Segunda-feira, 17 de maio de 2021 - 17h03
Tutóia – um Paraíso no
Maranhão, 17 de maio de 2021
“Não tente achar um
atalho, porque não há atalhos. O mundo é uma luta, é árduo, é uma tarefa
penosa, mas é assim que a pessoa chega ao pico.” OSHO
As
coisas têm que ser aprendidas da forma como tem que ser: sem atalhos.
Atalho é um caminho secundário derivado de um principal, pelo qual se chega
mais rápido. É o que diz o dicionário. Logo, pegar um atalho é desviar do
principal. O principal, em tese, não pode ser substituído por atalho sem
consequência, na maior parte dos casos, negativa. Afinal, não é o principal por
acaso. Há motivos para ser assim.
Quando seria aconselhável escolher atalhos? Bom, em princípio, em nenhuma
situação. Se há o principal – a maneira certa de fazer a
coisa -, optar por outras formas será uma aposta ao risco.
Estamos em plena tragédia sanitária, agravada por apostas em atalhos. Apenas
para exemplificar. Fato.
Os riscos têm a características de serem imprevisíveis, apesar de acreditarmos
que possamos fazer previsão em determinados casos, após cálculos milimétricos.
Acertarmos, com precisão, sempre será a exceção. Atalho é uma fonte inesgotável
de novidades ruins, no mais das vezes no futuro. Como fumar, as consequências
chegam muito depois.
Por alguma razão sempre acreditei nisso: buscar a forma correta de
fazer as coisas. A mais importante consequência dessa crença, é o número
reduzido de problemas. Sim. Me considero uma pessoa com poucos problemas. Gosto
disso. Resolvê-los me traz paz e tranquilidade. Não fujo deles. É a minha
melhor característica. Chamo isso de Mudar Para Viver Melhor. Não posso
aumentar os riscos pegando atalhos para resolver problemas. Agora aos 60 anos,
vejo isso com muito mais clareza. Certamente, não foi sempre assim.
Gosto de acreditar que sou o resultado dos meus acertos menos os meus erros.
Atribuo aos meus acertos a forma correta como os realizei e aos erros
resultados de atalhos. Ou nem estaria escrevendo textos assim,
positivos. Isso deve representar que optei mais pelo principal do que por
formas alternativas, secundárias. As consequências por seguir por atalhos me
fizeram retornar ou me manter o principal. Mais difícil, mais lento, mais
seguro. Seguir pelo caminho correto é estar consciente do resultado. É ter a
certeza de que esqueletos não se esconderão em armários. É optar por uma vida
sem sustos, sem surpresas desagradáveis. Gosto disso.
Sou conservador nas minhas decisões. Isso não significa que não me arrisco. Sei
que estar vivo é a primeira condição para morrer. Estou no mundo e tenho consciência
dos perigos. Viver é muito mais difícil do que se imagina.
Quero falar, na verdade, sobre aprendizagem. Sobre os riscos que envolvem uma
má formação. Sou daqueles que acredita que a educação é o principal vetor do
desenvolvimento humano. Dentre os conhecimentos obrigatórios para uma educação
básica – escolar, por exemplo – aprender o idioma é o mais
importante. Sem isso, é impossível aprender outros conhecimentos básicos.
Sem conhecimento básico do idioma não conseguimos nos expressar com exatidão.
Idiomas são muito complexos. Dominá-lo é para poucos.
A pobreza está diretamente relacionada ao conhecimento do idioma. Quanto menor
for o conhecimento da língua pátria, maior a dificuldade para se colocar no
mercado de trabalho e ter acesso a uma renda que garanta alguma dignidade.
Não saber ler significa não saber se expressar minimamente
correto. Pois é, há a forma correta de falar. Pegar atalho para isso
significa que será muito difícil se expressar de forma que possa ser
compreendido. Não falo da comunicação de rotina. Você sabendo algumas frases em
inglês, como pedir comida em um restaurante, perguntar sobre preços ou
endereços, cumprimentar pessoas, pedir informações simples, entre
outras, você será capaz de se virar nos Estados Unidos. Assim, com vocabulário
básico na língua pátria uma pessoa pode viver melhor. A questão é que com uma
linguagem básica, não se consegue evoluir socialmente. Porque é preciso ter
capacidade para entender conceitos mais complexos. De expor sentimentos
mais complexos. A vida não é simples.
O estilo musical “brega”, por exemplo, fala de amor de forma direta, sem
rodeios. Porque acreditam que é assim que o “povão” consegue
entender. Simplificam as relações amorosas, que são complexas. Os
compositores do estilo MPB falam também de amor: de forma sofisticada. O
público é outro. Usam e abusam das possibilidades de expressão da nossa língua.
O homem é um ser muito complexo para ser entendido em sua plenitude com poucas
palavras. Não por acaso os idiomas oferecem recursos sofisticados para que essa
complexidade possa ser explorada. Por isso temos institutos gramaticais
como: “figuras de palavras ou semânticas: estão associadas ao
significado das palavras, como metáfora, comparação, metonímia, catacrese,
sinestesia e perífrase; figuras de pensamento: trabalham com a
combinação de ideias e pensamentos, tais como: hipérbole, eufemismo, litote,
ironia, personificação, antítese, paradoxo, gradação
e apóstrofe; figuras de sintaxe ou construção: interferem
na estrutura gramatical da frase, assim como: elipse, zeugma, hipérbato,
polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse e
anáfora; figuras de som ou harmonia: estão associadas à
sonoridade das palavras, por exemplo: aliteração, paronomásia, assonância
e onomatopeia.”
Muitas dessas não conheço. Apesar dos meus esforços. Isso me impede o
acesso a determinados entendimentos.
Assim como as letras dos “bregas” são facilmente assimiladas, os discursos de
autoridades populares também seguem o mesmo padrão. O povo iletrado entende
muito melhor o discurso de autoridades populistas. Afinal, eles sempre têm
soluções simples para problemas complexos. O povo entende e os problemas
continuam e se agravam.
No Brasil, por conta do famigerado Politicamente Correto,
entendeu-se – as autoridades -, que o povo não precisa ler,
escrever ou falar da forma correta. O português é o idioma oficial do País e há
um padrão que deve ser seguido. Ou seja, há uma forma correta de falar,
escrever e ler português. Assim, ao invés de se investir no ensino do idioma,
preferiu-se criar artifícios para tranquilizar os sem acesso
ao ensino de qualidade e desobrigar o Estado
de investir na qualidade do ensino, criaram-se
institutos legitimadores da ignorância e do descaso como, preconceito
linguístico – combate a forma correta, legitimando a forma errada
de falar.
Uma das políticas públicas implementadas nesse sentido foi a simplificação de
obras como as do escritor Machado de Assis e José de Alencar, para a população
incapacitada – por falta de oportunidade – pudesse
entender. Isto é, traduzir português correto para uma versão incorreta. O
atalho como política pública. O autor sabe porque usou determinada palavra e
não outra. Elas estão no dicionário. Há diferenças entre elas. Não se pode
substituir simplesmente uma palavra por outra sem prejuízo de perda de
qualidade, sem comprometimento da ideia original.
A outra forma, a correta, seria ensinar o idioma de forma que os alunos
pudessem ler originais. Isso está mais que comprovado que não há interesse
nesse sentido. Basta observar o sucateamento do Ministério da Educação. Em
tempos de pandemia a situação somente agravou. Não há estudos que possam medir
o tamanho da tragédia nesta área. Os prejuízos são incalculáveis. Não se tem
ideia em quanto tempo o déficit educacional será sanado.
A banalização do ensino, na verdade, a simplificação, não cobrar a forma certa,
aceitar a forma errada como um direito do aluno, é colocada com
uma forma de inclusão.
A única "inclusão" possível nesse tipo de postura é
condenar mais pessoas à marginalidade do conhecimento básico. Ou seja, mais
pessoas falando errado e sendo respeitadas por isso. Quiçá, até elogiadas.
Este texto foi inspirado na coluna do articulista português da Folha de São
Paulo, João Pereira Coutinho: ''Escrita inclusiva não passa de uma
fantasia da indústria de justiça social”. Veio ao encontro de uma das
minhas questões políticas importantes. Sempre acreditei que se a escola pelo
menos garantisse ao aluno a conclusão do ensino médio fluente em português e
pensamento lógico [matemática], teria realizado um grande trabalho. Na pior das
hipóteses, estaria formando autodidatas. Pessoas capazes de enfrentar a forma
principal de fazer as coisas. Escapar das armadilhas dos atalhos.
Não sou tão letrado quanto gostaria de ser. Há muito tento compensar o déficit de
conhecimento da língua. Não fujo de livros e textos grandes e complexos.
Recorro aos dicionários e ao próprio Google para entender determinadas
passagens. Isso me habilita a escrever. Me sinto gratificado, um privilegiado
mesmo, por poder escrever. Isso é fruto dos meus esforços pessoais, porque
entendi – em algum momento da minha vida -, que queria trabalhar
em lugares onde eu pudesse usar calças, camisas mangas longas, sapatos, meias,
e gravatas, não sentir calor e ainda receber salário que possibilitasse alguma
dignidade. Consegui. E vi essa possibilidade nos estudos. No
modo de falar. No modo de escrever. As empresas exigem padrão correto de
fala e escrita para determinados cargos. Eu queria um desses. Sou fruto dessa
crença: me expressar e escrever pelo menos próximo do correto para encontrar o
trabalho desejado. A consequência lateral que está se tornando a
principal - estou aposentado -, é poder ajudar pessoas com
textos que possam ajudá-las a encontrar formas de melhorar seus pensamentos e
assim, melhorar suas vidas.
Tenho baixa tolerância para erros. Principalmente com os meus. É uma
obsessão: evitar erros que possam prejudicar terceiros. Continuo falando errado
e escrevendo errado. Jamais me acomodarei com isso. As pessoas que me
conhecem sabem que podem me corrigir, de preferência em particular e com
respeito, claro. Sempre serei muito grato por gestos assim.
Coutinho escreveu no seu texto a definição perfeita sobre “escrita inclusiva”.
Não é só no Brasil que há movimentos políticos ou sociais contra o
desenvolvimento humano fundamental, o Reino Unido também. Infelizmente.
Escreveu João: “... algumas universidades britânicas estão
dispostas a permitir erros ortográficos, gramaticais e de pontuação aos alunos.
A ideia é promover uma “escrita inclusiva”, o que significa que grupos
marginalizados, incapazes de escrever uma frase com sujeito, predicado e
complemento direto, não devem ser penalizados por isso”.
Sabemos que as línguas evoluem. Geralmente no sentido da simplificação,
assim como as formalidades. Cada vez que isso acontece há, sim, um
empobrecimento ou mesmo um retrocesso [um atalho] da questão do desenvolvimento
humano. Há coisas que não podem ser mudadas sem prejuízos incalculáveis. Não há
como mudar o resultado de dois mais dois. Ouso a comparar o empobrecimento
linguístico com o atalho para combater uma pandemia, quando a ciência é
ignorada. Nesse caso, há consequências imediatas. No caso da flexibilização na
escola quanto a forma de falar e escrever, terá também consequências. Mais
dia menos dia. Isso tudo está acontecendo como fruto de ideias passadas
sobre eliminar as formalidades. Simplificar a vida. Não dá certo porque é uma
solução muito simples para um problema muito complexo. Me parece que se trata
de um processo irreversível. Estamos piorando em nome da inclusão. Não há como
prever dias melhores. Cuidemos de nos adaptar e continuar evitando atalhos,
mesmo que se tornem um padrão.
Realmente há a necessidade de se modular a linguagem de acordo com o público.
Profissões têm seus respectivos dicionários técnicos. Na verdade, há mais
dicionários além do Aurélio. Quando estão entre seus pares, a linguagem e a
escrita devem obedecer a um padrão específico. O terror dos alunos de graduação
é o artigo científico e suas regras de formatação e escrita. É um sintoma da
deficiência linguística. Não duvido que apareçam movimentos para acabar com os
trabalhos de conclusão de curso, já bem simplificado. Antes, era exigido a
produção de uma monografia. Mais complexa.
Se você precisa modular sua linguagem todas as vezes que tiver que falar com
pessoas de classes sociais diferentes é um sinal claro do abismo que separa
socialmente as pessoas. A linguagem separa as pessoas. O preconceito
linguístico é um atalho para aproximar os destituídos de conhecimentos básicos
do idioma nacional dos demais. Bom, o único resultado é maior o afastamento. Pode
até tolerar, mas não haverá a aceitação plena. Não haverá a percepção de
igualdade, apenas de tolerância, até para não ser acusado de preconceituoso, e
até levar um processo.
Quando li a notícia da flexibilização da língua no Reino
Unido – tenho sempre como referência, países da Europa quando se fala
de conhecimento, desenvolvimento humano etc. -, assim como o
Coutinho, confirmei “uma vez mais o caminho de ruína que as humanidades
escolheram há muito”. Se países de primeiro mundo aderem a esse tipo
de inclusão, isso de certa forma credencia a prática em nosso país. Temos
tendências para copiar práticas ruins de países desenvolvidos. Talvez nunca se
transformem em um país de terceiro mundo. O fato é que não se chega ao patamar
de país desenvolvido flexibilizando desenvolvimento humano. Nem mesmo um
indivíduo chega à excelência pegando atalhos. O contrário é verdadeiro. Pessoas
e países que abandonam formas corretas ou de referência para se desenvolverem
perdem qualidade. Definham.
O Brasil precisa que os brasileiros conheçam a língua para chegar ao patamar de
países de primeiro mundo. Isso cada vez está mais distante. Não há indícios
para acreditar que um dia nos tornaremos um país realmente desenvolvido. Para
isso, não podemos pegar atalhos. Somos conhecidos como o “país
do jeitinho” – atalhos. Isso está impregnado no povo. Ainda, de
certa forma, nos orgulhamos da nossa esperteza. Continuo à espera de um
milagre. A ignorância chegou ao topo. Difícil reverter. A ver.
O empobrecimento do conhecimento da língua facilita a crença em soluções
simples para problemas complexos, e até mesmo na disseminação de Fake
News? Facilita a crença na informação em redes sociais e a hostilizar
a informação mais aprofundada dos grandes jornais ou de analistas
reconhecidos? A ideologia cega - atalho. A técnica
ilumina – forma correta.
O fato é que há pessoas que podem modular discurso para atingir qualquer
público. A questão é que os empobrecidos linguisticamente não entendem outra
linguagem a não ser a simplista e não tem a capacidade de modular.
Isto é, adequar o discurso de acordo com o público. Falam e escrevem da mesma
forma para qualquer público.
O conhecimento de inclusão, segundo o articulista, é apenas uma questão
romântica, “Mas, no mundo real, a “matemática inclusiva” levaria à
queda de pontes; a
“física inclusiva” levaria à queda de aviões; e se o
leitor, no bloco operatório, soubesse que o seu cirurgião era versado em
“anatomia inclusiva”, o melhor era tentar fugir dali antes que a
anestesia começasse a fazer efeito.” Completo raciocínio acrescentando que o
“português inclusivo” ou a “literatura inclusiva”, levaria e leva a
estagnação, a ignorância, a falta de perspectiva, a incapacidade de
autodesenvolvimento entre muitas outras consequências danosas.
Como você pode observar, até para ajudar tem que ser da maneira certa. Não pode
haver gambiarra para ensinar, principalmente uma língua. Não pode
haver atalhos no aprendizado.
Ok! Fazemos o que está ao nosso alcance. O importante quando estiver ensinando
alguém de maneira simplificada, é deixar claro, muito claro mesmo,
sem restarem dúvidas, que o que está passando é um atalho e que a pessoa
deve procurar a forma correta para aprender ou fazer algo. Afinal, na
incapacidade de se iniciar algo por falta do conhecimento correto, atalhos que
possam induzir ao início de um movimento, ainda é melhor que não fazer nada. O
erro, o crime é passar um atalho como o principal. Como sendo a única
maneira. Deixar claro que o que foi ensinado ou está
sendo ensinado servirá somente para uma determinada coisa e, se
pretender fazer mais, terá que procurar a maneira certa de fazer. Isso é
bondade de gente boa. A propaganda de remédios comuns destaca que: se os
sintomas persistirem procure um médico. O ideal mesmo seria procurar um médico.
O ideal é ter a percepção correta de quando podemos resolver algo pegando
atalhos e ter noção da possibilidade de efeitos colaterais graves. Em
emergências, na impossibilidade de fazer a coisa certa, pode-se apelar ao
atalho. O risco será sempre maior, se não funcionar. E se funcionar,
terá o tempo para fazer a coisa certa e resolver o problema de vez. O
fundamental é ter consciência que está praticando um atalho e não a maneira
correta.
Sou consciente que preciso melhorar na minha forma de escrever. Para isso tenho
que melhorar a minha forma de pensar. O que consegui aprender até
agora – incluindo as aprendidas por atalhos -, me capacitam a
escrever assim. Sei que há formas corretas, há um padrão para escrever e ser
reconhecido por isso. Por outro lado, escrever como consigo agora é o exercício
necessário para a minha evolução. A cada texto é uma oportunidade para
melhorar.
O Marcelo D2 tem uma música intitulada “A procura da batida perfeita”. Eu
sei que existem textos perfeitos. Estou à procura dos meus. Sem atalhos.
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