Sábado, 9 de junho de 2018 - 08h19
Segundo as estimativas da OMS – Organização Mundial da Saúde suicida-se uma pessoa a cada 40 segundos, totalizando 800 mil em 2015, e prevê-se que, a um prazo de seis anos, os números do suicídio no mundo ultrapassem um milhão por ano. Uma tendência alarmante, justificada por diferentes fatores. Para além das doenças mentais e da utilização abusiva de substâncias, as dificuldades econômicas estão cada vez mais ligadas às causas suicidarias. Com as economias devastadas pela crise dos últimos anos, as taxas de suicídios estão em forte crescimento junto de populações em extrema pobreza, onde adultos humilhados pelas dificuldades em se sustentarem ou sustentarem as famílias, optam por acabar com a vida. (www.who.int/eportuguese/countries/br)
No Brasil, ao menos 11 mil pessoas se matam por ano. O país está em 8° lugar em números absolutos. De 2011 para 2017, os óbitos pularam de 10.490 para 11.736, foram 32 por dia, na faixa etária de 15 a 29 ano, sendo a quarta maior causa de mortes por aqui. Nesse mesmo período ocorreram, anualmente, 15,2 suicídios em cada 100 mil indígenas! Você sabia disso? Em fevereiro desse ano, um pai indígena Carajás, foi destaque em uma matéria no jornal O Globo, por ter enterrado três filhos que optaram em por fim a vida. A última, a caçula de 21 anos estava grávida de quatro meses. As mortes ocorreram de 2012 a 2016.
Com certeza será a morte do chef e apresentador internacional, Anthony Bourdain que ganhará destaque nos próximos dias! Certo que seja sua morte a porta voz da depressão, essa doença que atinge todos: pobres e ricos, negros, brancos, indígenas; transexuais, homossexuais, bissexuais; crentes e ateus; homens, mulheres e crianças e até os animais!
A depressão está diretamente ligada ao suicídio. Não por acaso recebi de sexta-feira para cá, dezenas de mensagens e matérias abordando o tema. Claro, sou depressiva de carteirinha, com ida ao psiquiatra, muita psicoterapia e é claro antidepressivo – destaco que tudo tarja vermelha, nada preta que parece ser o certificado de loucura para muitos! Rolou certo preconceito?! Claro. Quem quer ser considerada (o) louca (o) com certificado!
Minha primeira crise depressiva ocorreu em um momento que eu estava muito bem obrigada! Casada e feliz, realizada profissionalmente, pós-graduada, tinha realizado um sonho antigo de viajar para estudar na Espanha, iniciado um MBA e aí... Comecei a acordar de madrugada preocupada em ir ao trabalho. Imaginava tanta coisa ruim acontecendo lá que me tirava o ar. Poderia acontecer algo lá? Sim. Um temporal poderia derrubar uma árvore em uma torre de energia e deixar os 52 municípios do estado de Rondônia sem energia elétrica e de carona o vizinho, Acre... Eu na função de coordenadora local da assessoria de comunicação ia ser sobrecarregada, mas nada disso era novidade. Rotina do dia a dia.
Quando chegava ao trabalho meu coração disparava e teve um dia que não aguentei liguei chorando para meu esposo me buscar. Achei que estava tendo um infarto. Fui para emergência de um hospital particular e um “clinico geral maluco” dá o diagnostico de crise de pânico, em menos de cinco minutos e me passa uma tarja preta. Tomei a droga legal dois dias, aí sim pirei o cabeção legal! Felizmente tenho uma tia profissional da saúde que me encaminhou a um psiquiatra.
Na sala do psiquiatra me senti um nada. Olhava para algumas pessoas que estavam lá e já me achava completamente ferrada! Incrível como somos preconceituosos apenas no olhar!
A primeira consulta foi um rio de lágrimas. Só depois de uns 10 minutos o pobre do Doutor, conseguiu me acalmar e dar os esclarecimentos necessários. Nossa, os 15 minutos seguintes foram os melhores da minha vida. Alguém, um desconhecido, estava me descrevendo em tempo real. Infância de filha única feliz, ok; mudança de Estado, Ok; agressão verbal no primeiro dia de aula numa escola pública, Nada normal; adolescência com paixonites não correspondidas, normal; mãe solteira em uma situação muito doida, anormal, mas você sobreviveu; trabalho duplo e universidade durante quatro anos, Ok, como resultado um DORT/LER pra vida toda; casamento com pai da primeira filha com o mundo contra, Ok; racismo dentro do local de trabalho, anormal, anormal; assedio sexual no trabalho com namorada do sujeito ainda ficando com raiva de você, anormal, solidariedade zero entre mulheres anormais; nascimento do segundo filho, com uma tristeza sem sentido, depressão pós-parto, normal; filha adolescente querendo ser emo, nemmatandodeixei; alienação parental dos filhos briga que não comprei... Enfim! Como o médico disse: uma hora iria explodir e foi o que aconteceu.
Eu, Viviane, 33 anos, nunca me droguei, nunca me prostitui, e estava atestada como depressiva. Daí para frente às coisas pioraram muito até ficarem estáveis. Dois anos após o diagnóstico, ainda em tratamento, meu chefe, pai e mentor em tudo falece de câncer; no ano seguinte minha mãe de doenças de Chagas; uma cessão de bens hereditários por “livre e espontânea pressão” acabou com o relacionamento +/- com meu pai biológico; mudança de emprego; desemprego pela primeira vez em 18 anos de carreira de uma maneira ilegal em que não podia recorrer à justiça trabalhista; crise política, econômicas no Brasil...
Agora imaginem euzinha, brasileira passando por tudo isso fiquei depressiva. Vai imaginando a proporção dos problemas ocultos ou não enfrentados por esse ser humano. Vamos esquecer o chef premiado, o apresentador e autor de inúmeros sucessos, é pra acabar com os pequis de Goiás, como nos os goianos costumamos dizer!
O maior problema da depressão para quem a tem e enfrentar o preconceito e a discriminação. Ela começa em casa e termina no trabalho. Em casa, recordo bem, nos primeiros meses de tratamento, era um tal de “nossa como você está hoje... Já tomou seus remedinhos”. Meu médico me aconselhou a não comentar no trabalho que estava fazendo o tratamento, por conta do estigma dessa doença mental. Eu ouvi? Claro, claro que não. Falei primeiro para meu chefe, ele teria garantido total sigilo, aí comentei uma amiga/colega e nem precisa dizer que no final do dia eu era a depressiva da empresa! Rolou em algumas reuniões a insensata gracinha: “Vamos com calma que a jornalista não tomou seu remédio hoje”...
Faz muitos anos que não tomo medicação nenhuma para depressão. Passei para fase de atividades físicas que trabalha a mente como yoga, a meditação Rosacruz que vivia abandonando, a aceitar minha religiosidade que vem de berço... O engraçado é que algumas pessoas com quem sou obrigada a conviver por convenções sociais, familiares e tal acreditam que faço uso diário como tomo água! Vamos deixar os felizes com a desgraça alheia feliz!
Tornei-me uma depressiva sem-vergonha, no sentido de não ter pudor do meu distúrbio mental, por ter meus sentimentos ao quadrado ao ponto de descontrolar todo meu corpo e principalmente minha mente. Sê já tive vontade de me matar?! Não, ao contrário tive vontade de cometer assassinato muitas vezes e o fiz mentalmente, porque afirmo não sou dessas depressivas que se abatem com a crítica alheia, ao contrário elas me fortalecem.
Quando os padres Marcelo e Fábio de Melo vieram a público falar do tratamento de depressão, alguns seres que de humanos pouco possuem, diziam “se até os emissários do senhor não conseguem controlar as emoções, quem dirá os outros!”.
Depressão envolve aceitação. Eu tive muita dificuldade em aceitar essa fraqueza em mim, não por ser vergonhosa. Pela minha criação vergonha é roubar, ser corrupto ou corruptor; praticar alienação parental; mentir e outras coisas que consideram normais hoje em dia!
Quando aceitei que não era uma rocha inabalável, ou melhor, uma concha que guarda deliciosas Vieiras, meu sobrenome materno, eu superei a depressão. Tive outras crises, mas como o psiquiatra afirmou, “isso não é depressão pra curar com remédio, é tristeza pela situação econômica, pelas relações doentias, por brigas que não precisam ser levadas adiante. Vá fazer exercícios físicos que a dopamina e serotoninas liberadas te deixaram melhor”!
Lamentável o suicídio de todos os Anthony Bourdain do mundo que nesse momento estão tirando suas vidas por não aguentarem a carga de viver... Eu os entendo perfeitamente! E acredito que em outra vida eles irão aprender a se aceitar como são, não como os outros querem que sejam... Duro, sistemático e real!
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