Domingo, 7 de março de 2021 - 09h05
“Tia tô com saudades de você me buscar e levar na escola”,
essa é a frase que Cláudia Alves, condutora de transporte escolar há mais de 15
anos, tem escutado nos meses de pandemia. O áudio infantil queixoso a faz
suspirar e relembrar com saudade a rotina intensa interrompida pela Covid-19.
Com a suspensão das aulas presenciais na rede particular e
pública de ensino de Rondônia, depois da declaração de calamidade pública, os
trabalhadores do transporte escolar tiveram que suspender as atividades e renegociar
os contratos de prestação de serviços com os clientes. Mais de cinco mil famílias
em 50, dos 52 municípios – que possuem prestação desse serviço foi prejudicada.
Para Cláudia a situação era triplamente crítica, o esposo e
o filho também estavam atuando no transporte escolar complementando a rota dela e realizando as deles, atendendo
estudantes de pré-vestibular e universitários.
Rotina
cronometrada
De segunda a sexta-feira, o dia da Cláudia iniciava às
cinco da manhã, quando fazia a primeira rota do bairro novo até as escolas da
zona norte da capital. 7h30 já estava em casa tomando café para em seguida
iniciar o almoço. 11h00 o alarme do celular tocava e saía para buscar a turma
de estudantes do período da tarde e deixava o grupo da manhã de volta ao bairro.
14h30 estava almoçando. Quando tinha tempo livre dormia até 17 horas, acordava
para buscar os estudantes da tarde e os levava para casa. Final da rota: 19h30,
sê não houvesse nenhum imprevisto, como alagamento das ruas por conta das
chuvas, acidente no trânsito, atraso de algum aluno... Tenho certeza que você
cansou só de ler essa rotina, né, imagina ela que deixava de conviver com a
mãe, os irmãos e os sobrinhos no período letivo por conta dos horários apertados.
O estresse do trânsito, a responsabilidade com a segurança
dos filhos alheios, dividida com as tarefas de casa e a maternidade – é mãe de
dois rapazes, de 20 e 25 anos - que iniciaram a vida profissional como monitores
da mãe, não tem comparação com a ansiedade dos primeiros meses da pandemia.
“Nunca imaginei isso em minha vida. De repente fiquei sem renda e não sabia o
que poderia fazer”, confidenciou a uma amiga. Cláudia é técnica em enfermagem,
mas não exerceu a profissão. Algo que a desanimou no início da pandemia, mas
não se sentia preparada para contribuir com um momento tão crítico da saúde
mundial.
Dona de uma personalidade agitada resolveu fazer crochê
para ocupar a mente e o corpo. O hobby aprendido com a mãe Maria Isabel, ainda
na adolescência passou a ocupar cada vez mais horas de seu dia. O passatempo se
tornou uma alternativa digna de renda. A motorista dedicada que aprendeu a
dirigir na infância com o pai, que acalmava ao volante se descobriu uma artesã
apaixonada!
Semanalmente entrega jogos americanos, de banheiro, de
cozinha, tapetes de barbantes, e até bolsas para dezenas de clientes
conquistados nos últimos meses e também os antigos do transporte escolar. É uma
relação de muitos anos. Tem estudantes que começaram com ela na pré-escola e
hoje já estão no ensino secundário.
Ela tem prazer em compartilhar em suas redes sociais suas
conquistas, principalmente os aprovados nas faculdades em Rondônia e em outros
Estados. “Eu pretensiosamente sinto que contribui com essa conquista. É como se
todos fossem meus filhos ou sobrinhos que levei a escola diariamente”, comenta orgulhosa.
Cláudia é uma dessas mulheres que engana você pela
aparência delicada e feminina, mas é na verdade forte e até um pouquinho
“bruta”, entregam amigos e parentes. Ela
é uma verdadeira faz-tudo. A Van do transporte escolar dá um problema e ela já
imagina o que pode ser, coisas de irmã de mecânico. A máquina de lavar parou de
funcionar, revira e mexe até encontrar o defeito. Vê uma receita na televisão e
vai fazer, dificilmente dá errado.
Mesmo sendo extrovertida, Cláudia tem um paraíso particular
para fugir do movimento da cidade. Um sítio, com um riacho, onde consegue
colocar os pés na água e relaxar sem preocupação com o horário, ou qualquer
problema que a vida traz. Nesse local que compartilha com a família e os muitos
amigos, desfruta de paz!
Vivenciando
a Covid-19
Ainda no primeiro semestre de 2020, Cláudia foi contaminada
pelo coronavírus. Nem imagina aonde ocorreu por não ter deixado o hábito de
auxiliar parentes, amigos e conhecidos que precisam de transporte urgente. Não
lamenta. Teve sintomas leves ficou em quarentena em um quarto de sua casa, onde
recebeu todo tratamento indicado pelo SUS e o carinho do marido e dos filhos,
que não foram expostos a doença.
Na última semana viu novamente a Covid-19 entrar em sua vida
de forma assustadora. A sogra e um casal de cunhados foram diagnosticados e
precisaram de internação por apresentar sintomas graves da doença. Cláudia tem
apoiado esses parentes da melhor maneira possível e realizado orações para o
retorno breve deles para casa.
As mulheres multitarefas que conseguem esconder uma
guerreira por trás de um sorriso delicado igual ao da Cláudia, à equipe do
Gente de Opinião deseja Feliz Dia Internacional da Mulher com esperança de dias
melhores para todos nós, no pós-pandemia! Usem máscaras e cumpram o isolamento
social.
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