Segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025 - 08h20
A política não é um fim em si mesmo. Trata-se de um sistema -
meio para administrar as necessidades do povo. Sendo assim, é uma missão, não
uma profissão. Aristóteles ensina que o cidadão deve servir à Polis, visando ao
bem comum. Ao se afastar desta meta, dá lugar à corrupção. Que acontece quando
“quem governa se desvia do objetivo de atingir o bem comum e passa a governar
de acordo com os seus interesses”, dizia o filósofo grego.
Esse trecho de um livro que li ainda na universidade me veio
à mente quando fui espectadora dia desses de uma conversa entre duas senhoras,
na esteira da academia, que discutiam a atuação de um determinado vereador de
Porto Velho, capital de Rondônia, não Roraima, só para reforçar!
Sistemática que sou pensei em como, nós brasileiros, gostamos
de cultivar uma relação no mínimo interessante com nossos estimados políticos ou
políticos de estimação. Quem é que nunca usou a frase: “eu sou muito amiga do
político X, gente boa demais não vai nos decepcionar, pode votar nele que estou
garantindo: ele será diferente desses que estão por aí”, ou a máxima que
deveria ser a mínima de verdade: “vamos reeleger sicrano porque ele não fez
muito, mas ao menos não roubou demais”...
Eu sou Viviane Vieira, a Vivica do Vivicast Sistematizando à
vida e tentarei desvendar esse relacionamento meio tóxico que o eleitor brasileiro
tem com o político...
Mas, o
que é mesmo a tal política?
A política surgiu na Grécia, aproximadamente no século VI
a.c. Nesse período, o homem grego começou a passagem da consciência mítica para
a atitude filosófica. Como a política surgiu nessa fase, ela não era como
é hoje, pois dizia respeito exclusivamente à organização das pólis. Estas eram
cidades-estados, que se autogeriam e que foram pioneiras na democracia.
Os filósofos gregos compreendiam a política como o ápice da
realidade humana, como vida boa e virtuosa, a principal característica do homem
livre. Acima da vida política está apenas a vida contemplativa, vivida pelos sábios,
mas para os demais, o governo da cidade é o que há de melhor. Dentre os
principais filósofos deste período está Aristóteles, a política foi uma de suas principais áreas de
estudo. Inclusive, muitas de suas ideias sobre o tema podem ser encontradas no
livro “A Política”, que fala sobre formas de governo, questões sobre justiça,
formação e o funcionamento do Estado.
Para Aristóteles, a política deve atingir os
objetivos que sejam bons para os interesses dos cidadãos e do Estado. Ele
considera como centro do estudo sobre política a coletividade e o interesse de
todos. Aristóteles também criou a classificação das formas de governo em
República, Monarquia e Aristocracia. A República seria o governo para todos os
cidadãos, a Aristocracia para poucos e a Monarquia era o governo único, de um
rei.
Uma estrutura que perdura até os tempos
atuais, com exceção da Ditadura: que normalmente
se dá via um golpe de estado. Nesse sentido, pode-se, também, entender ditadura
como um regime onde o governante aglutina os poderes executivo, legislativo e
judiciário. Uma ditadura se caracteriza ainda por ter censura, falta de
eleições transparentes, de liberdade partidária e um intenso controle do Estado
na vida dos cidadãos.
O termo ditadura
vem do latim e foi utilizado pela primeira vez na República Romana.
No entanto, esta ditadura é diferente do conceito moderno.
Naquela época, o ditador tinha poderes plenos por um limitado período de tempo
e este lhe era cedido pelo Senado. A ditadura moderna é um fenômeno do século
XIX e XX. Normalmente, os ditadores são representantes de uma das Forças
Armadas ou conseguem o poder pela força. Desta maneira, não existe ditadura que
tenha sobrevivido sem o apoio das armas e da violência.
Atualmente, 49
países no mundo vivem em regime ditatorial – segundo levantamento da Freedom
House, ONG americana que monitora anualmente as democracias ao redor do mundo. Também
chamadas de “autocracias”, essas nações não permitem voto popular periódico
para escolher os governantes e tampouco liberdade de expressão. Em algumas
delas, os governos afirmam que são democráticos e até organizam eleições. No
entanto, os candidatos da oposição são sempre ameaçados e acabam desistindo ou
morrendo “misteriosamente” pouco antes do pleito. Ou então os resultados são para
lá de duvidosos.
Política brasileira
Desde 1822, o
Estado Brasileiro formou-se como uma nação independente de Portugal. A partir
de então, algumas formas de governo assumiram o poder, deixando diferenças
elementares entre vários períodos. A partir da independência, Dom Pedro I
tornou-se imperador do Brasil e, em 1824, foi consolidada a primeira
Constituição brasileira. Nesse período, o Brasil era uma monarquia e, a partir
de 1824, passou a contar com uma Constituição e com um Parlamento, tornando-se uma
monarquia parlamentar. A existência ou não de um Parlamento diz respeito ao
sistema político, e não a uma forma de governo.
Em 1889, um golpe republicano foi organizado
por militares, destituindo do poder o imperador Dom Pedro II, o que tornou o
Brasil uma república presidencialista. Desde então, nunca deixamos de ser uma
república presidencialista com a atuação efetiva dos três poderes: Executivo,
Legislativo e Judiciário.
Na atualidade, o Brasil tem uma população de mais de 209
milhões de habitantes e um Congresso Nacional com 594 parlamentares (513
deputados e 81 senadores). Da América Latina, é a nação mais populosa e o
terceiro país com mais deputados federais, atrás apenas do México (628) e de
Cuba (605). Mas, quando comparado a alguns dos principais países da Europa,
nosso país não assusta em número de parlamentares. Na França, existem
atualmente 924 deputados e senadores para representar 67 milhões de habitantes.
Entretanto, quando se fala de gastos em 2018, o Brasil tinha o segundo
Congresso Nacional mais caro mundo segundo dados da União Interparlamentar,
organização internacional que estuda os legislativos de diferentes países.
No primeiro lugar: os Estados Unidos, acreditem! Cada um dos
deputados brasileiros e dos 81 senadores custa mais de US$ 7 milhões por ano –
seis vezes mais que um parlamentar francês, por exemplo.
E quando se trata de privilégios
políticos, nossos estimados representantes estão em primeiro lugar em muitos
lugares do mundo. Na política brasileira, os privilégios políticos são um conjunto de privilégios e
direitos garantidos por lei concedidos a parlamentares em atividade e também
aposentados. Benefícios como planos de saúde são estendidos também aos parentes
dos eleitos pelo povo, como esposa, filhos, enteados permanecendo na
aposentadoria que é muito diferente - vamos dizer sem vitímismo - dos pobres
eleitores que o elegem!
Os parlamentares brasileiros
estão entre os mais bem remunerados do mundo. O custo de cada deputado ou
senador ultrapassa 24 milhões de reais por ano. Além do salário, eles
contam com mais de 100 mil reais por mês para contratar até 25 secretários. A
prestação de contas destes gastos é outra regalia inexplicável e fonte de
muitos desvios que geralmente não são julgados pela justiça, e nem divulgados
com regularidade na imprensa!
Quando aparece a divulgação de
despesas de algum gabinete de político, geralmente é no período eleitoral por
algum candidato a vaga ou aquelas informações bombásticas de algum instituto de
pesquisa! Normalmente, ou não, a vida segue e o processo se repete com novos
eleitos, ou reeleitos!
“Verea”:
vereda, caminho ou Vereador
Segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral, o TSE, o vocábulo vereador vem da palavra
“verea”, que significa vereda, caminho. O vereador, portanto, seria o que
vereia, trilha, ou orienta os caminhos. Existe no idioma brasileiro o verbo
verear, que é o ato de exercer o cargo e as funções de vereador. Resumindo, o
vereador é a ligação entre o governo e o povo. Ele tem o poder de ouvir o que
os eleitores querem, propor e aprovar esses pedidos na câmara municipal e
fiscalizar se o prefeito e seus secretários estão colocando essas demandas em
prática. Por isso, é importante que o eleitor acompanhe a atuação do vereador
para verificar se o trabalho está sendo bem desenvolvido.
Diferente do
que eu ouvi, conforme relato na abertura deste episódio, as duas senhoras
estavam um pouco equivocadas da atuação dos políticos estimados ou de estimação
de cada uma! Aquela famosa jogada de cascalho em rua esburacada, sem saneamento
básico comum em nossa capital, o recapeamento de asfalto, a limpeza de bueiros
no período do inverno, e até mesmo a fiscalização intempestiva em uma UPA ou
UBS, registrada em celular com ares de ação policial – ajudou a eleger lá no
Rio de Janeiro, o ex-policial militar Gabriel Monteiro como vereador, que não
durou nem o primeiro mandato. Ele foi preso por violência sexual contra menor,
filmagens não autorizadas em hospitais públicos e fraude em gravações que
postava em suas redes sociais... Claro que esse exemplo é o extremo da atuação
comum de alguns políticos eleitos na atualidade, não pela moral ou conduta
profissional em determinada área profissional, sim pela tal influência
conquistada no algoritmo!
Ao vereador
cabe elaborar as leis municipais e fiscalizar a atuação do Executivo – no caso,
o prefeito. São os vereadores que propõem, discutem e aprovam as leis a serem
aplicadas no município. Entre essas leis, está a Lei Orçamentária Anual, que
define em que deverão ser aplicados os recursos provenientes dos impostos pagos
pelos cidadãos. Também é dever do vereador acompanhar as ações do Executivo,
verificando se estão sendo cumpridas as metas de governo e se estão sendo
atendidas as normas legais.
Outra
problemática na política brasileira, só posso falar dela, não dá para comparar
com a norte americana, apesar de ter lido bastante autobiografias de lá, temos
um hábito estranho de endeusar e demonizar nossas autoridades eleitas pelo voto
direto e obrigatório, vale lembrar! No período em que atuei como repórter em
coberturas de eventos no governo do municipal ao federal, presenciei o mesmo
comportamento de colegas de profissão e o público. O cobrador de transporte
coletivo – quando ainda havia essa profissão, foi eleito vereador e depois de
empossado, os colegas de profissão e o eleitor começa a trata-lo com uma
reverência quase servil.
Respeito é uma
coisa, pela autoridade constituída e relevância do que deve fazer, no entanto,
ele é um servidor público temporário eleito, não concursado, para cumprir um
projeto em quatro anos, não um ser supremo indicado por alguma divindade para
não entrar no aspecto religioso, tendo em vista a quantidade de eleitos todos
os pleitos por essa ou aquela religião...
Enfim,
sistematizei ou polemizei a relação do eleitor com o seu estimado político ou
político de estimação?! Curta, não-curta, opine com educação sem agressão,
compartilhe em suas redes sociais e principalmente reflita com sinceridade como
é sua relação com nossos políticos estimados de estimação, ou não! Eu, sou
Viviane Vieira, as vezes chamada de Vivi de Calcutá, e também a Vivica do
Vivica Cast – Sistematizando à Vida! E, esse foi o tema da primeira semana de
fevereiro de 2025. Até o próximo!
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