Sexta-feira, 16 de agosto de 2024 - 10h44
Vamos
imaginar uma menina carioca que desde muito pequena sonhava em ser policial,
estudou em uma escola pública federal mantida pela Aeronáutica, na Ilha do
Governador durante sete anos, que cresceu assistindo novelas como Salve Jorge e
se identificou com a delegada Helô, da atriz Giovana Antonelli e a policial
Geisa, da Paola Oliveira.
Então,
um dia essa já adolescente chamada Analice Silva de Lira recebe uma ligação de
uma delegada da polícia civil, mãe de uma conhecida do jogo de vôlei dizendo
que ficou sabendo do seu interesse na carreira policial e que está esperando
por ela lá, futuramente… a reação de Analice preocupou a mãe, um choro
compulsivo de felicidade por receber apoio de alguém que não era de sua
família, fortalecendo seu desejo!
Vamos
dizer que a polícia militar do Rio de
Janeiro perdeu uma integrante, mas o Exército Brasileiro ganhou um membro
resiliente, focado e com muita paixão pela disciplina e normas militares. Hoje
a terceiro sargento Lira faz parte do efetivo do 5º Batalhão de Engenharia de
Construção, o 5º BEC, localizado na capital de Rondônia, que comemorou no
último dia 30 de julho 59 anos de atuação na Amazônia.
Aos 25 anos, a sargento Lira escolheu Porto Velho para trabalhar pelo calor, isso mesmo, como carioca da gema, ela não suporta as baixas temperaturas e entre cidades do sul brasileiro e algumas do norte, suas opções de deslocamento, veio para cá. No 5º BEC, atualmente, fazem parte do efetivo de aproximadamente mil pessoas: 26 mulheres, sendo 10 servidoras civis – algumas atuam desde 1979 e 16 militares, entre temporárias e de carreira como é o caso de Analice, formada como Tecnóloga em Sistema Automotivos pela tradicional Escola de Sargentos das Armas – ESA.
Senhor vamos conversar!
Com sorriso marcante, Analice relembra que não foi fácil onde está, orgulhosamente fardada. Teve que enfrentar dificuldades econômicas familiares, o pai responsável pelo sustento da família era taxista e a mãe dona de casa que cuidava de duas filhas. O investimento em cursinho preparatório não era uma possibilidade, por isso para se preparar para o Enem com objetivo de conseguir uma vaga em uma universidade particular ou federal para o curso de Segurança Pública, ela estudou em casa, não teve êxito.
Concurso na polícia militar também foi descartado pelos mesmos impedimentos. A saída que encontrou para realizar seu sonho de criança foi ingressar nas forças armadas, onde não pagaria pela educação, teria moradia gratuita, receberia ajuda de custos e teria emprego garantido no final. Teve sucesso na prova teórica, nos exames físicos, e na hora do teste físico uma nova decepção, não conseguiu fazer uma barra, exigida no edital. “Vi meu pai chorar pela primeira vez na vida, porque eu estava arrasada. Até hoje foi a maior decepção que sofri, inesquecível”, fala com a voz um pouco embargada. Foi um ano inteiro de estudo, de atividade física realizada em academia com acompanhamento, deslocamentos diários que começavam as 5 horas da manhã, atravessando até duas cidades, com retorno para casa as 22 horas, que ela teve como perdidos.
A pandemia da Covid foi outra provação que a futura sargento Lira também teve que enfrentar. Tinha conseguido aprovação em uma faculdade para iniciar o curso de Segurança Pública, no entanto, só fez a matrícula e iniciou aulas por videoconferência, e todo o caos pandêmico tomou conta.
“Vi meu pai voltar com apenas 20 reais na carteira depois de um dia inteiro na rua. Foi muito sofrido para todos nós”, comenta. O pai pediu para ela fazer novamente o concurso da ESA, ela nem cogitou essa possibilidade porque queria evitar nova decepção. Durante umas semanas o pai foi trazendo para casa pequenos incentivos, uma barra para treino, uma mesa para estudo e nesse momento Analice resolveu conversar com Deus!
“Não aguentaria uma nova humilhação, por isso resolvi conversar bem sério com nosso Senhor e pedir que se fosse para dar certo dessa vez eu iria, mas que seria a última tentativa”, relembra com olhar confiante! O resultado dessa conversa íntima estamos conhecendo hoje! A católica de tradição familiar optou pela comunhão em uma igreja evangélica.
Responsável pela coordenação da manutenção dos veículos pesados do 5º BEC, a sargento Lira mantém uma rotina diária de exercícios físicos em uma academia, sua outra paixão, assim os dias passam mais rápidos e ela pode desfrutar das férias com a família, na cidade natal.
Para os jovens que ainda estão escolhendo uma carreira, ela aconselha com convicção a militar, “ a disciplina, as regras, o aprendizado constante que temos aqui é essencial para todos que estão iniciando a vida profissional”, afirma sorrindo.
Mais oportunidades para mulheres as Forças Armadas
As Forças Armadas, segundo dados do Ministério da Defesa, conta atualmente com 356 mil militares na ativa (são 215 mil no Exército, 76 mil na Marinha e 65 mil na Aeronáutica). A força com maior disparidade de gênero é o Exército, onde dos 215 mil militares ativos, somente 13.328 são do gênero feminino. Nos quartéis, 6,3% são mulheres e 93,7% são homens.
O comando do Exército e o Ministério da Defesa estão elaborando um estudo para abrir ao segmento feminino o único setor que atualmente só recruta homens: o serviço militar inicial.
Não se trata de conscrição, pois hoje a demanda pelo serviço militar por parte de jovens que completam 18 anos é tão alta que, na prática, só participa quem realmente quer e nem todos os interessados conseguem as vagas. Ao todo são recrutados cerca de 55 mil jovens por ano, de mais de 1,5 milhão inscritos. A ideia é que inicialmente entre 5% e 10% dessas vagas passem a ser destinadas às mulheres.
A ideia é intensificar o que já ocorre em outros países, o envio de mulheres militares para missões internacionais da ONU, onde a presença feminina e fundamental em ambientes de conflitos e violência sexual contra mulheres e crianças. A sensibilidade das militares aliada a suas qualificações fazem a diferença no serviço de campo.
https://www.gazetadopovo.com.br/republica/exercito-brasileiro-quer-aumentar-efetivo-de-mulheres-na-forca/
5º Bec, o Pioneiro
Criado em 30 de julho de 1965 e instalado em Rondônia desde 1966, o 5º Batalhão de Engenharia de Construção, pioneiro da Engenharia do Exército na Amazônia, com denominação histórica “Coronel Carlos Alosio Weber” já implantou mais de 1600 Km de rodovias federais em revestimento primário, entre eles a pavimentação asfáltica da BR-364, trecho Cuiabá a Porto Velho, que reduziu substancialmente o tempo de percurso na grande longitudinal que liga, em qualquer época do ano, o sudeste Amazônico aos grandes núcleos produtores do Centro-Sul do País. O 5º Bec também foi responsável pela obra de pavimentação da variante do Samuel (52 Km), que se insere no percurso Porto Velho – Ariquemes, cujos 195 Km foram totalmente pavimentados.
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