Quarta-feira, 28 de agosto de 2024 - 14h18
Em
14 de agosto deste ano, a 3º sargento Zanella completou três anos de ingresso
na FAB – Força Aérea Brasileira com muitas comemorações pessoais. Sem
saber, até o momento, Carla Tatiana Zanella Olival se tornou uma referência
positiva para crianças, adolescentes e
principalmente moradores mais antigos do bairro, onde reside na zona leste de
Porto Velho que a viram passar da adolescência indo à escola do bairro, a mãe
de um menino, depois a profissional da iniciativa privada até chegar a militar
da Aeronáutica! Todos que moram nas proximidades sabem quem é a mulher que
veste farda e comentam com um certo orgulho que ela trabalha na Base Aérea de
Porto Velho.
Mas,
para Carla Tatiana o ingresso na carreira militar, no cargo de sargento
temporário, em 2021 foi bem mais que uma conquista profissional. Foi sua
terceira e última tentativa de ingresso, as duas primeiras foram no Exército,
onde seu único irmão atuava como Cabo. Não conseguiu passar na primeira fase,
da prova teórica. Na segunda tentativa reprovou nos testes físicos. Foram
experiências frustrantes que a prepararam para o processo seletivo da Aeronáutica.
Estava
mentalmente
e fisicamente mais fortalecida, utilizava as instalações do Sesi-Senai, onde
trabalhava no administrativo e as orientações dos colegas profissionais de
educação física para corrigir falhas que a deixavam esgotada no temido TAF –
Teste de Aptidão Física. Eram duas horas
de treinamento, em dois dias da semana. O empenho logrou êxito com aprovação no
concorrido certame. Foi a sétima colocada nas 200 vagas disponíveis.
A comemoração teve um gostinho que apenas uma mãe solo entende, a garantia de proporcionar uma estrutura melhor para seu filho de 18 anos e a mãe, Carla também é arrimo de família desde o falecimento do pai, um caminhoneiro.
Sargento e mãe solo
O
número de mães solo,mulheres que criam seus filhos sozinhas – sem o apoio do
pai da criança cresceu 17,8% na última década. A pesquisa realizada pelo
Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas) mostrou
que até o final de 2022 havia mais de 11 milhões de mães solo no Brasil. O
estudo também apontou o aumento de 1,7 milhão de mães que criam seus filhos de
forma independente no período de 2012 a 2022, passando de 9,6 milhões para 11,3
milhões.
A sargento Zanella, 38 anos, foi casada por apenas três anos. A jovem de 23 anos tentou conciliar o casamento com o curso de Administração, no entanto, a relação se tornou inviável. Formada e divorciada trabalhou como operadora de caixa de supermercado, em vendas em uma metalúrgica, até a admissão no Sistema S, no colégio Sesi-Senai,Trabalhou no administrativo durante seis anos até a aprovação no TAD – temporário administrativo, da Aeronáutica. Está lotada no setor de licitações e contratos. “ Tenho aprendido muito nessa seção, licitações é algo novo para mim, por isso é desafiador. Me identifiquei”, afirma Zanella.
Um dos maiores benefícios do ingresso nas Forças Armadas foi ver nascer o interesse do filho, um jovem de 18 anos, pela carreira militar. “Como ele não convive muito com o pai, eu sou sua referência profissional também. Dias desses ele me perguntou se iriamos trabalhar juntos, caso consiga ingressar no serviço obrigatório e servir na Base Aérea. Respondi que seria muito bom!”, explicou com olhos brilhantes de emoção. O lembrei das etapas que percorri até conquistar a vaga de sargento temporário. Sê eu consegui, na idade em que estava, 35 anos, sendo mulher, imagina ele jovem com mais força de vontade e preparo, comentou confiante Zanella.
Nota da autora
Seria incrível não é mesmo, ver mãe e filho atuantes na FAB. Gostaria de escrever esta nova etapa da família Carla Tatiane Zanella, com certeza! Por aqui encerramos a microserie: As outras, aquelas mulheres que vestem fardas com muitas histórias de bastidores das entrevistas, das amizades recém criadas, a surpresa ao descobrir que a filha de uma amiga de décadas seguiu a tal carreira de bombeiro militar, mesmo a mãe sendo uma meiga professora de Libras; descobertas de carreiras que não faziam parte do meu universo de jornalista, através de concursos extremamente concorridos que só li o nome em jornais, a exemplo da ESA – Escola de Sargentos. Conhecer mulheres que optaram depois dos 30 anos em ingressar no concorrido universo masculino, o da Polícia Militar, no temido Batalhão de Choque!
Enquanto aguardávamos o feedback da Aeronáutica para publicação desse último artigo tivemos algumas surpresas: a promoção da agora Cabo da PM, Jaqueline! Nossos parabéns!
Reforço a certeza de que as mulheres são guerreiras em tudo e qualquer profissão, desde que tenham a chance de ao menos ingressar! Na torcida para que o Projeto de Lei 3433/23 que autoriza o Ministério da Defesa a admitir mulheres através do alistamento militar voluntário seja aprovado em 2025 pela Câmara dos Deputados e, em seguida pelo Senado Federal.
Desconsiderem o desejo acima, ele hoje se tornou real com a assinatura do decreto que permite o alistamento de mulheres no serviço militar voluntário pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, publicado nesta quarta-feira, 28/08/2024, no Diårio Oficial da Uniäo.
Boa sorte, meninas!!
42 anos das mulheres na FAB
O ingresso das mulheres na Força, como parte do efetivo, ocorreu a partir dos anos 80. Na ocasião, viu-se a necessidade de ampliar o contingente e, por isso, foram realizados estudos para a inclusão da mulher como militar na Força. As pesquisas culminaram na criação do Corpo Feminino da Reserva da Aeronáutica (CFRA), que constituíram o Quadro Feminino de Oficiais (QFO) e o Quadro Feminino de Graduadas (QFG). A primeira turma de mulheres ingressou na FAB em 1982.
Em 1995, o então Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Mauro José Miranda Gandra, deu início aos trâmites para que as mulheres pudessem, pela primeira vez, ser Cadetes da Academia da Força Aérea (AFA). Em 1996, ingressaram as primeiras Cadetes Intendentes na AFA, que atingiram o posto de Coronel em agosto de 2017. Elas poderão chegar até o posto de Major-Brigadeiro, maior patente deste quadro.
Em 2017, a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena (MG), passou a admitir mulheres em todos os anos do ensino médio em seu Curso Preparatório de Cadetes do Ar (CPCAR). Após três anos de curso, as concluintes se tornaram Cadetes, ingressando na AFA neste ano.
O ano de 2020 entrou para a história da Força Aérea Brasileira (FAB). Pela primeira vez, uma militar do corpo feminino da FAB foi promovida ao Posto de Oficial-General da FAB. A atual Diretora do Hospital Central da Aeronáutica (HFAG), Brigadeiro Médica Carla Lyrio Martins, foi escolhida para promoção ao Posto de Brigadeiro, durante reunião do Alto-Comando da Aeronáutica, realizada em Brasília (DF).
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