Sexta-feira, 19 de julho de 2024 - 10h23
No final de
maio, em uma das muitas madrugadas insones, pós-estudos, alongamentos,
meditação e orações sou vencida por aquele hábito mais que condenável de “dar
uma última olhada no celular”. Começo pelo noticiário internacional, passo pelo
nacional e chego finalmente nas notícias de Rondônia. Para meu desconforto
mental, eu buscava algo relax para finalmente dormir, vejo a notícia da
inauguração de um novo batalhão da polícia militar do Estado, o BPTAR –
Batalhão de Policiamento Tático de Ação e Reação ao Crime Organizado,
especializado no combate ao tráfico internacional, de drogas extorsão e outras
atividades criminosas que afetam a segurança pública.
Na verdade não
era nada assustador ou comumente retratado, no horário do almoço, dos programas
policiais locais, me perdoem os colegas jornalistas que estão à frente dessas
atrações, é que para mim não dá! Não sou exatamente a última florzinha da
delicadeza, ou alienada da realidade em que vivemos – resido na ZL, dita zona
leste, só 35 anos, então... Vamos dizer que só posso evitar não consumo essas
notícias em todos os horários.
Enfim, apesar
do melindre consegui dormir até rápido e logo pela manhã, mais matérias sobre o
novo batalhão, sua importância na estratégia da segurança pública só que dessa
vez consegui ver o rosto de alguns dos militares, apesar da boina que usavam.
Uma policial se destacava na fileira, por ser bem mais alta que os colegas
homens e por ser mulher mesmo! A partir
daí, a repórter de rua que caça notícias, voltou com tudo. Comecei a pesquisar
na internet até achar matérias sobre mulheres no efetivo da Polícia Militar de
Rondônia.
Uns dias depois
assistindo a matérias antigas de uma emissora local, encontrei aquela policial
do BPTAR, sendo entrevistada no Dia da Mulher. Ela destacava a relevância das
mulheres nas forças táticas da PM e tive certeza que ela seria um personagem
interessante para um artigo. Consegui encontra-la, através de conhecidos em
comum, vantagens de Porto Velho city
ainda ser uma cidade “pequena”, apresento: Jaqueline Rodrigues, a tátiqueira,
denominação dos policiais especialistas nas forças táticas.
Administradora de Comércio Exterior
Mineira, de
Belo Horizonte, residente em Rondônia há mais de oito anos, Jaqueline não tinha
o sonho de ser policial. Na adolescência conheceu uma mulher policial que
frequentava a loja da mãe, se tornaria sua amiga, no entanto, não foi algo que
despertou seu interesse para o futuro profissional. Cursou Comércio Exterior,
na Pontífica Universidade Católica – PUC/MG e durante 12 anos exerceu a
carreira nessa área. Foi convidada para
administrar uma empresa, em Ji-Paraná, onde iniciou um relacionamento amoroso
de seis anos.
Com o fim do
relacionamento, Jaqueline retornaria para Minas Gerais para poucos meses
retornar para Rondônia. Havia prestado concurso público da PM em 2019 e foi
aprovada. Iniciou o treinamento básico, com muita convicção e um pouco de
pirraça, o ex-marido lhe dissera que não conseguiria concluir o curso, era
despreparada, não tinha perfil! Foi o suficiente para ela focar todas as forças
nesse desafio, e felizmente durante a academia descobriu que gostava de todas
as atividades: tiro, luta, legislação e o temido TAF.
Na solenidade
de formatura, sua mãe e aquela amiga já na reserva da PM/MG vieram prestigiar
sua conquista. A administradora aposentou os scarpins, ao menos durante os plantões, e assumiu o coturno.
Força Tática
Dois anos
depois ingressou no II CFT – Curso de Força Tática da PM, uma especialização já
atuava nesse batalhão. De 50 candidatos inscritos, sendo policiais militares
dos estados do Acre, Rondônia e Roraima e um oficial, da Aeronáutica. Apenas 21
alunos concluíram o curso, confirmando o quão difícil é esse treinamento que
prepara policiais para missões que exigem não apenas força física, mas mental e
muita resiliência. A PM Jaqueline, única mulher participante do II CFT estava
entre eles. Aquela lá que o ex disse que não tinha perfil para policial!
“Eu dormia,
três horas no máximo por dia, nos 53 dias de curso intensivo. Morando sozinha,
tinha que me virar para lavar a farda, cozinhar, estudar para o dia seguinte,
evitar situações que poderiam me desclassificar como uma simples gripe”
(lembrando em 2022 ainda estávamos na pandemia da Covid-19, apesar da
vacinação).
A Tatiqueira
Jaqueline será promovida a Cabo até o final desse ano e foi convocada a
integrar o BPTAR por sua experiência e vontade constante de aprendizado. Nesse
ano, ela tinha planejado fazer mais um treinamento operacional, não deu certo.
A meta para 2025 e continuar se aperfeiçoando na parte operacional. Não é uma
luta contra o tempo, tem apenas 37 anos, e bastante tempo para se preparar para
futuros desafios profissionais!
Com voz embargada relembra uma das ações mais marcantes
de sua curta, entretanto consistente carreira, o resgate de um bebê, na zona
leste de Porto Velho. “Uma mãe desesperada parou a viatura pedindo socorro. Ela
me viu entre os meus colegas e entregou seu filho, sem perguntar qual eram
nossos nomes, aonde o levaríamos, apenas o colocou no meu colo e confiou que o
salvaríamos. Eu não consigo esquecer esse dia!”, afirmou a PM Jaqueline.
Os números não mentem
A carreira
militar para mulheres ainda é um tabu, igual ao das mulheres na Ciência.
Segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) de 2023, o
país contava com 796 mil profissionais de segurança pública, desses 404 mil
eram militares e 114 mil policiais civis e
peritos.
Do efetivo das
PM estaduais, apenas 12,8% é composto por mulheres. A porcentagem é menor, por
exemplo, que a representação feminina da Câmara dos Deputados, no mesmo
período, 14.8%.
É preciso
chamar atenção também para isso, o quanto que a falta de diversidade de gênero
está concentrada nas instituições militares. O que está relacionado com uma
percepção de segurança pública muito equivocada que preza por uma ideia de que
a segurança tem que ser feita pelo enfrentamento, pelo uso da força. E aí, são
dois equívocos, essa ideia em si e a ideia de que as mulheres não têm condições
de fazer esse tipo de trabalho”, afirmou Giane Silvestre, representante do
Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
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