Quarta-feira, 22 de maio de 2024 - 11h46
Na manhã da
última terça-feira (21), a Assembleia Legislativa de Rondônia, por meio de sua
Assessoria Militar, comandada pelo tenente-coronel da Polícia Militar, Emanoel
Lourenço do Nascimento, realizou uma mesa redonda sobre bullying e cyberbullying
durante a 11ª edição da Rondônia Rural Show, que acontece no Parque Tecnológico
Vandeci Rack em Ji-Paraná.
Os
palestrantes foram o coronel da reserva remunerado da PM, Marcos Cleito Freire
Lopes, e o coronel do Corpo de Bombeiros de Rondônia, Francisco Pinto Andrade
Araújo e a mediação ficou sob responsabilidade do tenente-coronel Emanoel
Lourenço do Nascimento.
“Bullying é
uma intimidação sistemática. Pode ser de qualquer natureza, mas precisa gerar
incômodo a uma ou a um grupo de pessoas específico. Imaginem que alguém conte
uma piada ou uma gracinha com alguém que não se sente à vontade com essa
brincadeira, com essa piada. A gente diz nesse meio que certos comportamentos
são engraçados e divertidos para que todos se sintam felizes”, explicou o
coronel Marcos Freire.
Que segue: “Se
uma pessoa não se sente confortável com isso, é hora de fazer uma reflexão se é
interessante se continuar com essa brincadeira. Às vezes pode parecer algo
simples, como não chamar um amigo para uma roda de conversa no intervalo da
escola. O comportamento repetitivo e continuado dessa postura, ele é uma forma
de intimidação sistemática, que é uma forma de bullying”.
O
representante da Polícia Militar de Rondônia ainda reforça: “Você tem três
figuras e uma situação de bullying, que é a vítima, quem causa o bullying e
quem aparentemente não tem tanta importância, mas onde ela presença esse
evento. Normalmente você tem um grupo de pessoas, onde uma pessoa tira uma
brincadeira e caracteriza uma segunda pessoa como o bullying que é uma vítima.
E tem um grupo de pessoas que testemunharam isso. O que acontece normalmente é
a relação entre o causador e a vítima e essas pessoas não se posicionam, não
adotam nenhum comportamento acerca desse comportamento ou postura”.
Ele ainda dá
dicas de perguntas que podem ser feitas para evitar a prática: “Existem
questões: o quanto eu me preocupo com essa pessoa para que isso não aconteça e
se torne algo repetitivo? A segunda coisa: o quanto estou preocupado com esse
ambiente em torno de mim enquanto isso em um outro momento pode me afetar? Ou
seja: eu posso ser a próxima vítima em potencial de isso acontecer. E isso
estamos falando do bullying presencial”.
Marcos Freire
ainda comentou o que é o “cyberbullying, que é uma intimidação virtual, que
hoje incomoda milhares, milhões e até bilhões de pessoas. A pergunta que eu
faço é: o que devo fazer para que isso não tome uma grande proporção, maior do
que ela já tomou? Como eu devo agir quando encontro um amigo ou pessoa passando
por isso? E o ciberbullying pode ser pior, pois eu posso estar no quarto e meus
pais na sala. E sua imagem pode ser lançada junto a uma situação vexatória”.
Para o oficial
aposentado da Polícia Militar de Rondônia, o melhor caminho ainda é uma
conversa:
“O primeiro
passo é tentar demover aquela pessoa que está participando. A interferência
ainda que momentânea, pode surtir o efeito, que ainda que uma pessoa que gera
aquela condição, se sinta observada. Naquele primeiro momento, ela não pode
parar aquilo que está fazendo, mas ela vai identificar que alguém viu seu
comportamento não é adequado. A segunda dica é que vocês procurem pessoas que
tenham mais experiência do que vocês. No ambiente escolar, pode ser um
supervisor ou professor, por exemplo. Uma pessoa que possa orientar quais
caminhos você pode seguir. O que não pode é você enfrentar esse distúrbio, essa
anomalia sozinho”.
Para ele, em
último caso, as autoridades deverão ser acionadas para combater a prática, que
já é considerada crime.
“Se a gente falar com a pessoa, conversar com as pessoas experientes da escola,
chamei meus pais e não resolveu? Então chamamos as autoridades. Houve mudança
nas leis, então aciona 190 ou chama na delegacia. Os policiais militares vão
até o local e atenderão da melhor forma possível. Muitos desses problemas,
apenas com conversas e tratativas são resolvidos”.
Marcos Freire
ainda deixou uma mensagem no final de sua palestra: “O importante é que os
alunos tenham empatia uns pelos outros e gerem um ambiente de paz e
tranquilidade no ambiente escolar para que os estudantes desenvolvam suas
atividades. Um evento desse quando acontece, tanto o bullying quanto o
cyberbullying, é que o aluno é obrigado a frequentar um local que faz muito mal
a ele. Então precisamos encontrar formas de lidar com isso, já que o foco é o
aprendizado. Uma pessoa não pode deixá-la ir para a escola. Mas existem casos
de pessoas que nunca mais voltaram à escola depois desses fatos. Isso é muito
sério”.
Legislação
Antes da
segunda palestra com o coronel do Corpo de Bombeiros de Rondônia, Francisco
Pinto Andrade Júnior, foram descritos dois casos em que o bullying nas escolas
foi executado em assassinatos em massa. Um no Rio de Janeiro e outro em São
Paulo.
“As novas leis
realizaram duas tipificações de bullying que são crimes. E as pessoas têm que
entender que é um assunto sério, pois quando o João sofre com isso, atinge todo
o entorno do João. A sociedade toda é impactada. A família do João vai sofrer.
As famílias dos amigos do João vão sofrer e os amigos dele vão sofrer. Somente
em janeiro de 2024 foi tipificado o bullying e o cyberbullying como condutas
infracionais. E o cyberbullying é considerado mais grave, porque o bullying
acontece no ambiente escolar e o cyberbullying ocorre 24 horas todos os dias. E
a gente não tem um parâmetro de onde isso vai parar”, afirmou o coronel do
Corpo de Bombeiros de Rondônia, Andrade Júnior.
Ele continua: “E agora isso se tornou pior, porque existem até grupos de
mensagens que são criados para falarem mal de determinadas pessoas. Isso é
muito grave e prejudicial. Não podemos aceitar esse tipo de conduta e que isso
se propague como algo certo. Uma brincadeira só é sadia quando todos participam
e gostam dela”.
O oficial ainda comentou que pode ser formada uma rede de apoio dentro do ambiente escolar: “Temos que implementar uma prática que chamamos de compliance escolar, onde os membros da comunidade sejam treinados e orientados para lidar com as práticas do bullying e cyberbullying. Os alunos também têm que ter um espaço para diálogo. Uma sugestão que damos é uma caixinha onde eles podem colocar bilhetinhos, onde eles podem informar se estão sofrendo ou se sabem de alguém que sofre bullying”.
Andrade Júnior ainda destacou que o bullying e o cyberbullying ainda podem gerar consequências graves, incluindo mortes.
“Infelizmente, lidamos com muitas ocorrências envolvendo suicídio. O bullying pode gerar uma série de consequências graves, como depressão no aluno que está sofrendo, ansiedade, queda no rendimento escolar. Situações de revolta que podem culminar em assassinatos e até suicídios. E ele é só um dos resultados que podem acontecer com o bullying”.
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