Terça-feira, 12 de setembro de 2023 - 13h17
Esta coluna já havia apontado o Censo nacional
concluído em maio passado como um dos vilões que impactou o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) causando sérios prejuízos aos programas e
investimentos dos municípios brasileiros. O FMP é a maneira pela qual a União
repassa verbas para os municípios brasileiros, cujo percentual, é calculado
principalmente pela proporção do número de habitantes estimado pelo IBGE. Além
de ser composto também pela arrecadação do Imposto de Renda (IR) e Imposto
Sobre Produtos Industrializados (IPI).
PREVISÕES
Em
Rondônia, por exemplo, o presidente da Associação dos Municípios Rondonienses,
Hildon Chaves, prefeito da capital, tem alertado para a queda vertiginosa
desses repasses. As previsões iniciais apontam para trinta por cento na queda
se comparado ao ano anterior. Uma queda que afeta a continuidade de
programas sociais em andamento e obras estruturantes. Chaves tem sugerido aos
municípios, entre outras ações para recompor a arrecadação, a adoção de um
REFIS, que é o meio legal pelo qual o programa quando adotado beneficia pessoas
físicas e jurídicas que possuem débitos com a Fazenda Pública Municipal,
Estadual ou Federal, da Administração Direta, tanto tributários quanto não
tributários.
REFIS
O
próprio prefeito da capital já tem lançado mão de Refis, ano após ano, para que
tais créditos ingressem com maior rapidez ao tesouro municipal sem a morosidade
jurisdicional causada por eternos recursos. É uma boa saída para melhorar o
caixa.
CRÍTICAS
Há
quem critique o REFIS alegando causar prejuízos ao erário. O que é uma baita
tolice uma vez que na constituição do crédito devedor é adicionado ao débito
principal multas e taxas consideradas por todos como extorsivas. Contra essas
multas e taxas é que o Refis é instituído a fim de que o devedor possa saldar a
dívida com o leão. Portanto, não há em tese renúncia de receita, mas tão
somente a retirada da composição do débito à ‘anomalia’ tributária
apontada.
LEGALIDADE
O
REFIS é legal e não atenta contra a probidade administrativa, embora haja vozes
que reverberem nesse sentido. Recentemente o próprio presidente da Associação
dos Prefeitos de Rondônia, Hildon Chaves, sugeriu que o governador enviasse
imediatamente um REFIS para que as grandes empresas devedoras do tesouro estadual
possam regularizar seus débitos. Tais recursos, caso ingressem no caixa
estadual, são divididos com os municípios que, no momento, estão de pires na
mão em virtude da queda da receita.
OBJEÇÕES
O
problema é que o Poder Legislativo Estadual, no ano passado, reduziu
inesperadamente o percentual que as empresa poderiam transacionar com o estado
sem as multas e os juros escorchantes. Segundo a coluna apurou, o percentual é
tão baixo que não minimiza em quase nada o impacto com as perdas das receitas que
os municípios sofreram.
ENCALACRADOS
Inúmeras
empresas grandes poderiam ser chamadas a negociar seus débitos caso seja
aprovado um Refis sem teto de negociação. Esse teto legislativo impede as
negociações e, por conseguinte, o incremento imediato nas receitas municipais.
Esta é, portanto, a razão pela qual Hildon Chaves, em nome dos municípios
rondonienses, sugere a adoção de um refis estadual. Uma boa sugestão que pode
dar respiro às prefeituras encalacradas com dívidas.
RETROCESSO
Embora
em sede de decisão judicial a máxima é que seja cumprida e não debatida, nas
esferas intelectuais qualquer debate é salutar à vida democrática, em
particular as oriundas das decisões judiciais com repercussão geral. É o caso
da volta do imposto sindical que estava sepultado e voltou a viger depois que o
Supremo Tribunal Federal julgou a legalidade da contribuição assistencial para
custear a máquina do sindicato. A decretação de validade desse imposto é um
retrocesso político, jurídico e moral. Principalmente porque no julgamento
estenderam a obrigatoriedade aqueles que optam em não se sindicalizar,
recriando a obrigatoriedade compulsória do recolhimento do imposto.
REPRESENTATIVIDADE
Os
Sindicatos estavam capengando por falta de representatividade política uma vez
que alguns dos seus dirigentes transformaram o exercício do cargo sindical numa
espécie de “profissão”, o que afasta o suposto líder da realidade vivida pela
base da entidade. São inúmeros casos envolvendo lideranças pelegas em malfeitos
o que levou à descrença dos liderados com a representatividade do sindicato.
Com a retirada do imposto, foi um plus para uma crise que culminou com
sindicatos burocráticos e cartoriais. Com o imposto, a sanha por dirigir um
entidade com uma rentabilidade compulsória é o retorno ao atraso. Embora
sejamos justos em reconhecer que a luta de classe necessita entidades fortes.
Mas sem a compulsoriedade que o STF recriou.
TURISMO
Fotos
de servidores de uma secretaria estadual em uma viagem a Foz de Iguaçu, sob o
pretexto de um curso de gestão e fiscalização de contratos administrativos,
pululam nos grupos de WhatsApp com os laureados com a viagem postando os pontos
turísticos da belíssima cidade da tríplice fronteira do Paraná. É possível que
tais fotos tenham sido registradas em horário de folga, o problema é que os
locais onde visitaram somente funcionam em horários comerciais que, por
coincidência, são os mesmos do curso.
PSB
O
advogado e professor universitário Vinicius Miguel é o novo presidente regional
do Partido Socialista Brasileiro (PSB), substituindo a turma ligada ao
ex-deputado federal Mauro Nazif. Com a direção partidária sob o sovaco, Vini
deu um grande passo visando as eleições municipais, uma vez que somente é
candidato quem tem debaixo do braço uma legenda. A ascensão do advogado ao
cargo do PSB não significa que houve por parte de Vini uma defenestração de
Mauro Nazif, mas a substituição de alguns membros diretoriano de forma
consensual para que o partido consiga sair da letargia em que se encontra.
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