Sexta-feira, 15 de dezembro de 2023 - 14h32
A
Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia (Alero) realizou, na tarde desta
quinta-feira (14), mais uma reunião extraordinária da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI), que tem como finalidade investigar e apurar as possíveis
irregularidades nos processos de criação de 11 Unidades de Conservação no
estado de Rondônia. Moradores dessas áreas também participaram da audiência.
Neste
quinto encontro do grupo de parlamentares estaduais para tratar do tema, também
foi assunto dos debates as denúncias que chegaram aos deputados sobre a empresa
Global Pharma, que trabalha com mercado de carbono e estaria atuando em
Rondônia. Ela teria investido R$ 50 milhões e perspectiva de lucrar R$ 80
bilhões em 30 anos em nosso estado.
A
presidência da CPI está com o deputado Alex Redano (Republicanos), que também
conduziu os trabalhos da comissão. Além dele, também participaram os deputados
e deputadas: Pedro Fernandes (PTB), Lucas Torres (PP), Dra. Taíssa (PSC) e
Cirone Deiró(Podemos). O deputado Pedro Fernandes fez a leitura da ata do
último encontro, que foi aprovada pelos demais presentes.
A
CPI ouviu moradores da Estação Ecológica Umirizal, Área de Proteção Rio Pardo e
Floresta Estadual do Rio Pardo. Três representantes de cada uma dessas
localidades participaram dando depoimentos sobre a criação dessas reservas e as
dificuldades enfrentadas pelas comunidades.
Esperança
Alex
Redano agradeceu aos colegas e servidores da Casa de Leis pela dedicação a essa
CPI. Ele também destacou que com o avanço dos trabalhos da comissão, o
assunto começa a mudar de rumo, que pode ser favorável aos moradores das
propriedades rurais que se localizam nas áreas consideradas unidades de
conservação.
“Estou
otimista em termos êxito. Existe uma possibilidade de conseguirmos anular
algumas dessas, não todas, áreas que foram transformadas em reservas. Nas
investigações da CPI foi percebido que não foram obedecidos todos os trâmites
necessários para a criação dessas áreas”, disse.
O
presidente da CPI explicou que entre os trâmites necessários que deveriam ser
obedecidos para a criação das reservas e foram ignorados estão: consulta ou audiência
pública, estudo técnico, falta de publicação de um decreto ou rascunho deste.
“Além
disso, é preciso ter a reserva orçamentária para a criação de uma reserva.
Pois, as pessoas que vivem lá, tem benfeitorias e precisam ser indenizadas. Não
é justo a pessoa ter anos e anos de trabalho e, da noite para o dia, perder
tudo o que tem”, enfatizou.
Falhas no processo
A
deputada Dra Taíssa usou da palavra onde lembrou que como alguns critérios para
a criação das reservas não foram obedecidos, abriu-se a possibilidade de se
cancelar a criação dessas áreas.
Ela
disse que ainda que o objetivo é fazer uma emenda à Constituição de Rondônia, o
que possibilitará fazer os travamentos legais necessários para mudar essa
situação. Para isso, explicou, deve-se reunir oito assinaturas no parlamento e
uma votação expressiva para que seja aprovada.
“Hoje
estamos aqui para fazer a instrumentalização desse processo, trazendo todas as
informações necessárias que, lá trás, quando fizeram o decreto não executaram
dessa forma. Acredito que fazendo isso e ouvido as pessoas, vamos conseguir e
dar paz para os moradores. Hoje, de uma ponta a outra de Rondônia, o que se
fala são as reservas”, frisou.
Ações na Procuradoria
O
deputado Lucas Torres disse que a Assembleia Legislativa está fazendo o papel
dela em relação a criação das reservas que foi feito no apagar das luzes do
Governo Confúcio Moura. Ele contou que, pela manhã, esteve na Procuradoria
Geral do Estado onde estão sendo discutidas 17 ações judiciais, ajuizadas esse
mês de dezembro, determinando que moradores da Resex Jaci-Paraná retirem toda a
criação de gado e desfaçam das benfeitorias em prazos exíguos.
“Tenho
certeza que o governador Marcos Rocha não concorda e não compactua com essa
atitude da PGE. Nós não queremos ver no interior de Rondônia, cenas como as que
estão sendo protagonizadas em estados como Pará e Amazonas. Não queremos ver o
produtor rural rondoniense sofrendo com uma perseguição que não faz justiça com
ele que carrega esse estado nas costas”, lamentou.
Quem
também fez uso da palavra foi o deputado Cirone Deiró, que se solidarizou com
os produtores rurais e também agradeceu a iniciativa dos colegas parlamentares.
Ele afirmou que a CPI é a caixa de ressonância e representantes legais desses
moradores.
O
deputado Pedro Fernandes destacou que tem percebido a falta de sensibilidade
por parte de alguns procuradores do Estado, em relação à parte humana. Ele
observou que é necessário preservar o tripé formado por economia, ambiental e social.
O parlamentar também ressaltou a união dos colegas em torno das atividades da
comissão.
“Precisamos
rever essa situação. Esse é o caminho dessa Comissão Parlamentar de Inquérito.
Temos trabalhado muito juntos, buscado informações para podermos atuar com
muita responsabilidade. Precisamos buscar elementos técnicos que embasem esse
processo, por isso que temos muito cuidado e cautela”, disse.
Morador
Durante
a reunião da CPI, moradores das áreas de reservas foram ouvidos pelos
parlamentares sobre se houve alguma consulta a eles para a criação das
reservas. Esse é um dos requisitos para a existência dessas áreas.
O
primeiro morador a responder os questionamentos feitos pelos
parlamentares foi o senhor Juarez de Jesus. Ele disse que ocupa a área de
81 hectares, desde 1989, residindo e trabalhando nela. Afirmou que no
início tinha uma carta de ocupação da área e, depois, veio o Terra Legal onde o
Incra ficou responsável pela liberação do título definitivo da terra.
“Foi
ficando, ficando e até hoje não recebemos esse título. Eu e a minha
família plantamos de tudo no sítio, criamos gado, galinha, porco. Mas, agora,
estamos parados. Recebemos uma notificação de que se eu mexesse lá, poderia ser
preso. Nunca nos foi comunicado que lá seria uma reserva. Uma vez uma mulher
apareceu falando sobre isso, mas foi só”, declarou.
A
maior parte da reunião da CPI das Reservas foi presidida pelo delegado Lucas
Torres, pois, o presidente da comissão, Alex Redano, precisou se ausentar por
motivos particulares. Após, a conclusão das oitivas com os moradores das
reservas, foi feito um requerimento para que os moradores da Reserva Rio Pardo,
enviem os documentos de propriedade que possuem emitidos pela Sedam.
Na
próxima reunião da CPI das Reservas, sem data definida, serão ouvidos moradores
das seguintes áreas: Parque Estadual Abaitará, Reserva de Desenvolvimento
Sustentável Serra Grande e Reserva de Desenvolvimento Sustentável Rio Machado.
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