Terça-feira, 4 de abril de 2023 - 16h09
ARCABOUÇO
Ao
que parece o intelectual da USP e ministro da Economia Fernando Haddad tem pela
frente uma luta infernal para convencer os congressistas – uma parte
fisiológica e outra mais numerosa conservadora – a aprovarem o “Arcabouço
Fiscal” anunciado antes de concluso todo o projeto a ser enviado ao Congresso
Nacional para debate e votação. A começar pelo rótulo (arcabouço) e passando
pelas explicações tecnicistas, o ministro de Lula terá um caminho longo para
conseguir adesão ao plano de nome com pouco (o nada) apelo
político.
MARKETING
Um
plano econômico em si não é algo fácil de compreensão ao homem médio da
sociedade, mas qualquer caboclo das barrancas dos igarapés do Oiapoque ao Chuí
compreende quando o governo aperta o cinto do andar de baixo e o piloto da
economia está perdido. A mídia se encarrega de esmiuçar o ‘economês’ quando os
agentes políticos não sabem se comunicar de forma menos intelectualizada com a
população. Haddad será cobrado por todos na hipótese não saber passar
confiabilidade na economia com uma estratégia de comunicação bem sólida e
agressiva.
OBSEQUIEDADE
Cortar
gastos para fazer superavit primário qualquer pessoa com conhecimentos
rudimentar consegue se sobressair. Somente a estabilização da economia e a
volta do crescimento são capazes de sufocar parte da política extremista que
alimenta o ódio num país dividido. Os desafios para Haddad são monumentais uma
vez que não dispõe de uma narrativa compreensível capaz de arregimentar adesões
imediatas. Pelas pesquisas divulgadas recentemente o eleitor ainda está cético
com um panorama econômico virtuoso. Há mais desconfiança do que otimismo.
Embora a maioria, mesmo apertada, torce que o governo dê certo para o bem da
nação e dos cidadãos que não se alimentam do obsequioso ódio ideológico que
devasta as relações entre os brasileiros.
FAKE
É
impressionante o número de pessoas que usam as redes sociais para destilar seus
desatinos. Cem dias após a posse do atual governo, os “guerrilheiros” virtuais
permanecem ativos espalhando todo tipo de fake news que alimenta o ódio e
realimenta os entrincheirados a disseminarem mentiras nas plataformas digitais.
É um processo extremamente de rompimento porque a inverdade travestida de “nova
verdade” se espalha numa velocidade de fogo em palheiro. A rede hoje acolhe e
ajuda a espraiar o que tem de mais pernicioso no momento que é o fake e é esse
pessoal que Haddad agora vai ter que também enfrentar com uma narrativa mais
convincente do que as mentiras por eles propagadas.
ESCATOLOGIA
Há
um adágio que diz, ‘prego batido, ponta virada’. É possível que tenha sido este
anexim utilizado pela autoridade governamental ao nomear mais uma vez um
assessor supostamente responsável em desviar madeira nobre apreendida, mas que
fora destinada legalmente para ações de caridade. Em tempos de Semana Santa, ao
que parece, cada prego batido em favor da indicação governamental é um prego na
cruz da esperança de quem necessitava da madeira para erguer um casebre. O
ditado popular revela o quanto Barrabás ainda está vivo no inconsciente cristão
e governamental. Não há outra interpretação senão escatológica a obscenidade de
tal nomeação.
RISCO
Rondônia
é indiscutivelmente um reduto antipetista que o bolsonarismo fincou raízes e
floresceu. São inúmeros parlamentares rondonienses eleitos que utilizam da
mesma linguagem extremista de direita com o objetivo de manter-se conectado com
este nicho ideológico. Mas como diria o político mineiro Magalhães Pinto,
‘política é como nuvem’... e, sendo assim, basta a economia melhorar a vida da
maioria em 2024 para que o discurso raivoso feito com toda soberba vire um
risco eleitoral nas eleições que se aproximam.
SEGURANÇA
O
aumento da violência em todo estado é atualmente o maior gargalo e desafio para
a Segurança Pública do governo do coronel Marcos Rocha. Esta escalada está
muito ligada ao tráfico de drogas, furtos e roubo. Ainda durante a campanha o
coronel Rocha foi obrigado a mudar a cúpula da pasta senão contaminaria a
campanha. Com a mudança, na época, pouco mudou e os índices de violência
continuaram subindo. Nestes cem dias de governo os índices não baixaram, mas a
decisão governamental em colocar totem nas principais ruas da capital que
captam a imagem das pessoas e imediatamente cruzam as imagens com o
banco de dados da criminalidade é uma decisão exitosa de inteligência policial.
É um começo, necessitando que sejam também implantados nos bairros periféricos
onde a violência campeia, além de outras ações importantes que ajudam a
derrubar os índices e provoquem na população sensação de segurança.
FEMINICÍDIO
Com
os números crescentes nos casos de feminicídio é preciso que haja ações
públicas efetivas para que também caiam. O Governo Federal começa a fazer sua
parte em aprovar uma lei que obriga as Delegacias das Mulheres a funcionarem
todos os dias e o dia todo. Aliás, em Rondônia, o deputado estadual Delegado
Camargo, antecipando-se a lei federal, aprovou uma similar, obrigando que a
delegacia funcione 24 horas, todos os dias. Independente das divergências
naturais da política, o importante é que os casos de feminicídio caiam com o
apoio de todos nós. Se possível a zero.
MEIO
AMBIENTE
Como
este cabeça-chata havia previsto ainda em dezembro do ano passado, antes da
posse de Lula, o meio ambiente voltaria a ser tratado como primordial às
políticas públicas. São várias as operações de combate aos crimes ambientais em
andamento com investigações bem adiantadas. Há entre parte da classe política a
defesa cega e inconsequente do setor agropecuário, agricultura, extrativismo
vegetal e extração aurífera, uma concepção equivocada de que vale a pena
sacrificar nossas riquezas florestais, minerais e os mananciais em nome do
progresso. Todos estes setores econômicos são importantes para Rondônia e para
o desenvolvimento. No entanto, há regras a serem respeitadas e tais regras são
violadas em nome do lucro. A fiscalização com o combate firme e inexorável aos
crimes ambientais é tão importante para o futuro econômico dessas atividades
como para a nossa própria sobrevivência, embora os depredadores e seus
porta-vozes professem do contrário.
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