Segunda-feira, 10 de maio de 2021 - 15h24
Tutóia
– Um Paraíso no Maranhão, 10 de maio de 2021.
Não se discute o poder da solidariedade
do povo brasileiro. Em tempos de pandemia que agravou a crise do desemprego, o
qual agravou a qualidade de vida dos desempregados. Que, além de não terem mais
os seus empregos, muitos também ficaram sem pai, mãe, filho, filha, irmão,
irmã, cônjuge, parente, amigo, conhecido anônimo ou famoso como o Paulo
Gustavo, que deixou o Brasil mais triste. E ainda com a impossibilidade de se
reunir, abraçar e beijar pessoas que gostam e amam. Também sem comida, e o
pior, sem esperança. Estamos com um pouco mais de um ano nesse estado e parece
que sempre estivemos assim. Resultado da nossa capacidade de adaptação.
O Sars-Cov-2 não tem preferências.
Assim, os empregados e empregadores também tiveram perdas, tanto quanto os
desempregados e os que nunca tiveram empregos. Entre as perdas não está a falta
ou perda de qualidade de alimentação. Certamente, há perdas, essa geral, de
cunho psicológico. Afinal, também perderam alguém e estão sob os limites
impostos pela doença.
Um em cada quatro brasileiros, perderam
alguém muito próximo para a Covid-19, independentemente da posição social. Sete
em cada 10, conhecem alguém que morreu por causa da doença. Uma tragédia. Há
uma CPI em andamento para apurar responsabilidades. Hoje, o placar macabro é de
mais de 420 mil mortes. No mundo, cerca de 3,3 milhões.
A falta de comida é crônica. Não é de
agora que há inúmeras ações solidárias para aplacá-la. Governos e sociedade
civil organizada e indivíduos diariamente se entregam a esse desafio
permanentemente. Betinho é um ícone desses movimentos. Herbert de Souza, o
Betinho, fundou a Ação da Cidadania em 1993, para reduzir a fome dos que viviam
abaixo da linha da pobreza.
Felizmente, há milhões de “Betinhos”
espalhados por aí. Ocorre que aumentou a demanda. E eles se multiplicam.
Afinal, “Deus dá o frio conforme o cobertor”. Sabedoria popular inserida na
poesia do saudoso Adoniran Barbosa. Será sempre assim. A solidariedade vem de
fonte abundante. É inerente a nós humanos.
Os tempos são outros. As demandas se
agigantaram. Se não bastasse a falta de comida, há também a falta generalizada
de perspectiva, de tranquilidade, de paz.
Esse vírus é uma fonte poderosa de
coisas ruins. Isso exige união das pessoas boas para combatê-lo. O Brasil é uma
fonte interminável de pessoas boas. O mundo é uma fonte infinita de pessoas
boas. Ao contrário do vírus, produzem coisas boas em quantidade suficiente para
anular os efeitos das coisas ruins produzidas por ele – o coronavírus – e por
pessoas ruins. Sempre foi assim. O mundo sempre produziu vírus e pessoas ruins.
A produção de pessoas boas é maior. Por isso os problemas sempre foram
resolvidos. Continuará assim. Questão de tempo. O problema é: quanto tempo?
A falta de alguma certeza de quando
isso chegará ao fim, aumentou a demanda de pessoas que necessitam de ajuda
psicológica. Diferentemente de ajudar os que tem fome, ajudar os que não tem
perspectiva parece ser algo mais complexo. Afinal, isso é coisa para
profissionais da psicologia. De fato. Por esse ponto de vista, alimentação
seria coisa para profissionais da nutrição. No entanto, isso não impede ninguém
de contribuir para alimentar os que passam fome. Assim, como sabemos e podemos
alimentar os que precisam também sabemos acalmar os que necessitam de um pouco
de atenção. Ou pelos menos tentar. Temos um pouco de tudo. Somos de certa
forma, “clínicos geral”.
Aos famintos damos alimentos. Aos sem
perspectiva, damos afeto. Isso podemos fazer. Na verdade, já fazemos. Agora
precisamos fazer isso de forma consciente para poder ajudar mais pessoas.
Ligar para uma pessoa é mais barato que
comprar um pouco de alimento. Ao entregar um pouco de comida, também entregamos
afeto, entregamos perspectiva. Só precisamos nos conscientizar disso e melhorar
essa ainda mais essa parte. Está nos versos de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer
e Sérgio Britto - Titãs: “A gente não quer só comida”. Queremos também “saída
para qualquer parte”, “diversão e arte”, “prazer pra aliviar a dor” entre
outras justas reivindicações.
A história da Preta, publicada
no jornal O Estado de São Paulo, me chamou a atenção para isso. Sua história é
só mais uma. O preocupante é o aumento da demanda, que exige que mais pessoas
se engajem no trabalho solidário de ajudar outras a aplacar a fome de
perspectiva.
No caso da Preta, ela usa a sua própria
experiência, as lições tiradas do seu particular desespero para matar a fome de
alento, de esperança, de perspectiva de outras pessoas. Há motivos de sobra
para aumentarmos a nossa oferta de empatia.
Diene Carvalho, a Preta, após tentar quatro vezes
tirar a própria vida, certamente porque o mundo fechou-lhe a maioria das
portas, ajuda outras pessoas a também encontrarem suas respectivas “luz no fim
do túnel”. Ela recebeu ajuda. Alguém a conduziu para que encontrasse uma porta,
pela qual saiu e se recuperou. Preta sofria de Síndrome de Pânico. Uma espécie
desse gênero é a ansiedade. O que não faltam são pesquisas que apontam a
disparada de casos de ansiedade motivados pela pandemia e agravada por outros
motivos.
Pelo menos 80% dos brasileiros, em pesquisa
realizada nos meses de maio, junho e julho do ano passado, desenvolveram ou
agravaram estados de ansiedade.
Preta é maranhense de Cururupu, cidade de 32 mil
habitantes. Há muito tempo reside no Rio de Janeiro. Os médicos falavam para
ela: “você só precisa ocupar mais a mente [...] sai, vai encontrar uns amigos
que passa”. Não era bem assim. Agora, até sair para encontrar os amigos pode
ser fatal. Podemos encontrá-los virtualmente. Fato.
Diagnosticada com síndrome do pânico, “ficou quatro
dias sem forças nem para levar comida à boca. Não fazia sentido. Ela tentava
ser clara com todos, organizada, metódica até, mas achava que ninguém a
entendia de verdade”.
Era conhecida na faculdade de engenharia de petróleo
como Sorriso. Continua sorrindo.
Os médicos justificando que ela precisava ser
internada em um hospital psiquiátrico, escreveram na sua ficha: “paciente sem
apoio familiar”. “Isso doía em mim [...] Caraca, achei que tinha uma família”,
revelou Preta à reportagem.
Isso me faz lembrar de quantas famílias se
desestruturaram, ou desapareceram; quantos órfãos surgiram.
Ah, claro, com esse apelido – Preta -, não poderia
passar incólume sem a experiência devastadora do racismo. Venceu.
O ponto mais importante da matéria é como a Preta
ajuda as pessoas. Descobriu a importância da conversa. Cita o Seu Roberto, que
considera o seu Salvador. Segundo ela, Seu Roberto entendia suas dores e ela
também entendia as dores dele. “Entendi que ser ouvido fazia bem para ele. As
conversas com ele também faziam bem para mim”.
Se era para ocupar a mente, então por que não criar
um projeto e ajudar jovens de uma favela? Surgiu Maküb Experiense. E sua vida
mudou de vez. A vida de muitas pessoas também mudou.
Bom, o que podemos fazer para levar o nosso “quilo”
de alimento espiritual a alguém que conhecemos? Provavelmente, você ao abrir
suas redes sociais, encontrará notícias sobre mais uma morte de alguém
conhecido, próximo ou não, e que certamente o entristece.
Seguramente, não é todo mundo que pode criar um
projeto e contratar profissionais para ajudar pessoas, assim como a Preta.
Também não é todo mundo que pode comprar centenas de quilos de alimento para
distribuir. Nesse caso, podemos comprar um quilo e entregar a quem precisa.
Felizmente, muitas pessoas já fazem isso. Sempre será necessário mais pessoas
com esse propósito.
O que você pode fazer para ajudar pessoas a
encontrar ou ampliar perspectivas?
E se for você mesmo que esteja precisando de ajuda?
O segredo é pedir ajuda. A forma é a mesma: ligar para alguém. Se não tiver para
quem ligar, pode ligar para mim: 98-98458-4783 e mesmo que para quem ligar e
ainda assim quiser ligar para mim, seria ótimo.
A minha sugestão – como tenho feito -, é ligar para
as pessoas para conversar, sem roteiro. Ouvi-las, sem julgá-las. Não importa há
quanto tempo você não liga para ela.
Simplesmente pegue o seu telefone e ligue.
Ligar. Fazer uma chamada de vídeo de voz. Ligar se
tornou um ato mais complexo do que enviar mensagens. Era o contrário. As
ligações que tenho feito provam isso. São mais humanizadas, porque é possível
captar e demonstrar emoções, o que enriquece a conversa. Tarefa mais difícil
com mensagens escritas.
Uma ligação por dia ou três ligações por semana.
Como se fosse um programa de exercícios físicos. Agendada. Um minuto para cada
ligação. Tempo para dizer “Bom Dia!”, ou “Boa tarde!” ou “Boa Noite! E
perguntar em seguida: “Como você está se sentindo hoje?” Tudo pode acontecer.
Só precisamos ligar. Não tenho nada para dizer, você pode pensar. Não importa.
Apenas ligue e siga algumas das sugestões simples para iniciar uma conversa.
Para desenrolar um novelo de linha, basta encontrar a ponta e começar a puxar,
não é verdade?
Consulte a agenda do seu celular e faça uma
programação. Como se fosse um vendedor. Ao invés de oferecer produtos, ofereça
afeto. Um produto muito valioso e escasso, que você pode dar, de graça. Deus
sabe que é dando que se recebe.
Aos poucos, estou substituindo as mensagens de
texto por ligações e assim expressar os meus mais sinceros votos de Saúde &
Felicidade ao aniversariante. Ou para saudá-las e perguntar “Como você está se
sentindo hoje?” Os resultados estão sendo incríveis para ambos.
Por enquanto ligo, no mínimo, para três pessoas por
semana. O desafio é aumentar para no mínimo um por dia.
Chegará o dia que comemorarei 365 ligações durante
um ano.
Se você ligar para alguém uma vez por semana, terá
alegrado pelo menos 52 pessoas.
Se ligar para 3 pessoas por semana, poderá mudar a
vida de 156.
Reiterando as palavras da Preta sobre as conversas
com o Seu Roberto: “ENTENDI QUE SER OUVIDO FAZIA BEM PARA ELE. E AS CONVERSAS
COM ELE TAMBÉM FAZIAM BEM PARA MIM”.
Não precisa ser nada especial. Ligue apenas para
perguntar: COMO VOCÊ ESTÁ SE SENTINDO HOJE? Tente. Se já faz, amplie.
Mudar Para Viver Melhor.
O ano de 2011 terminou consagrador para o então prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho. Ele concluía o sexto ano de governo, porque fora reeleito
Três meses depois... dia 28 de julho de 2021 - Leia o texto sobre a primeira dose: Eu e a Astrazenca]Enfim, estou devidamente imunizado. Mas não tot
Como o menino tirou a água da canoa
Estamos no inverno. No dia anterior choveu bastante, inclusive na praia. Há muitas canoas lá. Nessa época o vento é fraco. Sem o vento forte do verã
Tutóia – um Paraíso no Maranhão, 17 de maio de 2021“Não tente achar um atalho, porque não há atalhos. O mundo é uma luta, é árduo, é uma tarefa pen