Terça-feira, 19 de setembro de 2023 - 10h44
Em pronunciamento nesta segunda-feira (18) no
Plenário da Câmara Alta, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) lamentou as
dificuldades que o País enfrenta para garantir os objetivos de prosperidade,
desenvolvimento e distribuição de renda mais igualitária para a população
brasileira ao longo dos anos.
O parlamentar disse que há uma série de questões
que impedem o crescimento do país. Segundo ele, na época da Proclamação da
República a renda média do brasileiro era de US$1.000 por ano e hoje é de US$15
mil. “Houve um avanço em 134 anos. Hoje chega a U$ 37 mil per capita.
No entanto, tanto a americana quanto da Coreia, Japão, Portugal,
Canadá, como tantos outros países, a renda média dessas populações é três vezes
maior do que a renda média do brasileiro. Esta diferença é fruto dos processos
de reformas profundas nesses países”, disse.
Confúcio Moura lamentou que o Brasil convive com
uma dualidade perversa, ou seja, de um lado, uma minoria concentra grande parte
da riqueza, e do outro lado, a enorme massa de brasileiros pobres. “Não
precisa nem ver notícia, basta pegar o carro e dar uma volta. Aqui em Brasília,
nas ruas, aqui perto da Universidade de Brasília para ver uma quantidade de
pobres jogados, com casas de papelão, outros no meio do lixo, outro coletando
material reciclável, criancinhas de colo na mão da mãe, assentadas ao relento”,
descreveu.
O senador disse que em qualquer canto deste país
encontra-se uma brutal desigualdade. “A capital de São Paulo, por
exemplo, tem um orçamento maior que a maioria dos estados brasileiros, só a
capital. Mas vai lá verificar se eles conseguiram acabar com a cracolândia. Por
que tantos prefeitos, tantos governadores de São Paulo não conseguem controlar
e segurar a cracolândia, que é uma verdadeira comunidade a céu aberto de
desvalidos, de dependentes químicos?”, questionou.
De acordo com o senador, não há uma solução viável
na construção do pensamento das pessoas, dos executores de políticas públicas,
que não encontraram saída para o morador de rua. “Por que nós não conseguimos
romper essa situação de pobreza, de dificuldades, de desigualdades, todos esses
fatores negativos? Por quê será? Eu respondo: porque o Brasil tem um
enorme medo de fazer reformas”, disse.
Confúcio Moura lembrou que, enfim, o Congresso
Nacional está discutindo a reforma tributária e isso tem sido objeto das mais
ferrenhas adversidades. Os lobistas das grandes corporações atuam noite e
dia na defesa dos seus interesses particulares, na busca de manter suas
posições confortáveis. “Isso é fato! Não adianta querer negar a realidade.
São pessoas muito bem vestidas, muito preparadas, tecnicamente preparadas, que
têm argumentos fortíssimos para nos convencer a não votar na reforma
tributária, porque a reforma tributária vai atrapalhar o negócio dele, só o
dele! A reforma é boa, mas para os outros, para ele, não! Não mexa comigo! Mexa
com os outros! É esse o negócio do lobby!”, afirmou.
Para o senador é preciso ter força para se fazer
esse enfrentamento, pela justiça e pelo crescimento do Brasil. “A gente
fala assim: por que é que Singapura e a Coreia do Sul cresceram? Por que é que
outros países cresceram? Porque, além das reformas econômicas estruturais, eles
fizeram também a reforma da educação. Eles investiram na educação de qualidade.
Colocaram, realmente, as crianças para aprender! Vai para escola é para
aprender a ler, escrever e contar! Essa é a realidade”, enfatizou.
Confúcio Moura reafirmou a importância de se fazer
um investimento na educação. “A gente tem que fazer o que deve ser
feito, o arroz com feijão, bem-feito, e a gente trabalhar com consciência, com
firmeza, e acreditando que os discursos de Ruy Barbosa, de José do Patrocínio,
de Pedro Simon, de Mário Covas, de Darcy Ribeiro, de João Calmon, que os
discursos de todos esses ilustres Senadores e Deputados que passaram por aqui
ao longo da história do Brasil não serão em vão, que seus discursos não morram
dentro desse ambiente fechado, sem eco”, disse.
Ao finalizar, senador rondoniense enfatizou que o
discurso em prol da educação deve se irradiar de norte a sul do país e que ele
incendeie os corações e que mobilize a juventude para o novo momento da
história. “Não devemos crer que a tecnologia resolverá tudo. A tecnologia é
ferramenta, não sujeito para a mudança. Ou preparamos nossos jovens para
conduzir a mudança, ou ficaremos na periferia para sempre. Um país que ocupa a
posição econômica e política que ocupamos, tem condições de ousar, de buscar
ser grande e, sobretudo, justo para com a sua gente”, concluiu Confúcio
Moura.
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