da 36ª Promotoria de Justiça de Curadoria de
Combate à Violência Doméstica e Familiar do Ministério Público de Rondônia
(MPRO), Flávia Barbosa Shimizu Mazzini, falou da preocupação da Casa de Leis em
representar todas as mulheres do estado. Para ela, os 19 deputados e cinco
deputadas representam todos.
“Aqui não serão
excluídas as mulheres e acredito que não permitirão nenhuma exclusão. Não
seremos capazes sozinhos, de permitir o fim da violência. Se não mudarmos uma
cultura de exclusão, de abandono, de falta de cuidado, de proteção. Os senhores
podem fazer a diferença, até mais do que gente que trabalha na ponta. Espero
que este seja o desafio desta legislatura”, contribuiu Flávia Barbosa.
De acordo com
a juíza Euma Mendonça Tourinho, presidente da Associação dos Magistrados do
Estado de Rondônia (Ameron), há no mundo inteiro o preconceito, o machismo,
violências que não só físicas. “Nós precisamos de soluções. Quais seriam elas?
Educação, com matérias que tratem de violência doméstica, precisamos formar
crianças que se enxerguem com direitos iguais, precisamos entender que as
mulheres têm capacidade, autoestima; além de projetos de lei que tratem de
maneira diferente, até que a gente consiga essa igualdade que a Organização das
Nações Unidas, ou simplesmente Nações Unidas (ONU) prevê, punições severas e
sem benefícios às pessoas violentas”, indicou.
Enquanto isso,
a defensora pública do estado de Rondônia, Ada Alves dos Reis Mendes, citou
experiências vivenciadas no atendimento em que precisa “defender” homens que
cometeram violências. “São fundamentos descabidos, obviamente. Mas, muitas
vezes eles se acham no direito de fazer a agressão, seja física ou psicológica.
Ao falar de direitos somos taxadas como ‘feministas’, mas não é. É preciso
falar sobre o machismo, entender que a luta do feminismo não é ‘mimimi’ e nem sobreposição
de direito, mas a luta busca igualar as mulheres na sociedade”.
Segundo o
procurador do MPRO, Héverton Aguiar, nos últimos 30 anos, as estatísticas
mostram que o Brasil é o pior país da América do Sul para criar uma filha e o
quarto do mundo, considerando isso uma situação vulnerável e, por isso, há um
débito gigantesco e impagável com o país.
“Mais de 120
mil de pessoas do sexo feminino foram mortas por seus maridos, namorados,
companheiros, ficantes e ninguém chora por isso. Hoje elas vão ficando na
invisibilidade. De sorte, que nós precisamos sim buscar alternativas e, este,
penso, é o principal objetivo deste encontro, verdadeiramente tirar as mulheres
das condições de vulnerabilidade. (...) precisam de respeito a sua dignidade e
precisamos desenvolver esta cultura”, falou.
Números
Na audiência,
a presidente do Conselho Estadual de Direitos da Mulher (CEDM), Sandréia Silva
Costa, apresentou o “Dossiê Violência Contra a Mulher Rondônia – Desafios para
aplicação de Políticas Públicas eficazes”. No documento, constam que
foram registrados em 2022, mais de 10.300 denúncias de violências contra a
mulher, sendo elas, ameaça, lesão corporal e injúria, conforme o Observatório Estadual
de Segurança Pública da Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania
(Sesdec).
“Outros dados
relevantes são o do Ministério Público da União (MPU), de 1º de janeiro a 31 de
dezembro de 2022, foram solicitadas 7.432 medidas protetivas. Esse atendimento
merece palmas”, comemorou a atenção feita às mulheres que estavam em violações
de direitos
Registros
Também esteve
presente na audiência pública, a presidente da Comissão da Mulher da Ordem dos
Advogados do Brasil – Seccional Rondônia (OAB/RO), Vanessa Michele Esber
Serrate; o coordenador de Atividades Sociais da Polícia Militar de Rondônia
(PMRO), cel. PM Odinelson Gomes Braga, a presidente da União de Câmara e
Vereadores de Rondônia (Ucaver Mulher), Juliana Nonota, além de autoridades de
várias cidades e representações de associações
SERVIÇOS
Assista a
gravação da audiência pública no canal da
Alero, no Youtube.
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