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Viviane Paes

Contingenciando o óbvio, a falta de energia elétrica!


Viviane Vieira e Fernando Fonseca, gerente da Eletronorte, em 2000, em frente as comportas abertas da usina Samuel - Gente de Opinião
Viviane Vieira e Fernando Fonseca, gerente da Eletronorte, em 2000, em frente as comportas abertas da usina Samuel

Sê eu fosse atuante no setor elétrico, nesse momento, estaria repassando as dezenas de ações do plano de contingência da comunicação e marketing – aquele que faz parte de todo planejamento estratégico das empresas, instituições e autarquias para antecipar prováveis problemas que poderiam surgir...

A equipe de comunicação corporativa faria uma reunião com as lideranças, dos diretores aos gerentes, coordenadores a colaboradores, terceirizados e principalmente o dito “serviços essenciais” limpeza e cozinha que são os ouvidos de qualquer instituição para repassar informações que trouxessem calma para o momento que iremos enfrentar: falta de energia elétrica!

Quem é rondoniense nato, sabe do que estou falando. Estamos atentos aos sinais. Minha vizinha, a dona Maria Tereza, falou o que muitos pensamos: “tá parecendo a época dos testes das primeiras turbinas de Samuel” (a usina hidrelétrica Samuel), localizada entre Candeias do Jamari e...

Lembrei na hora da minha infância, recém chegada em Porto Velho, aos 10 anos, vivíamos sofrendo com calor intenso na maior parte do dia e a noite era uma loteria quando tinha energia elétrica. Durante o dia, acionavam a usina térmica Rio Madeira, no bairro Nacional.

Essa mesma usina alvo de um imbróglio entre o Brasil e a Bolívia. Ainda no governo de Dilma Rousseff à Bolívia, fruto de uma portaria que formalizou ações de cooperação energética entre o Brasil e o país vizinho, foi revertida na Justiça, em 2018, levando a Eletronorte a ressarcir os cofres da União em R$ 73,4 milhões. Com potência de 90 megawatts, ela passaria por uma reforma antes de ser doada e ter seu maquinário transportado ao território boliviano. Nesse momento, levantemos as mãos aos céus por não ter acontecido!

Não sou pessimista, realista dizia minha mãe!

Certamente, espero, não sou a única que percebeu e tem assistido nos noticiários que estamos enfrentando uma das piores secas do período amazônico. Ocorreu situação semelhante no ano passado, nos finais de setembro atingindo ao máximo em outubro, quando O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu pelo acionamento das térmicas Termonorte I e Termonorte II, para a garantia do suprimento de energia no Acre e em Rondônia. A decisão foi tomada em razão da escassez na bacia Amazônica. Mais detalhes no link https://epbr.com.br/governo-determina-acionamento-de-termicas-em-resposta-a-seca/

Diante do que ocorreu em 2023, os gestores das duas usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, amo esse nome lá do PAC ainda, onde realizaram investimentos imensuráveis em Rondônia para garantir a construção das usinas Jirau e Santo Antônio, deveriam ter previsto que 2024 seria com pli ca dís si mooooo, certo?! Sim! Previram, ainda em 2018, ouso dizer, pois o planejamento estratégico do setor elétrico é produzido com horizonte de seis anos, ao menos era assim quando trabalhei na Eletronorte/Eletrobrás.

O problema é que ninguém pode lutar contra a natureza, sejamos realistas como dizia, minha sábia mãe! Ok, somos culpados por ter construídos essas duas megas usinas no impenetrável Rio Madeira, os ambientalistas de “trocentas” ONGs nacionais e internacionais tinha razão, e os povos indígenas também!

Sendo bem pragmática, os meus colegas ambientalistas amam um ar condicionado nos escritórios provisórios e em seus apartamentos; utilizam notebook Waio, circulam de caminhonetes potentes e poluidoras porque elas garantem um pouco de conforto nas estradas íngremes e inacessíveis dessa nossa Amazônia, então, sei lá, sejamos menos hipócritas!

Era possível não construir essas duas usinas destruidoras?! Mais ou menos. Temos energia solar de sobra, né, como seu o custo dos painéis solares e sua manutenção fossem acessíveis para todos ribeirinhos, assalariados com o mínimo, empreendedores das feiras e peixarias; preciso ir além?!

Vamos reclamar, então

Eu, a portadora das más notícias, já lembro, ou conto para os mais de 539 mil habitantes da capital, não esqueci o interior, mas a usina Santo Antônio tem 6 turbinas para atender exclusivamente Porto Velho e a capital de Rio Branco, no vizinho estado do Acre. Estão turbinas terão que ser desligadas nos próximos dias ou horas... não tem água, não há geração de energia elétrica.

Lembram da UHE Samuel, da Eletronorte/Eletrobrás, jogada de escanteio (agora fui bem pessoal confesso) quando começaram as construções e depois as operações de Jirau e Santo Antônio?! Pois é, ela que será acionada, juntamente com as usinas térmicas da Termonorte para atender as duas capitais, como foi feito durante uns 12 anos. Sabem, nunca despreze um antigo amor, o mundo dá voltas, eu sou a prova disso. Casei com um ex-namorado, depois de 7 anos e estamos casados há 22 anos!

O interior receberá a energia elétrica gerada no sudeste, através do Linhão de Porto Velho a Araraquara (SP), responsável por interligar Rondônia ao SIN – Sistema Interligado Nacional! Energia vai quando eles precisam e vem como precisamos. Só vai dar ruim, sendo bem popular, sê falta água nos reservatório de lá! Sejamos otimistas!!

O que eu e você podemos fazer para evitar os temidos apagões e reduzir excessos no uso de energia elétrica. Deixar celular carregando a noite toda, aparelhos doméstico em “Stand by” devem ser tirados da tomada, sério, o mínimo de energia consumida por eles é muito nesse momento! Uso racional do ar condicionado, principalmente nos órgãos públicos, tá gestores do governo do Estado e Município! Passo frio quando tenho que ir nessas instituições, mesmo fazendo 38 graus fora...

Uso eficiente da máquina de lavar para as donas de casa e secretárias do lar, e o aproveitamento da água utilizada para lavar pátios e varandas e limpeza da casa ou apartamento. É um trabalho braçal, sem dúvida alguma, no entanto economiza água e consequentemente diminui a quantidade de bomba ligada nos poços secos!

Enfim, façamos nossa parte acreditando que os profissionais altamente qualificados e remunerados das usinas – a de Santo Antônio passa a ser Eletrobrás nos próximos dias, a de Jirau continua sendo de capital privado com acionistas do governo, estão fazendo a deles também!

Quem sou eu

E o que eu, uma jornalista sei só sobre isso?! Dois certificados – vai piada, com meu próprio nome, um curso de especialização “lato sensu”, em MBA Executivo de Gestão em Comunicação Corporativa pelo centenário Centro Universitário Fecap (primeiro em comunicação do País) e outro curso: “La gestión integrada de la Comunicación, de las grandes corporaciones a las pequeñas empresas”, pela Universidad La Complutense de Madrid. Somados a isso 20 anos de dedicação integral ao setor elétrico brasileiro, e 28 anos escrevendo sobre essa temática, aliada a experiência profissional na Eletronorte (UHE Samuel) por uma década, no Consórcio Santo Antônio Civil desde a primeira semana de obras da UHE Santo Antônio. Experiência na Usina Belo Monte, por alguns meses e dois anos atuando como consultora em comunicação com a comunidade no mesmo projeto.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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