Sexta-feira, 2 de agosto de 2024 - 11h08
Sê eu fosse atuante no setor elétrico, nesse momento,
estaria repassando as dezenas de ações do plano de contingência da comunicação
e marketing – aquele que faz parte de todo planejamento estratégico das
empresas, instituições e autarquias para antecipar prováveis problemas que
poderiam surgir...
A equipe de comunicação corporativa faria uma reunião com
as lideranças, dos diretores aos gerentes, coordenadores a colaboradores,
terceirizados e principalmente o dito “serviços essenciais” limpeza e cozinha
que são os ouvidos de qualquer instituição para repassar informações que
trouxessem calma para o momento que iremos enfrentar: falta de energia elétrica!
Quem é rondoniense nato, sabe do que estou falando. Estamos
atentos aos sinais. Minha vizinha, a dona Maria Tereza, falou o que muitos
pensamos: “tá parecendo a época dos testes das primeiras turbinas de Samuel” (a
usina hidrelétrica Samuel), localizada entre Candeias do Jamari e...
Lembrei na hora da minha infância, recém chegada em Porto
Velho, aos 10 anos, vivíamos sofrendo com calor intenso na maior parte do dia e
a noite era uma loteria quando tinha energia elétrica. Durante o dia, acionavam
a usina térmica Rio Madeira, no bairro Nacional.
Essa mesma usina alvo de um imbróglio entre o Brasil e a
Bolívia. Ainda no governo de Dilma Rousseff à
Bolívia, fruto de uma portaria que formalizou ações de cooperação energética
entre o Brasil e o país vizinho, foi revertida na Justiça, em 2018, levando a
Eletronorte a ressarcir os cofres da União em R$ 73,4 milhões. Com potência de
90 megawatts, ela passaria por uma reforma antes de ser doada e ter seu
maquinário transportado ao território boliviano. Nesse momento, levantemos as
mãos aos céus por não ter acontecido!
Não sou pessimista, realista dizia minha mãe!
Certamente, espero, não
sou a única que percebeu e tem assistido nos noticiários que estamos
enfrentando uma das piores secas do período amazônico. Ocorreu situação
semelhante no ano passado, nos finais de setembro atingindo ao máximo em
outubro, quando O Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu pelo acionamento das térmicas
Termonorte I e Termonorte II, para a garantia do suprimento de energia no Acre
e em Rondônia. A decisão foi tomada em razão da escassez na bacia Amazônica.
Mais detalhes no link https://epbr.com.br/governo-determina-acionamento-de-termicas-em-resposta-a-seca/
Diante do que ocorreu em
2023, os gestores das duas usinas do Complexo Hidrelétrico do Rio Madeira, amo
esse nome lá do PAC ainda, onde realizaram investimentos imensuráveis em
Rondônia para garantir a construção das usinas Jirau e Santo Antônio, deveriam
ter previsto que 2024 seria com pli ca dís si mooooo, certo?! Sim! Previram,
ainda em 2018, ouso dizer, pois o planejamento estratégico do setor elétrico é
produzido com horizonte de seis anos, ao menos era assim quando trabalhei na
Eletronorte/Eletrobrás.
O problema é que ninguém
pode lutar contra a natureza, sejamos realistas como dizia, minha sábia mãe! Ok,
somos culpados por ter construídos essas duas megas usinas no impenetrável Rio
Madeira, os ambientalistas de “trocentas” ONGs nacionais e internacionais tinha
razão, e os povos indígenas também!
Sendo bem pragmática, os
meus colegas ambientalistas amam um ar condicionado nos escritórios provisórios
e em seus apartamentos; utilizam notebook Waio, circulam de caminhonetes
potentes e poluidoras porque elas garantem um pouco de conforto nas estradas
íngremes e inacessíveis dessa nossa Amazônia, então, sei lá, sejamos menos
hipócritas!
Era possível não construir
essas duas usinas destruidoras?! Mais ou menos. Temos energia solar de sobra,
né, como seu o custo dos painéis solares e sua manutenção fossem acessíveis
para todos ribeirinhos, assalariados com o mínimo, empreendedores das feiras e
peixarias; preciso ir além?!
Vamos reclamar, então
Eu, a portadora das más
notícias, já lembro, ou conto para os mais de 539 mil habitantes da capital,
não esqueci o interior, mas a usina Santo Antônio tem 6 turbinas para atender
exclusivamente Porto Velho e a capital de Rio Branco, no vizinho estado do
Acre. Estão turbinas terão que ser desligadas nos próximos dias ou horas... não
tem água, não há geração de energia elétrica.
Lembram da UHE Samuel, da
Eletronorte/Eletrobrás, jogada de escanteio (agora fui bem pessoal confesso)
quando começaram as construções e depois as operações de Jirau e Santo
Antônio?! Pois é, ela que será acionada, juntamente com as usinas térmicas da
Termonorte para atender as duas capitais, como foi feito durante uns 12 anos.
Sabem, nunca despreze um antigo amor, o mundo dá voltas, eu sou a prova disso.
Casei com um ex-namorado, depois de 7 anos e estamos casados há 22 anos!
O interior receberá a
energia elétrica gerada no sudeste, através do Linhão de Porto Velho a
Araraquara (SP), responsável por interligar Rondônia ao SIN – Sistema Interligado
Nacional! Energia vai quando eles precisam e vem como precisamos. Só vai dar
ruim, sendo bem popular, sê falta água nos reservatório de lá! Sejamos otimistas!!
O que eu e você podemos
fazer para evitar os temidos apagões e reduzir excessos no uso de energia
elétrica. Deixar celular carregando a noite toda, aparelhos doméstico em “Stand
by” devem ser tirados da tomada, sério, o mínimo de energia consumida por eles
é muito nesse momento! Uso racional do ar condicionado, principalmente nos
órgãos públicos, tá gestores do governo do Estado e Município! Passo frio
quando tenho que ir nessas instituições, mesmo fazendo 38 graus fora...
Uso eficiente da máquina
de lavar para as donas de casa e secretárias do lar, e o aproveitamento da água
utilizada para lavar pátios e varandas e limpeza da casa ou apartamento. É um
trabalho braçal, sem dúvida alguma, no entanto economiza água e
consequentemente diminui a quantidade de bomba ligada nos poços secos!
Enfim, façamos nossa parte
acreditando que os profissionais altamente qualificados e remunerados das
usinas – a de Santo Antônio passa a ser Eletrobrás nos próximos dias, a de
Jirau continua sendo de capital privado com acionistas do governo, estão
fazendo a deles também!
Quem sou eu
E o que eu, uma jornalista sei só sobre isso?! Dois
certificados – vai piada, com meu próprio nome, um curso de especialização
“lato sensu”, em MBA Executivo de Gestão em Comunicação Corporativa pelo
centenário Centro Universitário Fecap (primeiro em comunicação do País) e outro
curso: “La gestión integrada de la
Comunicación, de las grandes corporaciones a las pequeñas empresas”, pela
Universidad La Complutense de Madrid. Somados a isso 20 anos de dedicação
integral ao setor elétrico brasileiro, e 28 anos escrevendo sobre essa
temática, aliada a experiência profissional na Eletronorte (UHE Samuel) por uma
década, no Consórcio Santo Antônio Civil desde a primeira semana de obras da
UHE Santo Antônio. Experiência na Usina Belo Monte, por alguns meses e dois
anos atuando como consultora em comunicação com a comunidade no mesmo projeto.
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