Sábado, 13 de fevereiro de 2021 - 09h28
Conversando por um aplicativo de mensagens com uma amiga
percebi que muitos compartilham a impressão de que “ontem” a pandemia da
Covid-19 chegou ao Brasil. O ano passado não “existiu” em nossas vidas – quem
dera para as mais de 236.201 mil vidas brasileiras interrompidas para essa
doença e suas sofridas famílias.
As atividades rotineiras reorganizadas, as idas ao supermercado
antecedidas por uma conferida no aplicativo “Melhor Hora” para evitar os horários
de maior aglomeração de pessoas nos estabelecimentos comerciais do Estado –
utilizo até hoje e não trabalho no governo! O trabalho em casa, antes tão
sonhado por conciliar o sustento com a companhia da família começou a
sufocar...
Lembrei alguns parentes, amigos e conhecidos da área da
saúde que lidam com as mesmas preocupações, e não possuem a opção de permanecer
protegidos em seus lares. Conversei com alguns por curiosidade e não consegui
esquecer suas histórias. Eles merecem meu humilde reconhecimento, mas não
querem ser identificados. Não precisam disso. São anjos e heróis de verdade!
A
fonoaudióloga abençoada pelos pacientes
20 horas, quarta-feira, 25 de março de 2020. Vibra o
celular da fonoaudióloga rondoniense V.W (nome em sigilo a pedido da mesma), de
35 anos. Ela sai devagar do quarto colorido, com brinquedos e livros dos filhos
e suspira preocupada. Era o toque personalizado do trabalho. A funcionária
pública sabe que não é uma ligação ou mensagem comum pelo horário, porque atua
na área da reabilitação da fala e da linguagem lidando com pacientes em
tratamento clínico, não hospitalar de emergência.
V.W ouve atentamente o coordenador avisar que no dia
seguinte, quinta-feira, irá trabalhar em um dos hospitais de campanha de
referência para atendimento da Covid-19. Sua reação mesmo silenciosa desperta a
atenção do marido que assistia à televisão e pergunta o que houve. Ainda sem
entender o que aconteceu ela diz: “fui convocada a integrar uma equipe médica de
enfrentamento da Covid”!
Era uma surpresa inesperada, apesar da pandemia já se
alastrar pela maioria dos estados do norte brasileiro. Cinco dias antes, o
governador do estado de Rondônia, coronel Marcos Rocha (sem partido) decretou
estado de calamidade pública para fins de prevenção e enfrentamento ao Covid-19.
O decreto nº 24.887, de 20 de março de 2020 estabeleceu a
adoção de medidas de prevenção à doença por 15 dias, proibindo a abertura de
estabelecimentos comerciais como shoppings, lojas, restaurantes, bares, escolas
públicas e privadas e outros estabelecimentos considerados não essenciais e
também as aglomerações.
Esse foi para V.W, o momento mais impactante da pandemia em
sua vida profissional e pessoal. “Eu
fazia atendimentos clínicos e não hospitalar. Fui chamada para agregar mão de
obra na pandemia, então tinha consciência de não estar qualificada para aquela
situação emergencial. Tinha muito temor de não conseguir atender os pacientes
entubados e no período da extubação, quando necessitam reaprender a se
alimentar, falar. Eu aprendi na faculdade, mas não era minha especialidade”,
explicou.
“Essa
pandemia é igual a uma guerra”
Na pandemia uma frase se tornaria um lema para todos os
profissionais da saúde do Brasil e do mundo: a pandemia é uma guerra e em uma
guerra a gente não escolhe, lutamos com o que temos! “Aprendi a trabalhar com
as ferramentas e aprendizado disponível da melhor forma possível, sempre
oferecendo o meu melhor durante o atendimento”, afirma a fonoaudióloga.
Onze meses depois V.W ainda cumpre jornada em um hospital
de campanha de enfrentamento da Covid-19 e mantém a mesma rotina diária
preventiva, adotada em 26 de março de 2020. Para o carro no estacionamento de funcionários.
Passa o álcool em gel, guardado no porta-luvas, nas mãos; prende o cabelo em um
coque e coloca uma toca descartável. Agora é a vez da máscara, das luvas e
finaliza com um escudo facial de acrílico.
Apesar de nada confortável esses trajes garantem sua
segurança, a dos colegas e a dos pacientes quando atende sobreviventes da Covid
saídos da intubação. A fonoaudiologia hospitalar nunca foi almejada quando estudava,
mas hoje cuida com segurança dos pacientes com dificuldades na alimentação,
comum na pós-extubação, após o uso de sonda reaprendem a se alimentar via oral.
De todos os pacientes que atendeu até o momento, V.W
recorda carinhosamente dos idosos. Sua voz fica embargada e suspira: “todos
demonstram muita gratidão pelo atendimento, no entanto, os mais velhos possuem
aquele costume antigo de nos abençoar. São momentos assim que me fortaleceram
quando estava cansada, tinha medo de retornar para casa e contaminar minha
família. O Deus te abençoe que eu facilmente confundo com a imagem de meus avós
alivia minha alma e eu consigo ter mais forças para terminar o plantão”,
confidenciou.
É desnecessário conhecer seu nome, identificar seu rosto.
Vocês precisam saber que anjos – independente da religião, e heróis ainda
existem! Eles lutam diariamente em ambientes inóspitos e centenas não
retornaram para suas famílias...
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