Terça-feira, 20 de junho de 2023 - 17h31
Em mais uma
sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Ocupações em Unidades de
Conservação da Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero), realizada nesta
terça-feira (20), o titular da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam),
Marco Antônio Lagos, foi convidado para prestar diversos esclarecimentos sobre
ações da instituição.
Além do
presidente da Comissão, deputado Alex Redano (Republicanos), participaram da
reunião a deputada dra. Taíssa Sousa (PSC), deputado delegado Lucas Torres
(PP), deputado Pedro Fernandes (PTB) e o deputado delegado Camargo
(Republicanos), de forma online.
“Tenho falado
aos parlamentares para nos atermos à parte técnica. Vamos voltar nossas
atenções para o andamento da CPI, que é muito importante para o estado de
Rondônia. Estamos vivendo um momento em nosso país onde não podemos errar na
área ambiental. Se não tivemos união, se não focarmos na questão ambiental,
podemos entrar em um momento difícil”, destacou Alex Redano.
Que completou:
“Se acontecer o que já está acontecendo no Sul do Amazonas, vamos entrar em
dificuldades na questão financeira. Está no azul e é totalmente dependente do
agro. Quem sustenta nosso estado é o homem do campo. Essa pauta ambiental, essa
questão das reservas, essa questão do gás carbônico. Essa questão dos embargos,
onde teremos essa reunião em Brasília, ela é primordial. É a principal pauta do
estado de Rondônia”.
O presidente
da CPI ainda expressou aflição em relação a algumas situações: “Não é pintando
um futuro preocupante, mas é a verdade. Se não nos unirmos e evitarmos que
aconteça em Rondônia o que está predisposto a acontecer. As pessoas falam
abertamente em Brasília que tem uma pauta ideológica para a Amazônia, para o estado
de Rondônia. Isso aí já está claro. Nós precisamos defender nosso estado, para
que isso não aconteça. Se isso acontecer, será uma tragédia econômica para o
homem do campo e todo o estado”.
A deputada
dra. Taíssa Sousa foi a autora do requerimento para convidar o secretário da
Sedam reforçou a importância da reunião em Brasília nesta quarta-feira (21) com
representantes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Renováveis).
“Essa reunião
em Brasília é essencial e a situação ambiental é gravíssima. Estive em reunião
desde lá do Cachoeirinha, lá no Candeias, na situação de Primavera, na Ponta do
Abunã e as pessoas estão desesperadas. As pessoas estão entregando suas
propriedades à preços praticamente de graça. Elas não sabem o que fazer. Pior
do que a situação dos embargos é a do rastreamento”.
Ela continuou:
“Hoje, Jacy tem uma situação onde a pessoa tem uma área embargada, tem o gado e
ela não conseguir mais poder vender para o frigorífico. Infelizmente, isso
incentiva homens e mulheres trabalhadoras irem para a ilegalidade. Passar o que
tem de bens para uma outra ficha e outras situações bem graves que estão
acontecendo em nosso estado. É injusto levar esses trabalhadores a cometerem
ilícitos para poderem sobreviver. Isso é inaceitável!”.
O presidente
da Comissão de Meio Ambiente e membro da CPI, Pedro Fernandes, comentou que o
objetivo da CPI é dar segurança jurídica ao setor produtivo rondoniense.
“Estamos em
início de mandato, então não tem politicagem. Queremos uma resposta séria e
definitiva. Não estamos afrontando os órgãos de controle. Temos um grande
respeito pelo Judiciário, pelo Ministério Público, Ministério Público de
Contas, Tribunal de Contas. Também respeitamos as opiniões diversas, ao ouvir
todas as partes”.
Pedro
Fernandes agradeceu “a presença do secretário da Sedam, que está sempre
disposto a ouvir. Problemas existem para ser resolvidos e queremos ter uma
parceria com a Sedam para dar um Norte para nosso estado. Muita gente acha que
o problema é o produtor que está lá com sua área e causa problemas ambientais.
O problema é quem está na cidade. O homem do campo produz para alimentar quem
está na cidade”.
O parlamentar
que é da região do Vale do Jamari ainda afirmou que o papel do representante da
Sedam é essencial para as investigações da CPI.
“O secretário
não seria ouvido de forma separada, até porque faltam sete processos de criação
das unidades de conservação a serem enviados para nossa análise. Todavia,
devido ao pedido de vários moradores da Ponta do Abunã, do Vale do Jamari, de
Porto Velho e outras regiões, o povo está muito preocupado. A Sedam está
notificando as famílias a desocuparem suas moradias, bem como retirar os
animais ali existentes. Por isso, convidamos o secretário a prestar
esclarecimentos”.
Questionamentos
O deputado
delegado Lucas Torres observou que “o agro é a mola propulsora de Rondônia, e
como bem frisou nosso presidente, Alex Redano, precisamos dar mais segurança
jurídica aos nossos proprietários de terras e produtores rondonienses. E como
disse o deputado Pedro Fernandes, temos que envolver os órgãos que são
constitucionalmente ligados ao meio ambiente e a regularização agrária”.
Ele que é da
região de Buritis ainda comentou que “temos que trazer para essa discussão
todos os órgãos de controle, de Estado. Essa insegurança que cerca o homem do
campo também afeta a cidade. Sabemos que toda a cadeia produtiva também passa
pela área urbana. Nós que somos da região de Buritis, uma cidade nova dentro de
um estado novo, padecemos dessa morosidade em regularizar suas propriedades
rurais”.
Torres ainda
cobrou que “é dever dessa Assembleia avançar nas pautas que tem objetivo de dar
mais segurança jurídica aos nossos produtores rurais, avançando na questão da
regularização das propriedades, o que vai facilitar o trabalho dos órgãos de
controle no futuro, onde possamos avançar com mais tecnologia sustentável, com
a preservação do meio ambiente. Mas sem tratar nosso produtor que faz parte do
meio ambiente, de forma indissociável, como vilão dessa história”.
Dra. Taíssa
Sousa, Pedro Fernandes e delegado Lucas Torres fizeram os seguintes
questionamentos respondidos pelo titular da Sedam, Marco Antônio
Lagos:
- Quantas
propriedades em Rondônia que já tem o CAR?
Resposta – Já
temos 100 poucas mil declaradas, porque o CAR tem duas fases: fase declarada
pelo produtor e a fase avaliada pela secretaria. Já temos 8 mil CAR aprovados
em Rondônia, além de muitos outros em pendência.
-
Quantos estão em análise?
Resposta – Não
tenho agora de cabeça, mas é praticamente a diferença que sobra desse total.
Pois temos que analisar o que está em reserva, APP e outras questões
ambientais, e o técnico avalia que não está fidedigno. Ele nega ou pede algum
dado complementar ao técnico que declarou o CAR. Às vezes, esse dado demora um
pouco ou está lenta essa interação.
- Qual o plano
de trabalho em relação às análises do CAR para que a pessoa não fique sem a
documentação?
Resposta –
Esse é um sistema que não depende de Rondônia. Temos algumas costumizações,
poucas. Contratamos programadores para manter a atualização do sistema, mas o
sistema federal fica muito tempo fora do ar. Estávamos aguardando com qual
ministério iria ficar com esse sistema: se o Meio Ambiente, da Agricultura.
Isso a União não definiu ainda. Temos a contratação de técnicos temporários
para a homologação do CAR. E essa homologação também depende do técnico
privado, que faz a parte para o produtor. Ele que faz a análise da APP e faz as
correções. Muitas incorreções estão nessa parte da reserva legal e onde será a
recomposição. São partes importantes, pois após aprovação do CAR, ele tem que
entrar com o plano de recomposição da área degradada para poder desembargar a
área. Muitas vezes fica travada nesse quesito. Muitas vezes, um CAR chega a ser
analisado 10, 15 vezes.
- O
senhor acredita que a quantidade de técnicos é suficiente para analisar toda a
demanda?
Resposta - A
quantidade está boa, não é insuficiente. Temos avançado muito no CAR, tanto que
somos o primeiro no país em análise e aprovação de CAR. Temos problemas,
passamos por muita instabilidade. Há estados no país que tem apenas 10 ou 15
CAR aprovados por problemas no sistema. Rondônia tem avançado bastante. São
oito programadores contratados exclusivamente para o CAR e a manutenção do sistema.
O sistema é sincronizado com Brasília e essa sincronização demora. Às vezes, o
técnico perde muitas horas apenas aguardando a sincronização. Não dá para
passar para outra análise, porque é um sistema online. Estamos comprando novos
computadores para ajudar. Todo o Brasil está enfrentando o mesmo
problema.
-
Assim como o Governo que faz uma atuação itinerante, o que a secretaria vem
fazendo para agilizar essa documentação?
Resposta - A
Sedam tem atuado por regiões nessa questão do CAR. Eu acredito que precisamos
aumentar a conversa entre os produtores e técnicos. O sistema não é simples. Se
fosse simples, vários estados já teriam resolvido. Eu tive uma reclamação onde
o técnico demorou sete horas para avaliar um CAR, em razão do sistema que travou.
E não adianta: não conseguiu passar para outro. Ficou naquele. Avançamos muito
e vamos avançar ainda mais. Não é uma ferramenta fundiária, mas de gestão
ambiental. Está avançando nisso e também na questão fundiária, que também é um
grande problema de Rondônia. Graças à Assembleia e ao nosso governador foi
criado o Instituto de Terras, que também é importante para resolver a questão
ambiental.
-
Falando da região de Guajará-Mirim, tem sido feito algum mutirão ou haverá
algum plano para lá? Como nós, da Assembleia Legislativa, podemos auxiliar
nisso?
Resposta -
Guajará não tenho de cabeça, mas vamos atuar em todas as regiões para resolver.
Em Cerejeiras há um problema na bacia do Rio Araras, com uma seca muito grande
e ações civis públicas, que o MP entrou. Estamos nessa região até para usar
como laboratório para outras regiões e corrigir em outros programas que estamos
in loco. Na teoria, tudo é fácil de resolver. Na prática, acabamos enfrentando
outros problemas.
- Qual
o plano de ação e de informação para o produtor rural fazer o CAR?
Resposta - É
informado no e-mail de quem faz o CAR. É obrigatório, pois é online. É feito
por ali, onde aguardamos o retorno da parte técnica dos engenheiros privados.
Muitas vezes são feitos por órgãos de governo, como a Emater. É um processo que
aguarda a manifestação da parte.
-
Quantas áreas precisam de regularização que estão em áreas de
preservação?
Resposta -
Cada área tem a sua história. Existem áreas que ficaram intactas por décadas e
outras eram apenas para extrativismo. Outras, como a Soldado da Borracha, que
foram criadas com pessoas já com escrituras. A lei não proíbe, mas existe
aquela questão de indenização e tudo mais. Dentro das áreas de reservas, podemos
tentar levantar. São números informais, já que são situações
ilegais.
- O
senhor tem conhecimento dos procedimentos administrativos envolvendo as 11
unidades de conservação?
Resposta - Eu
me ative aos processos que eu poderia resolver mais rápido. Essas questões já
estavam judicializadas. Eu, por exemplo, me ative na situação envolvendo o
pirarucu do Rio Cautário, que era uma praga para região, mas conseguimos vender
esse pescado para gerar economia e renda.
- Em
relação aos vícios insanáveis envolvendo a criação das 11 reservas, o que o
senhor tem a dizer?
Resposta -
Claro que não estudei as 11 reservas, me atentei mais a Soldado da Borracha. Eu
entendo, particularmente que foi ilegal a forma da criação. Porém, o judiciário
suspendeu a nulidade feita pelo governador. Agora dependemos da finalização
dessa questão. A secretaria, por meio dos seus técnicos, da sua procuradoria e
do seu secretário, estará pronta para explicar e passar as informações
necessárias. Eu entendo nulo, por questões formais e legislativas. Entendo que
foi acertada a decisão do governador a nulidade. Cabe a nós cumprir a decisão
judicial.
Requerimentos
No final da
sessão ainda foram aprovados alguns requerimentos ao Governo do Estado e à
Sedam:
- Recomendação
legislativa para que Governo do Estado e Sedam suspendam todos os atos de
desocupação das unidades sob investigação até a conclusão dos trabalhos dessa
comissão;
- Recomenda
ainda ao órgão que continue com os projetos de manejo florestal com processos
administrativos já em curso.
- Reiterar o
encaminhamento dos sete processos administrativos já requeridos anteriormente;
Apresentação da prorrogação por mais 30 dias dos trabalhos da CPI
- Plano de
ação para regularização do CAR na região Madeira-Mamoré, de Buritis e do Vale
do Jamari; Plano de ação para informação dos produtores rurais de forma ampla
sobre o registro do CAR, bem como o detalhamento das áreas em análise e como os
parlamentares podem colaborar;
- Requerimento
à Sedam sobre equipamentos cartográficos em relação ao IBGE com treinamentos e
delimitações, se há possibilidade de se fazer uma parceria.
- Requerimento
ao Governo do Estado para saber quantas áreas rurais estão sem documentação e
quantas delas estão em áreas de reserva ou proteção ambiental.
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