Sexta-feira, 20 de agosto de 2021 - 18h34
Então reiniciamos as caminhadas ao livre, pois segundo os
especialistas em saúde, os coaches do
bem estar, os profissionais de educação física essa atividade libera a
endorfina. Esse hormônio é a nossa droga da felicidade, vamos assim dizer: endo, do latim interno e morfina de analgésico!
Primeiros passos: meu pulmão recebe uma baforada nada
saudável do ar rarefeito das queimadas. Meus olhos tentam enxergar o outro lado
da rua completamente tomado pela neblina fumacenta. São 5h50, mas o sol já
deveria começar a aparecer no horizonte... Sê está difícil para ele vencer as
queimadas...
Vou tranquilamente pela beirada do asfalto, porque poucos
carros passam por mim nesse horário. Calçadas é um luxo, ainda, nessa parte da
zona leste. A prefeitura não faz – apesar de esse conjunto residencial ter sido
construído há mais de 30 anos, e a maioria dos moradores não investe por achar
que estará beneficiando terceiros... Assim ouço de alguns!
Um quilômetro percorrido! Estou deduzindo. Não tenho
coragem de usar celular nem os tais smartwatch que
calculariam com precisão meus passos e eficiência do exercício. Sou corajosa,
não sem juízo de facilitar um assalto. Já dizem que a oportunidade faz o
ladrão, ou algo assim. Estou sem fôlego. Foco, foco... Respirar, inspirar, respirar,
inspirar fumaça!
Agora sim conseguirei desenvolver minha caminhada
acelerada. Tenho um metro de pernas e as aproveito bem. Mas, aí me deparo com a
Avenida Guaporé – saída para BR-364, onde está o Cemetron – Centro de Doenças
Tropicais de Rondônia e ainda funciona um dos hospitais de campanha para
tratamento da Covid-19, com calçadas tomadas pelo mato das poucas quadras
desocupadas, o lixo e o entulho jogados nos terrenos vazios!
Na hora vem à mente os amigos que faleceram vítimas do
coronavírus, alguns parentes, muitos conhecidos e alguns famosos! Vem também à irritação
em imaginar que a morte de dois artistas famosos serviu para levantar a
bandeira: “ainda não acabou. Tenham cuidado. Usem máscara. Evitem aglomerações
em ambientes fechados”, das tais celebridades, influencers e é claro dos “descrentes de plantão”... Mais de mil
mortes no Brasil pela Covid, esta semana e tem que acredite que acabou?! Milhares de pessoas estão imunizados com a segunda
dose de uma das vacinas produzidas, quando milhares de adolescentes e crianças
ainda não tomaram nem a primeira dose?!
Ops... Saiam pensamentos negativos que atraem energia
ruim!
Impossível evitar as cinzas negras da queimada provocada
por alguém na quadra em frente a um supermercado, do lado de uma
transportadora, de um condomínio residencial dito de luxo e de outro, de
policiais militares.
Não nego que começo a falar mal internamente a mãe do ser
humano que fez essa “arte” e me recrimino! Sou filha única tenho esses diálogos
internos à vida inteira! Nem sempre, os pais são os culpados pela falta de
educação e sensatez dos filhos. As pessoas
escolhem seus caminhos.
Ok. Agora vou desacelerar para dar uma pausa aos meus pulmões – já fragilizados por uma pneumonia e reiniciar a caminhada rápida. Bebo água, pela terceira ou quarta vez da minha garrafa térmica e penso: “preciso providenciar outra! Essa dei de presente para meu esposo há uns seis anos como ele não usa”.
Cheguei ao cruzamento da Avenida Rio de Janeiro, onde o movimento do transporte coletivo, dos carros, dos ciclistas, dos motoqueiros e de alguns pedestres começa a ficar intenso. Trabalhadores da periferia em direção ao centro da cidade. 6h20. Retorno.
Agora não consigo desviar os olhos do ponto de ônibus com uma parte da parede de vidro destruída por algum vândalo ou bêbado. Alguém ainda irá tocar fogo nas folhas que estão cercando o local! Fato. Uma semana inteira de caminhada por essa avenida e ela não foi limpa! Ah, essa parte é considerada BR pela prefeitura de Porto Velho e seria então responsabilidade do governo do Estado, que responde “não ser da sua responsabilidade a limpeza em áreas urbanas”! É isso junto com aquela parte da população jogando lixo e entulhos nos terrenos baldios e fazendo uso do discurso: “pago imposto caríssimo para que as autoridades façam seu trabalho”. Eu tenho medo dos meus pensamentos, confesso!
Respiro fundo de novo. Mais uma tragada forte de ar contaminado e vejo uma menina de uns nove anos com uniforme escolar, fita no cabelo e máscara colorida saindo de uma rua sem asfalto com dezenas de casas construídas sem reboco. Essa invasão surgiu nos cinco anos que estive ausente de Porto Velho! Olho com curiosidade se alguém está na frente de alguma casa vigiando a criança nesse percurso, e não me surpreendo. Não há ninguém! Faço uma rápida oração de proteção para ela... Existem pais e responsáveis que brincam com a sorte, ou não realmente não se importam! Quando cruzamos os olhares, percebi seus olhos arregalados de medo, insegurança!
Foco: caminhada = mente relaxada! Corpo recebendo os primeiros benefícios da endorfina. Sinto! São três quilômetros de ida e três de volta, 40 minutos de atividade física movimento meu sistema circulatório, meu pulmão e coração saindo da zona de conforto!
6h30. Para evitar o fluxo dos carros que passam correndo, sem necessidade, por mim, subo em uma das poucas calçadas regulares do trajeto, o da transportadora. Quando finaliza a divisa do terreno dela pego a calçada de uma casa bem construída, pintada, com vidros temperados escuros, telhado de concreto claro, terreno todo no piso antiderrapante, dois carros da marca Audi e não consigo esconder um meio sorriso! Aquele da Monalisa, sim, meio irônico.
Minhas lembranças são precisas. Esse local foi invadido há uns 18 anos e tinha o espaço perfurado de uma piscina olímpica, uma construção rebocada com telha de barro destinado a banheiros do tal Clube dos Servidores Públicos do Estado de Rondônia. Lógico que esse espaço privilegiado foi tomado por invasores de terra. Todas as casas construídas na beira do asfalto do conjunto residencial Jamari são construções que denunciam que seus proprietários tinham condições de comprar os terrenos! Prejuízo para os servidores que contribuíram para uma obra que nunca foi concluída e uma área gigantesca transformada em mais um bairro sem saneamento básico! Desse lado, á agua da rua e banheiro é jogado no asfalto, do outro lado, existe o saneamento básico do conjunto. Essas dualidades do Norte!
Hora de reduzir a velocidade dos passos para o corpo ir recuperando o ritmo normal. Cheguei a minha casa, finalmente!
Eu tentei não prestar atenção ao meu redor, no entanto... Preciso mesmo da minha lista de músicas da Sia, do Queen, da Shakira, do Abba, da Nightwish para aproveitar ao máximo a endorfina liberada pelo corpo. Suei horrores. Mente tranquila? Mais ou menos, e vocês?!
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